sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

Devagar com o andor

Nesta semana o assunto que dominou a maioria das discussões sobre o esporte bretão foi a possibilidade de a CBF reconhecer os títulos anteriores a 1971 como sendo campeonatos brasileiros. Gente muito boa defende a tese de que deva-se fazê-lo.

De minha parte, julgo ser prudente, antes de defender ou atacar a “unificação”, que se entenda o que foi cada campeonato, para que não se coloque tudo na mesma prateleira.

Haviam dois campeonatos distintos: a Taça Brasil e o Torneio Rio-São Paulo. Do primeiro, participavam os campeões estaduais; do segundo, obviamente, clubes dos estados que davam-lhe o nome. Até pela qualidade das equipes que disputavam, o Rio-São Paulo era o mais importante, entretanto, sem a abrangência que um campeonato nacional deva ter.

Em 1967 foi criado o Roberto Gomes Pedrosa, que era o Rio-São Paulo reforçado com times do Rio Grande do Sul, Minas Gerais e Bahia (posteriormente Paraná e Pernambuco tiveram representantes incluídos). Este foi o embrião do Campeonato Brasileiro.
Sendo assim, por que diabos devemos considerar que Taça Brasil e o Robertão são campeonatos iguais? Ora, não são! O próprio Rio-São Paulo tem mais a ver com o Brasileirão do que a Taça Brasil. No entanto, como não tinha a abrangência nacional, não pode – nem deve – ser considerado como tal. Tratá-los como iguais é, portanto, desvirtuar a história do próprio futebol brasileiro.

terça-feira, 30 de novembro de 2010

E quanto é que eu levo nisso?

O Campeonato Brasileiro está uma vergonha. Não bastasse o paupérrimo nível técnico, agora o apagão é moral. Entrega-se o jogo com uma facilidade absurda, sem o menor pudor. Pudor, aliás, nem no discurso tem tido lugar. Resquícios do final do campeonato do ano passado, quando Grêmio e Corinthians macularam suas histórias para prejudicar rivais que buscavam o título, o que explica, mas não justifica, a falta de decoro. O que se faz hoje é o revide, o nivelamento por baixo, bem por baixo.

Os torcedores de Palmeiras e São Paulo riem feito hienas. Curiosamente, são os mesmos que esbravejaram no ano passado, quando foram as vítimas do pseudo-goleiro Felipe e seus colegas da falta de decoro corintiana. São os mesmos que elegem políticos corruptos, fazendo com que tenhamos que clamar por uma lei para evitar o voto em quem tem o passado espúrio. São os mesmos que reclamam da arbitragem quando um pênalti claro é marcado contra si, mas adoram ver os homens do apito os favorecendo.

O excelente Moacyr Franco, que deve estar envergonhado pelo que o seu Palestra se prestou a fazer, criou o personagem Mendigo, que andava com um jornal amassado sob o braço e repetia o bordão "e quanto é que eu levo nisso?" quando reclamava da vida. Nos dias que correm, a resposta para o bordão é o que tem determinado a distância entre o esfregar das mãos e a indignação.

O problema, pois, é cultural, é de berço, de (falta de) retidão de caráter. O cidadão que, ao se vestir de torcedor, aceita qualquer calhordice que favoreça seu time, despe-se da moral. Mas ao contrário do Mendigo de Moacyr Franco, sua mendicância é vil, é desprezível. Ele mendiga por favores, por benesses, mesmo que seja à margem da lei e em todos os níveis, desde o cafezinho para o guarda à propina do fiscal.

Para não mudar só o cachorro

Muito tenho ouvido falar sobre a ocupação de parte dos morros da capital do Rio de Janeiro pelo exército. Opiniões muito mais abalizadas que a minha, obviamente, pois são de especialistas em Segurança Pública. Meu conhecimento é empírico, como é o da maioria das pessoas. O que não quer dizer que eu não possa ter uma opinião formada e, até que provem o contrário, o que eu penso está certo.

O Estado se ausentou e fez vistas grossas ao crescimento do narcotráfico, que ocupou a lacuna e se estabeleceu. O que estão fazendo no Rio de Janeiro é combater o efeito, quando deveriam também enfrentar a causa. As UPPs exercerão o papel de mantenedoras da seguração local até que a PM prepare contingente para o trabalho. Embora necessária, a medida, se isolada, é apenas paliativa.

Deve-se, como eu disse, combater a causa. Em diversos setores. Não adianta endurecer as penas se há brechas na legislação que garantem seu relaxamento. O sistema prisional está saturado e é obsoleto, servindo como centro de formação da bandidagem. Eis um conjunto de fatores que, aliado à corrupção e à impunidade, favorecem o aumento da criminalidade.

Quanto ao Estado, cabe a ele cumprir sua atribuição mais básica: ser Estado. Deve prover condições para que a população tenha acesso à saúde, moradia digna, educação, emprego e segurança. Uma vez que faltou, o crime fez as vezes e se sedimentou. Esta é, se não a principal, uma das causas para se chegar ao estágio atual. O que se deflagrou com a tomada do morro é um caminho sem volta. Não haverá como justificar um eventual fracasso.

Se não for assim (só para não usar o termo mais chulo), irão ter mudado só o cachorro, pois a coleira continuará a mesma.

Paixão dividida

por Tiago Albino*

No jogo de domingo, na Arena Barueri, o Palmeiras enfrentou o líder do campeonato apenas para cumprir tabela, mas o que chamou a atenção foi a atitude da torcida palmeirense em relação ao próprio time e o adversário.

Em da torcida alviverde apoiar o time da casa, ela incentivou a perda da partida para não favorecer um time rival, o Corinthians, que está a um ponto do líder e que jogava no mesmo horário, contra o Vasco, no Pacaembu.

Bom, tá certo que rivais são rivais, mas cadê a ética? O engraçado de se pensar é que as pessoas gastam dinheiro para ir ao estádio, algumas se deslocam de longe e, em vez de apoiarem o time, pedem para que os jogadores entreguem o jogo. É melhor ficar em casa.

No momento em que o atacante do Palmeiras, Dinei, marcou o gol da equipe paulista, só faltou os torcedores palmeirenses invadirem o campo para bater no sujeito. Detalhe: foi um golaço. Agora, quando o Tricolor fez o gol de empate e consequentemente virou para 2 a 1, foi uma festa no estádio inteiro, principalmente por parte da torcida do Palmeiras. Parecia o título da Copa Sul-Americana que a equipe paulista deixou de ganhar, quando perdeu de virada para o Goiás, pelo segundo jogo da semi-final, em pleno Pacaembu. Mas isso foi outra história, vergonhosa, por sinal.

O ponteiro do certame só não goleou o Palmeiras devido às defesas do goleiro Deola, que encarnou o São Marcos e evitou outro vexame. A indignação foi ver os palmeirenses xingando o goleiro a cada defesa importante que fazia, chegando até a jogar copos d’água na pequena área.

Portanto, deixo aqui os meus parabéns para o goleiro verde, que mostrou, acima de tudo, a grandeza que tem o Palmeiras e, para si mesmo, ter ética.

No final das contas, o tradicional time do Rio ganhou e está a uma vitória do título e ambas as torcidas fizerem a festa. Já o Corinthians ganhou por 2x0, mas depende de um tropeço do clube das Laranjeiras, na última rodada, além de vencer o seu jogo, para ser campeão.

*Thiago Albino, 19, é estudante de Jornalismo.

sexta-feira, 29 de outubro de 2010

Educação

*Por Thiago Albino

Pela segunda vez o técnico do Palmeiras, Luis Felipe Scolari, agrediu verbalmente os repórteres enquanto concedia entrevista coletiva após o jogo, entre Atlético-MG x Palmeiras, pelas quartas de finais da Copa Sul-Americana. Desta vez, o técnico da equipe paulista xingou todos os repórteres ali presentes de palhaços.

Um detalhe que chamou atenção foi o xingamento direto para um dos jornalistas, como se houvesse uma desavença particular por parte do senhor Luis Felipe Scolari para com o repórter.

Vale lembrar que a primeira agressão foi em cima de um jornalista após ter perguntado sobre a lesão do chileno Valdívia, que saiu sentido a coxa ainda na partida entre Corinthians x Palmeiras, em que o Timão ganhou por 1x0.

Espera ai, né, Felipão? Educação se aprende desde cedo. Tudo bem que, nitidamente, o jogo foi a favor do Atlético-MG, com erros grotescos da arbitragem, mas descontar a raiva no profissional que está ali exercendo sua função já é demais.

É claro que, muitas vezes, o jornalista distorce o tema em questão, mas é a função dele, o objetivo é levar informação ao público. Além de que, não houve agressão alguma na pergunta, que foi em relação aos lances polêmicos da partida.

No final das contas, o jogo terminou 1 a 1. No jogo de volta, a equipe palestrina pode empatar por 0x0 que ainda avançará à semi-final da Copa Sul-Americana.

*Thiago Albino, 19 anos, estudante de jornalismo.

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Vascão afunda Timão

Por Thiago Albino*

Eis a pergunta: O que está acontecendo com o Coringão? O Corinthians teve tudo para diminuir a vantagem em relação ao líder Cruzeiro, mas acabou sofrendo sua quarta derrota nos últimos seis jogos no Brasileirão.

O time paulista foi até São Januario enfrentar o Vasco da Gama, e tomou 2x0 ainda no primeiro tempo, com um gol de Zé Roberto (impedido), e outro de Éder Luis. A partida foi válida para repor uma rodada do primeiro turno, já que ambos tinham um jogo a menos.

Em campo, a equipe corintiana mal conseguia chegar ao gol adversário, e quando chegava, finalizava errado, mostrando a falta de qualidade no ataque. É claro que, com as contusões dos principais atacantes do Corinthians, o time caiu de rendimento, mas ninguém esperava chegar a tanto. O time está com um ataque fraco, sem potência.

Com seis jogos sem vencer, sem técnico, o que será do Corinthians? O que vinha sendo um campeonato tranquilo, se tornou um pesadelo. O torcedor, claro, está abismado: como o time caiu tanto de rendimento desse jeito? Talvez uma pergunta que nem mesmo os jogadores saibam responder.

Thiago Albino, 19 anos, estudante de jornalismo

sexta-feira, 8 de outubro de 2010

Centernada

* por Thiago Albino


Na minha última postagem sobre o Corinthians comentei sobre o que poderia acontecer com o time paulista caso ele desperdiçasse chances concretas de assumir a liderança do Brasileirão, novamente, e de ser campeão brasileiro.

Bom, tudo está caminhando para a não conquista do título, e se bobear nem com a classificação para a Taça Libertadores do ano que vem. Dessa vez, o time alvinegro perdeu de virada para o Atlético-MG, fora de casa, pelo placar de 2 a 1. Para piorar ainda mais a situação, aos 5 minutos do primeiro tempo, o atacante Dentinho, que voltava de contusão após longos meses afastado, se contundiu novamente, deixando o elenco corintiano com mais um atacante machucado. Fora Dentinho, Jorge Henrique e Ronaldo também estão no departamento médico.

O Corinthians continua com aquela mesma crise de conseguir jogar bem no primeiro tempo, mas no segundo tempo parece acontecer um apagão entre os jogadores. Cabe ao técnico Adilson Batista arrumar isso, não?

Nas últimas três rodadas, de nove pontos disputados, apenas dois pontos foram ganhos pelo clube paulista e, o pior, jogando dois jogos em casa. Está na hora de os jogadores abrirem os olhos, caso contrário, o centenário do Timão vai passar em branco.

*Thiago Albino, 19 anos, é estudante de jornalismo.

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

A fantástica fábrica de crises*

E o Palmeiras segue mostrando sua incrível capacidade de criar as próprias crises. Não importa o que aconteça, o time verde estará, pelo menos, à beira de uma.

Como se fosse um carma, o time do Parque Antártica, desde que foi rebaixado em 2002, nunca mais foi o mesmo, nunca mais teve um período duradouro de paz. Volta e meia a crise aparece e isso reflete no time, no gramado em que a luta o aguarda. Os bastidores verdes são uma guerra. O fantasma Mustafá Contursi ainda arrasta suas correntes pelos corredores do Palestra Itália, numa espécie de maldição.

Quando Mustafá saiu, conseguiu fazer seu sucessor, Afonso Della Mônica, que, tão logo assumiu, rompeu com o antecessor. Com ele, o homem forte do futebol era Salvador Hugo Palaia, que ficou mais famoso pelos pitos passados em público no então treinador Tite e pela célebre e folclórica auto-entrevista do que pelos feitos do seu departamento.

A escassez de títulos aliada à interferência do grupo do antecessor fez com que o presidente Della Mônica saísse sem deixar saudades. Como tudo é esquisito no Jardim Suspenso do Parque Antártica, Della Mônica também conseguiu eleger seu sucessor. Palaia, que não ficou, saiu atirando. Assumiu o Professor Luiz Gonzaga Belluzzo, homem de capacidade extraordinária e tido como grande conciliador. Economista respeitado em setores dos mais inóspitos, como política e economia, Belluzzo costurou o acordo que trouxe a Parmalat, lá no início da década de 1990. O sucesso da parceira todos conhecem.

Ninguém, portanto, em sã consciência, duvidaria da sua capacidade para segurar o rojão verde. No entanto o futebol, como senhor caprichoso que é, tem suas peculiaridades e é capaz de transformar gestores competentes em grandes decepções. No ano passado, após a derrota para o Tricolor carioca, no Maracanã, Belluzzo disse que se encontrasse o árbitro do jogo, Carlos Eugênio Simon, daria uma porrada nele. E dá-lhe suspensão - e crise, é claro. Em campo, jogadores trocavam sopapos e um título quase certo se transformou em perda até da vaga para a Libertadores.
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Agora o presidente teve que ser internado às pressas para uma cirurgia cardíaca. Como o destino é mais caprichoso do que o futebol, a presidência caiu no colo justamente de Palaia, que já foi dissolvendo todo o Departamento de Futebol, num claríssimo gesto de vingança, como quem usa o clube para desopilar o fígado.

De algumas semanas para cá mais se tem falado em problemas como atraso de direito de imagens do que do próprio time de futebol. Felipão, que voltou sebastianamente para o clube, não consegue emplacar uma sequência de bons resultados e ainda tem que aplacar a insatisfação de alguns jogadores, como Valdívia, que fez beicinho ao ser substituído a cinco minutos do final do clássico contra o Santos. Scolari, que não é de adular ninguém, avisou que quem manda é ele. Como em-casa-que-falta-o-pão-todo-mundo-grita-e-ninguém-tem-razão, a fantástica fábrica de crises do alviverde segue a todo vapor. E Willy Wonka para tocar é o que não falta.

*agradecimento ao jornalista Fábio Lucas Neves, da TV Bandeirantes

sábado, 2 de outubro de 2010

Sobre a presunção

O São Paulo sempre foi tido como um exemplo de administração. O clube sempre se gabou de não precisar de parceiros para tocar o futebol, pois essa história de co-gestão não funciona no Morumbi. É consenso, inclusive em boa parte da imprensa, que o Tricolor é o clube brasileiro que melhor se adequou ao monstrengo chamado de Lei Pelé. Afinal, ninguém ganhou mais dinheiro transacionando jogadores do que o São Paulo (mesmo que, para isso, tenha o pessimo hábito de aliciar garotos da base de outros clubes). Enquanto os outros, pobres co-irmãos, têm em seus quadros os conselheiros, o presunçoso representante da nobreza paulistana também os tem, mas sob a pomposa alcunha de cardeais.
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Os são-paulinos são diferentes em tudo. Desdenham das fases iniciais dos campeonatos porque, para eles, o filé-mignón, a decisão, é o que interessa. É aí que batem no peito e lotam o Morumbi, "o maior estádio particular do mundo", segundo eles. Outro "diferencial" tricolor é a apresentação dos uniformes: times comuns as fazem ou na própria sede social ou em alguma grande loja de artigos esportivos. O São Paulo não! Seus concorridos eventos são realizados na Oscar Freire. É mais fashion, né?
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Essa conversa de que o São Paulo Futebol Clube está um passo além da concorrência até que era, de certa forma, verdade. Desde que a fórmula de disputa do Brasileirão mudou para os pontos corridos, quem melhor se houve foi o Tricolor. Este tipo de campeonato premia o time que for mais regular durante a disputa e, para tal, é necessário que haja planejamento, e o planejamento deve andar de mãos dadas com uma estrutura bem sólida, coisa que ele, o São Paulo, tem. Outro consenso é que o clube contrata com competência ímpar graças à excelente comissão técnica, que, aliás, é fixa. Um luxo no oásis de desorganização chamado futebol brasileiro.
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A grandeza de um clube é forjada através dos tempos. Como no Brasil o campeonato nacional é recente, se comparado a outros países, muito da história dos grandes clubes foi feita com os campeonatos estaduais. Com o advento do Campeonato Brasileiro, entretanto, já não bastava ser o melhor da sua rua. Tem que ser o melhor do bairro. Depois que competições internacionais como a Libertadores e o Mundial ganharam a projeção que têm, ser o melhor do país já não era tão importante assim. Agora deve-se ganhar o mundo. Outra coisa que não seja isso parece não ter importância.
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Eis o maior problema do São Paulo Futebol Clube. Depois que conquistaram a América - e o mundo -, os outros campeonatos passaram a valer menos do que nada. Em quase quarenta anos de disputa do Campeonato Brasileiro, o São Paulo é o único time a vencê-lo por três anos seguidos, sempre sob o comando de Muricy Ramalho. Como o treinador cometeu o pecado de não ganhar a Libertadores, foi enxotado do Morumbi. Não por coincidência, ninguém mais conseguiu emplacar um bom trabalho no clube.
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Há pouco tempo atrás, Rogério, o goleiro-craque-capitão-bandeira (sem ironia), disse que não conseguia imaginar o São Paulo fora da maior competição sulamericana. Um bom tempo depois foi a vez do boquirroto Carlos Augusto Barros e Silva dizer que a Copa do Brasil não está à altura do clube. Juvenal Juvêncio, o presidente, não é dos mais humildes. Eis que o São Paulo perdeu a mão não só nas contratações, mas no planejamento. Sob a ilusão de ser o sonho de todo jogador, sujeitou-se a virar reformatório de jogadores problemáticos, como Carlos Alberto e, principalmente, Adriano.
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Pelo visto, depois de seis anos consecutivos disputando a Libertadores, o time do Jardim Leonor terá que se contentar em juntar-se aos pobres e jogar a Copa do Brasil. Para tanto, terá que voltar a ser humilde, como nos tempos em que era treinado por um homem que, ao contrário dos que estão no comando do clube, sabia detectar limitações. Afinal de contas, não é só no dicionário que a arrogância aparece antes do fracasso.

Desse jeito só Libertadores

*por Thiago Albino

O Corinthians enfrentou na noite de quarta-feira, 28, a equipe do Botafogo, pela 26ª rodada do Brasileirão, no Estádio do Pacaembu. O jogo terminou empatado por 1 a 1, com gols de Bruno César, para o Corinthians, e Sebastian "El Loco" Abreu, para a equipe carioca. Com esse resultado o Corinthians fica a três pontos - e um jogo a menos - do líder, o tricolor carioca, que venceu o Avai fora de casa por 1 a 0, com o gol salvador de Dario Conca.
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A equipe paulista não está jogando mal, o meio-campo corintiano está consistente, com boa troca de passes, o ataque tem feito gols, com Iarley, que finalmente desandou a fazê-los, e Jorge Henrique, sempre dando trabalho a equipe adversária.
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O que está preocupando é a defesa alvinegra. Com a demora para Chicão se recuperar de lesão (o que é estranho), o escolhido para substituí-lo foi Paulo André, formando dupla de zaga com o capitão Willian, que por sinal, vem cometendo algumas gafes em certos jogos.

Paulo André não é um zagueiro ruim, mas também não é dos melhores. O Corinthians contratou o zagueiro Thiago Heleno, ex-Cruzeiro, que sempre fez boas atuações na equipe cruzeirense. Agora, por que não colocá-lo em campo e ver do que ele é capaz?

Enfim, a equipe do Botafogo não é ruim. Pelo contrário, está brigando por uma vaga na Libertadores do ano que vem. Entretanto, um time que quer conquistar um titulo e salvar o ano de seu centenário deveria prestar mais atenção, e não ficar contando com um jogo a menos para passar o líder, ou desperdiçando os jogos dentro de casa. As rodadas estão passando e, desse jeito, só Libertadores.

*Thiago Albino, 19, é estudante de Jornalismo

O que é isso, São Paulo?

*por Thiago Albino
Depois de ter perdido para o Goiás por 3x0 em pleno Morumbi, o São Paulo tomou mais uma lavada. Desta vez, quem não teve dó da equipe Tricolor paulista foi outra equipe de três cores, só que gaúcha. O Grêmio recebeu o São Paulo no estádio Olímpico, buscando melhor aproveitamento dentro de casa, já o São Paulo buscava reabilitação.Tudo foi muito bonito, o Grêmio acabou vencendo a equipe visitante por 4x2.

O que vem chamando a atenção é a equipe paulista não conseguir se aproximar do G-3, ficando mais distante da zona de classificação para a Libertadores do ano que vem.

Acaba sendo até engraçado pois certa vez Carlos Augusto Barros e Silva, o Leco, diretor de futebol do clube, em entrevista ao programa Jogo Aberto, da Band, disse que o São Paulo não era time de disputar a Copa do Brasil, menosprezando os times que participam do campeonato e buscam a classificação para a Copa Libertadores.

Analisando essa situação, o feitiço está virando contra o feiticeiro. Caso isso venha a acontecer, o que dirá o Sr. Leco? O São Paulo tem condições de ganhar o título?

Quero só ver...
*Thiago Albino, 19, é estudante de jornalismo

quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Tesão pela vitória

Se existe uma coisa que não sou é injusto. Normalmente eu vivo criticando a Portuguesa, por razões que não preciso repetir. Mas hoje, contra o América mineiro, ela foi valente. Não é sempre que vemos uma vitória assim, com brio, com colhões, com tesão por ela.
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Vadão mexeu no time. Barrou Acleisson (que está de saída, graças a Nossa Senhora de Fátima), Zé Carlos e Athirson, adiantou Marco Antonio, começou com o Rai e escalou o ataque com Malaquias e Fabinho. Não concordo com todas as mudanças, mas o fato é que era preciso mudar.
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No primeiro tempo teve volume de jogo, raça e um golaço de falta do Marco Antonio, na forquilha, coisa linda! Depois do golo foi um caminhão até a tampa de golos perdidos, de todos os tamanhos e modelos: de longe, de perto, na cara do goleiro.
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Aí veio o segundo tempo. Precisando do golo o Coelho foi pra cima, sufocando logo de cara, como era de se esperar. Aí...bom, aí a Lusa voltou a ser Lusa: expulsão grosseira do Gláuber, golo de empate e virada mineira num pênalti bem discutível, tudo assim, de arrasto.
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Em situações assim a vaca rubroverde costuma deitar. Até porque o Vadão não costuma ser lá muito feliz quando mexe no time. Mas hoje não. A Lusa empatou também de pênalti, mais mandraque ainda que o marcado para o América, e virou com um golo do Athirson, que saiu do banco para definir a vitória lusa. Depois da virada começou o show do Wéverton. Goleiraço como há muito não se via no Canindé.
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É claro que a Portuguesa tem problemas. É óbvio que uma vitória ajuda a mascará-los. Mas também é evidente que uma vitória assim recoloca a equipe no caminho da briga pelo acesso. Derrotas e vitórias fazem parte do esporte. A questão é como se chega a uma delas e, neste aspecto, hoje a Lusa foi grande demais. Grande como é sua tradição, sua história. Grande como deve ser o tesão pela vitória.

sexta-feira, 24 de setembro de 2010

Incompetência em estado bruto

A Portuguesa superou hoje todos os níveis possíveis de incompetência. Enfrentou um time que estava na zona do rebaixamento, o Bragantino, que é horroroso, e jogou os últimos vinte minutos contra um adversário com dez em campo e sem goleiro. E ainda assim não conseguiu fazer um golozinho sequer.
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Foi uma das piores partidas da Lusa sob o comando de Vadão. Juro por tudo o que é sagrado que não entendo o motivo de ele armar o time com três zagueiros. Não que eu considere retranca, pois libera-se os laterais, teoricamente, mas é necessário que, para jogar com o trio de beques, estes sejam bons. Acontece que os três zagueiros que estiveram em campo são Thiago Gomes, Maurício e Domingos.
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A Lusa é responsável pela 14ª folha salarial do futebol brasileiro, o que não quer dizer, necessariamente, que o elenco seja bom. Domingos, Malaquias, Acleisson e Maurício não tem a menor condição de vestir a camisa da Lusa. Os que têm qualidade sumiram no meio da mediocridade. Athirson, Paulo Sérgio, Marco Antonio, Heverton e Fabrício não fazem um jogo que preste há muito tempo. Dodô está encostado no Departamento Médico e Celsinho, que pediu para voltar ao Sporting mas acabou ficando, nem relacionado tem sido. Não é possível que o Malaquias, que tropeça sozinho, tenha lugar no time e ele não.
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Nem a base, famosa por fornecer jogadores de bom nível, tem ajudado. Nenhum dos jogadores formados nas fileiras rubroverdes parece ter bola para oferecer. Henrique é fraco, Ronaldo não vinga, Jaime é um terror. Guilherme e Jéferson têm poucas chances. Desde o Diogo a Portuguesa não revela alguém que honre a fama de formadora de craques.
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O único jogador que não pode ser contestado é o goleiro Wéverton. Ele tem dado a cara para bater nas derrotas, que têm sido frequentes, e vem catando demais. Sinal de que o time realmente tem problemas. Problemas estes que Vadão não consegue solucionar. Tem escalado errado, mexido mal e parece que perdeu a mão sobre o elenco.
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E o pior é que não adiantaria nada trocar o comando. Há algumas semanas talvez, mas hoje não. Após a derrota de virada para o Sport, eu presenciei alguns torcedores exigindo do senhor Yaúca a saída do treinador. Ele bancou sua permanência, como vem bancando tudo na Lusa há muito tempo. Talvez aí esteja o problema.

quinta-feira, 23 de setembro de 2010

O puxão de orelha foi dado



A máscara do Neymar começou a render seus dividendos: hoje ele ficou de fora da lista de convocados do técnico da Seleção, Mano Menezes. É certo como dois e dois são quatro que, na próxima convocação, seu nome voltará a aparecer, mas o fato é que o recado está dado.

Neymar foi mimado desde sempre nas categoria de base do Santos. Infelizmente, tem como empresário Wagner Ribeiro (nem sei se é com "W", mas não tem a menor importância, dado quem é), que já mostrou exercer uma influência questionável nas carreiras de outros jogadores, como Robinho e Lulinha. Por certo irão dizer que o Kaká também fazia parte do casting dele, mas ele, Kaká, tinha berço e educação diferenciada, ao contrário dos demais citados.





Neymar julga-se acima do bem e do mal, principalmente porque foi criado assim. É um pouco complicado cobrar maturidade dele, o que não significa, em hipótese alguma, que se passe a mão no seu estranhíssimo penteado a cada pisada de bola. Ele, por seu talento, já seria naturalmente visado. Com suas atitudes, então, potencializa demais o efeito da marcação adversária. Os árbitros já não caem mais no seu "cai-cai" - com o perdão do trocadilho, horroroso, por sinal - e seu jeito folgado tende a atrair mais e mais botinadas.

O fato é que, como alertou Renê Simões após o jogo da confusão, o monstro foi criado. Cabe a ele escolher o caminho que irá trilhar. Ou leva em consideração o puxão de orelha dado pelo Mano e por toda a imprensa esportiva (que está rareando) dita séria deste país e despe-se da máscara e abaixa a crista e a gola da camisa ou assume o papel lhe concedido pela frouxa diretoria santista: o de dono do time, da bola e do mundo, dando razão ao bigodudo Renê. Caso escolha esta opção, terá que arcar com o seu ônus, que geralmente é alto. E aí, provavelmente, não terá mais seu empresário-eminência parda para defendê-lo.



Porto segue 100% e se mantém líder

*por Thiago Albino
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Jogando fora de casa, o Porto conseguiu manter sua invencibilidade no Campeonato Português. Dessa vez, a vitima foi o Nacional, na Ilha da Madeira, pela quinta rodada do nacional.
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Com os gols de João Aurélio (contra) e Varela, a equipe do brasileiro Hulk abriu quatro pontos de vantagem para o vice-líder, Vitória de Guimarães. Já o Nacional, com essa derrota, caiu para a nona colocação.
.O placar poderia ter sido maior para os visitantes, se não fosse pelo pênalti perdido pelo colombiano Falcão Garcia.

*Thiago albino, 19, é estudante de Jornalismo

Messi fica afastado por cerca de 15 dias dos gramados

* por Thago Albino

O argentino Leonel Messi, que atua no Barcelona, sofreu uma lesão no tornozelo direito, após uma entrada dura de Tomas Ujfalusi, do Atlético de Madri, durante a vitória do time da Catalunha por 2 a 1.
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De acordo com os médicos do clube catalão, o meia sofreu uma distensão no ligamento do tornozelo direito. Com isso, Messi ficará fora das próximas partidas do Campeonato Espanhol, podendo até mesmo não jogar a próxima partida da Liga dos Campeões, dia 29 contra o Rubin Kazan.
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*Thiago Albino, 19, é estudante de Jornalismo

sábado, 11 de setembro de 2010

O tempo

Somos prisioneiros do tempo. Todos nós. É estranha a nossa relação com ele. Desde cedo jogamos contra o relógio, exceto na dita primeira infância, já que, crianças que somos, não temos preocupação alguma, a não ser a de brincar. Deliciosamente despudorados, não nos interessa o que os outros pensam.




A partir daí queremos que ele, o tempo, passe logo para que sejamos tratados de forma diferente. Queremos ser adultos. Os primeiros fios de bigode, então, são um prêmio, valem ouro. Ridiculamente cultivados até que percebamos que não passam de uma tentativa de parecermos mais velhos, apesar do atestado de adolescente recém "pós-imberbe". Logo, o primeiro barbear é um momento solene: aquele monte de espuma para tirar meia dúzia de três ou quatro pêlos mal e porcamente distribuídos (uma ova! espalhados, isso sim) pelo rosto é algo inesquecível.

A tão esperada fase adulta vem acompanhada das cobranças, das responsabilidades. Ah, que saudade do colo da mãe, da proteção do pai, essas dádivas desprezadas na arrogância da adolescência. Daríamos nossas almas pela paz que passou-nos despercebida no tempo.

O tempo, aliás, é um senhor de atitudes curiosas. O melhor da nossa essência é alcançado na maturidade, justamente quando o corpo cobra o preço (ele sempre cobra) dos abusos cometidos nos arroubos da juventude. As noites mal dormidas, os exageros nas farras, nas festas, dos amores eternos que duraram até o cantar do galo, ou nem isso.

A segurança e a serenidade da experiência chegam com o rarear dos cabelos, do ar que nos foge de repente. Vai-se o vigor, vem o cansaço, que pode ser dosado graças à vivência. Somos obrigados a ser safos, pois disto depende nossa própria sobrevivência.

Ele, o tempo, dá com uma mão e tira com a outra. E é nesta maldosa benevolência que trilhamos o caminho que resolvemos seguir. No final do curso o sucesso dependerá da sabedoria amealhada e a forma de como fora empregada.

Ah, o tempo. Tudo gira em torno dele. O tic-tac indelével que nos faz olhar o mundo com os olhos da alma. Quando os olhos falharem, será o coração quem dirá se valeu a pena ou não. E este dia, leitores, virá. Cedo ou tarde. E só o tempo é quem dirá quando.


terça-feira, 7 de setembro de 2010

Os tempos eram outros

Hoje, 7 de setembro, a Portuguesa completou sete jogos sem vitória pela Série-B. Dos últimos 21 pontos a Lusa conquistou apenas dois, o que fez com que despencasse da segunda para a nona colocação na classificação. Como no ano passado, vira o turno em jejum de vitórias, em crise e, possivelmente, sem treinador.
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Vadão, nos três últimos anos, subiu Vitória e Guarani. No entanto, parece ter perdido a mão sobre o elenco. Seu estilo "paizão" não surte mais efeito e a nau lusitana segue à deriva, com os comandados amotinados. O próprio grupo já estaria apontando o treinador como o responsável pelo mau futebol apresentado.
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Não bastasse isto, o buraco luso é muito mais em baixo. Temos a maior folha salarial da Série-B, por volta de R$1,5 milhão. Paga-se uma fábula para o Domingos, zagueiro de parcos recursos, apesar de voluntarioso, rasga-se dinheiro com o Dodô, que nunca havia jogado a Segundona e está em fim de carreira, sem contar a grana torrada com o uruguaio Gustavo "El Grillo" Biscayzacu, que nem relacionado para os jogos tem sido. Por baixo, com estes três jogadores, são mais de R$200 mil.
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Embora eu reconheça os méritos de quem pegou a Lusa à beira da falência e hoje consegue pagar os altos salários em dia, não posso furtar-me de ver que, nos últimos oito anos, diputamos a Primeira Divisão uma única vez. Como o carro-chefe do clube é o futebol, tudo o que foi feito visando sanar as dividas do clube fica em segundo plano.
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Faz-se necessário que o futebol seja gerido por gente que, reconhecidamente, entenda do assunto. A Lusa não pode depender da abnegação (e do dinheiro) de um Luis Yaúca, tampouco ser refém de dirigentes que enfiam jogadores pela goela do treinador abaixo. Ou seja, falta é gente de colhões para bater na mesa e mostrar quem é que manda. Como, certamente, faria o saudoso Osvaldo Teixeira Duarte que, por muito menos, em 1972, promoveu a Noite do Galo Bravo, afastando alguns medalhões do time. Pena que os tempos eram outros, os homens eram outros, a Lusa era outra...

Nariz de palhaço

Não que eu acreditasse no uso do Canindé para a Copa, mesmo porque eu sei que os interesses políticos ecoam como sempre, mas não posso deixar de lamentar o fato de a CBF, o governador Alberto Goldman e o prefeito Gilberto Kassab já apresentarem o "Fielzão" como estádio paulistano da Copa sem antes verem os outros projetos, e pior, sem ver os que já existem.

Trata-se de (mais) um tapa na cara de qualquer pessoa que preza a democracia e a decência. É um fétido jogo de interesses, no qual os agraciados pelas benésses nadam de braçada. Se antes faziam às escuras, por vergonha, hoje escancararam de vez, confortáveis que se sentem, sem a obrigação ética e moral de, ao menos, parecerem pessoas de bem. Isto já não faz a menor diferença.

Isto posto, já posso usar meu nariz de palhaço e preparar-me para abrir o bolso. Façam o mesmo, caros leitores.

quinta-feira, 19 de agosto de 2010

O Canindé e a Copa



Na semana passada a Portuguesa completou 90 anos de existência. Durante as festividades, que começaram no sábado, 14, e irão se estender até o próximo dia 21, um fato chamou a atenção de toda a crônica esportiva: o presidente Mané da Lupa oficializou a intenção da Lusa em fazer do Canindé a sede paulista da Copa do Mundo de 2014.

Até ai, apenas uma espécie de Protocolo de Intenção. O presidente apresentou o projeto, que foi aceito pelas autoridades paulistanas presentes, e o nosso templo passou a ser uma das opções não só para os jogos da Copa, como também para a abertura do evento.

Uma coisa, porém, me aborreceu um bocadinho. Alguns membros da imprensa ridicularizaram a iniciativa rubro-verde, como se não tivéssemos o direito e nem condições para tal. Curioso é que os mesmo elementos defendem o Morumbi, o Palestra Itália e até a construção do "Piritubão", que cairia no colo do Corinthians, para o torneio.

Aí eu, singelamente, pergunto: por que não? A FIFA vetou o projeto "econômico" apresentado pelo São Paulo como alternativa ao primeiro, que foi aprovado, mas que não teve as garantias financeiras necessárias; contra a Arena Palestra pesa o fato de o estádio ficar numa área residencial, sem contar a dificuldade para que se construa um estacionamento; já a terceira hipótese, bem, melhor nem comentar.

Saibam os galhofeiros que o Dr. Osvaldo Teixeira Duarte é o estádio de futebol mais bem localizado de São Paulo. Conta com duas estações de metrô - Portuguesa-Tietê e Armênia - praticamente na porta, dispõe de ligação direta com os Aeroportos de Cumbica e Congonhas, que são as duas marginais, ampla rede hoteleira nas proximidades e espaço no próprio clube para fazer um estacionamento que comporte o proporcional a 10% da capacidade do estádio, como determina o Caderno de Encargos da entida máxima do futebol. Além de que os parceiros que a Portuguesa tem, segundo da Lupa, garantiriam a execução da obra sem a necessidade de entrar dinheiro público na parada (embora eu não acredite nenhum pouco nisto).

É bom deixar claro que sempre fui contrário à realização de eventos deste porte em países como o nosso, que têm outras prioridades, mas já que não tem mais jeito, que tiremos partido da ocasião. Mesmo porque, ao contrário de estádios como o do Pantanal e da Amazônia, a nova casa da Lusa não será um elefante branco, tampouco rubro-verde.

Imagem: Portal Ig

Maradona na Seleção Americana?

*por Thiago Albino


Há rumores de que o ex-técnico da Seleção Argentina, Diego Armando Maradona, possa assumir o comando da seleção norte-americana. Tudo porque o atual técnico Bob Bradley estaria de saída para assumir o Aston Villa, da Inglaterra.

Apesar de o argentino ter se oferecido para treinar o mesmo clube inglês, as conversas não avançaram. Sendo assim, El Pibe continua desempregado.

Segundo o empresário do ex-craque argentino, Walter Soriano, Maradona está conversando com alguns times europeus, mas nada de concreto, ainda.

Só para lembrar: Maradona não conseguiu levar a Seleção Argentina à final da Copa do Mundo, contando com estrelas como Messi, Tevez, Diego Milito e companhia. Caso se confirme, será que "Dieguito" conseguirá desempenhar um bom comando à frente da equipe norte-americana? É esperar para ver até onde vai essa novela. .

Thiago Albino, 19 anos, estudante de jornalismo.

Mais um Galactico

*por Thiago Albino

O Real Madrid anunciou nesta terça-feira a contratação do meia-atacante Mesut Özil, do Werder Bremen. O jogador de 21 anos, de origem turca e naturalizado alemão, foi umas das revelações da seleção alemã na Copa do Mundo da África do Sul.
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Restando apenas um ano de contrato com o astro, o clube alemão não conseguiu segurar sua joia. Os espanhóis pagaram cerca de 15 milhões de euros (R$33,8 milhões) pelo jogador, que assinou por seis temporadas com o time de José Mourinho.
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As negociações com o jogador ganharam fôlego devido a aproximação da estreia do Werber Bremen na Liga dos Campeões. Caso Özil participasse do jogo, não poderia mais jogar a Liga pelo clube espanhol.

Além do Real Madrid, o Barcelona, principal rival do time merengue, também se interessou pela jovem revelação da seleção alemã. Porém, em sua primeira entrevista coletiva, Özil falou que sempre desejou jogar na "melhor equipe do mundo".

O argentino Jorge Valdano, diretor-geral do Real Madrid, disse que o meia alemão é a "última contratação para a temporada 2010/2011", e que "se montou um bom time para os campeonatos que o time disputará neste ano".

Thiago Albino, 19 anos, é estudante de Jornalismo.

Mais um colaborador

A partir de hoje o Bola de Bigode conta com mais um colaborador. Trata-se de Thiago Albino, estudante de Jornalismo como este que vos escreve, que trará algumas novidades sobre o redondo mundo da bola. Assim, ele se junta ao Professor Humberto Pereira da Silva e nos ajudará a enriquecer este humilde veículo de opinião e, agora, informação.
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PS.: Estou tentando trazer para cá um olhar feminino. Se ela topar (irá), teremos uma visão um pouco mais detalhista e delicada do mundo. Basta de marmanjos de queixos ásperos e aspecto pouco amigável!

terça-feira, 29 de junho de 2010

Não poderia ter sido pior

Acabou, ainda na fase de oitavas-de-finais, o sonho de Portugal de ser campeão do mundo. Os lusos foram eliminados pela Espanha, que venceu o clássico da Península Ibérica pela contagem mínima, golo marcado pelo atacante David Villa.

A atuação frente aos vizinhos foi vexatória. Carlos Queiroz armou uma equipe extremamente defensiva, num covarde 4-1-4-1, no qual usou uma linha de quatro defensores, Ricardo Costa, Ricardo Carvalho, Bruno Alves e Fabio Coentrão, com alguma saída deste para o ataque, protegidos pelo cão de guarda Pepe. No meio, quatro jogadores de bom toque de bola, Simão, Tiago, Raul Meireles e Cristiano Ronaldo, tendo apenas a parede Hugo Almeida na frente, trombando com os zagueiros de Del Bosque.

Contra o Brasil a tática deu certo. Com Ricardo Costa na lateral direita para marcar as descidas de Daniel Alves e Michel Bastos, a seleção portuguesa pouco foi amolada. Hoje, porém, enfrentou um time cujo ponto forte é o toque de bola pelo meio, com Xabi Alonso, Iniesta e Xavi. O certo, portanto, seria reforçar a marcação no meio, escalando um lateral de ofício na beirada direita - Miguel ou Paulo Ferreira - e colocando Pedro Mendes à frente da zaga. Assim, liberaria o ala esquerda Coentrão para fazer o que sabe de melhor: apoiar o ataque.

Após uma primeira parte absolutamente equilibrada, a Espanha acertou o pé e triturou Portugal. Não fosse o guardarredes Eduardo, teria saído do Green Point com uma goleda histórica. Pelos lados espanhóis, Xavi, sem marcação especial, jogou demais. Por Portugal, Cristiano Ronaldo, como de hábito, esteve mais preocupado com o penteado e sua imagem no telão do que em honrar a braçadeira de capitão, outrora usada por gente do quilate de Coluna, Figo e Rui Costa. Ele, Ronaldo, não pode ser o líder de qualquer equipa que seja: não inspira os demais, é fominha demais, é vaidoso demais.

As apostas de Queiroz fizeram água: Pepe, que atuou na cabeça-de-área, só deu porrada nos dois jogos que fez; Hugo Almeida, que barrou o experiente Nuno Gomes, foi uma absoluta negação, técnica e taticamente. Queiroz chamou dois laterais para a direita, mas lançou mão de um zagueiro para marcar ninguém menos do que o apenas esforçado Capdevilla.

Portugal foi um time sem brio, sem luta, sem nada. Faltou de tudo para os patrícios. Faltou um líder, faltou um esquema que beneficiasse a categoria dos ótimos volantes portugueses, faltou poder de fogo. Portugal só vazou a defesa da Coreia do Norte. No mais, foram mais de 270 minutos em branco. Muito pouco para quem, após sobreviver ao inferno da repescagem durante as Eliminatórias, tinha a ambição de dobrar o Cabo da Boa Esperança com a taça de campeão a tiracolo.

quinta-feira, 24 de junho de 2010

Ma che vergogna, Italia!

Uma vergonha. Assim pode ser definida a participação da Itália na Copa da África do Sul. Não só pelo fato de ter sido eliminada ainda na primeira fase, mas pelo paupérrimo futebol, se é que pode ser chamado de futebol aquilo que foi apresentado pelo time de Marcelo Lippi.



Os atuais campeões mundiais chegaram ao continente negro com um time experiente, mas envelhecido e muito, mas muito, mal convocado. Lippi levou um esquadrão de jogadores esforçados, mas pouco ou nada talentosos, como Pepe, Montolivo, Iaquinta e Di Natale, enquanto gente como os fantasistas Del Piero e Totti (que levou a Roma nas costas durante o Campeonato Italiano) e os goleadores Luca Toni e Inzaghi, que fedem a gol, ficaram na Velha Bota. Isso sem contar que utilizou a base da Juventus, que realizou uma temporada ridícula.

Desta forma, o único regista da Squadra Azzurra seria Andrea Pirlo, do Milan, mas este machucou-se ainda durante a preparação. Como opções para a função, o treinador tinha Marchisio e Montolivo, que não renderam, obviamente, e o ofício de marcar os gols ficou a cargo dos tão lentos quanto limitados Iaquinta e Gilardino.

Jogadores que poderiam alterar o panorama das partidas, como Cassano e Balotelli, não foram chamados por conta da fama de indisciplinados. O resultado foi um time sem padrão tático, burocrático demais até para os padrões italianos, sem inspiração alguma e que apresentou o pior futebol que uma Itália já apresentou em um Mundial, exceto pelo final da fatídica e dramática derrota para a Eslováquia, quando a Itália finalmente foi Itália e tinha um Pirlo "meia bomba" em campo.


É correto afirmar que a Azzurra foi prejudicada pelas lesões, não só do meia milanista, bem como do craque-goleiro-mito-bandeira Buffon, mas as escolhas do técnico do tetra italiano durante a competição foram tão infelizes quanto a convocação. Camoranesi, que entrou bem nos dois primeiros jogos, foi preterido na última partida; Quagliarela, que quase operou o milagre da classificação, deveria ter tido mais chances, em vez de Pazzini e os já citados Simone Pepe, Gilardino e Iaquinta.

Nem a defesa, historicamente o ponto forte da Itália, se salvou. Marchetti não passa a mesma segurança do contundido Buffon, Chiellini esteve abaixo da crítica e o capitão Cannavaro deitou por terra toda a sua história, construída brilhantemente desde a Copa de 1998, mas que teve um melancólico ponto final no país de Nelson Mandela.

A exemplo de 2002, quando foi vergonhosamente prejudicada pelas arbitragens, os italianos poderiam até reclamar da atuação do trio inglês, que não viu a bola passar a linha do gol no início do segundo tempo, quando os eslovacos venciam por um gol, e que invalidou um gol legal de Quagliarela quando o placar marcava 2 a 1 para a Eslováquia. Acontece que a postura indigna para um país quatro vezes campeão mundial não justificaria a reclamação.

MELANCOLIA O capitão Cannavaro merecia um final diferente

Quando a poeira baixar e acabar de lamber suas próprias feridas, os italianos terão um árduo trabalho de renovação pela frente. Jogadores como Buffon, Cannavaro, Zambrotta e Pirlo deram adeus à seleção. Outros, como Santon, Candreva e Balotelli, que foram preteridos, deverão receber novas oportunidades. E que Césare Prandelle, o novo treinador, não seja um novo Donadoni.

Fotos: Reuters

segunda-feira, 21 de junho de 2010

Em silêncio, mas feliz

Hoje eu passei por uma experiência interessante. Assisti ao jogo de Portugal em um hospital. Explico: minha mãe está passando por um tratamento e precisava de um acompanhante. Logo eu me prontifiquei a sê-lo.


Como fico extremamente tenso quando a Selecção das Cinco Quinas joga, ponderei que aquele seria o lugar mais apropriado para acompanhar a partida. O começo do jogo justificou esta opinião: pelota na baliza, em cabeçada do becão Ricardo Carvalho. Depois a Coréia do Norte resolver engrossar o caldo verde e deu trabalho, muito trabalho.


Ao meu lado, um senhor careca ressonava, desinteressado que estava. "Esse time de Portugal é fraco", sentenciou após um perigoso ataque dos asiáticos que o despertou. A sala de espera onde eu estava, devidamente trajado com a minha camisola verde-encarnada, tinha uma meia-dúzia de três ou quatro, se muito. Todos balançaram a cabeça, para cima e para baixo, concordando com o idoso. "Ah, nem precisa do Kaká pra ganhar", disse outro rapaz, após (mais) um passe errado do Miguel.


Eu, da minha parte, estralava as articulações dos dedos para poupar minhas unhas e suava frio. Coçava a nuca de cinco em cinco minutos, até que Raul Meireles abriu o escore, após passe de Tiago, açucarado feito um pastelzinho de Belém. A vontade era de sair gritando, mandando um solene "chupa!", mas hospital é lugar de fazer silêncio. Até o fim do primeiro tempo, Portugal tentava atacar e a Coreia do Norte permanecia bem postada, dando poucos espaços para o time de Carlos Queiroz.



O intervalo trouxe um pouco de sossego, logo quebrado pelas inúmeras mensagens provocadoras recebidas via SMS. "Depois do jogo eles me pagam", maldosamente pensei.

Na segunda parte a sala já estava repleta de secadores tupiniquins, que achavam graça no meu sofrimento silencioso. As chacotas aumentavam à medida em que o esférico teimava em não entrar. A Coréia voltou do balneário pensando que, ao contrário do que havia feito contra o Brasil, atacar seria melhor negócio. Portugal, perdulário, atacava sem parar e perdia tantas chances quantas eram criadas. Foi quando Raul Meireles achou Simão livre na área e caixa! Dois a zero e porteira aberta. Mais cinco minutos e Hugo Almeida marcou o terceiro e Tiago, o quarto. Cristiano Ronaldo, com a braçadeira, comandava, sem frescura, o time português, que não saia do campo de defesa asiático.



A esta altura, os olhares zombeteiros davam lugar a expressões preocupadas. Meu telemóvel, outrora muito requisitado, calou-se repentinamente, enquanto o capitão luso acertava outro petardo à barra, para o terror dos presentes - e o meu frisson -, que torciam desesperadamente para que o craque madridista recebesse uma cartolina amarela, já que estava pendurado. O senhor careca, acordado como nunca, mudava de ideia: "Time bom esse de Portugal..."


Em campo, o camisa sete portuga distribuía generosos passes aos companheiros, deixando-os na cara do gol. A Coréia, recuada e acuada, tentava alguma coisa em tiros de longe, mas faltava-lhe competência. Competência que não faltou a Liédson. O Levezinho, que acabara de entrar na vaga de Hugo Almeida, marcou o quinto golo.


Ao contrário dos que me acompanhavam, eu estava muito satisfeito com o que via. Enquanto eles faziam contas e, invariavelmente, confundiam-se nos cálculos de pontos, saldos, cartões e intermináveis conjecturas, eu só esperava por mais golos, que vieram pois, pelos pés de Cristiano Ronaldo e pela cabeça do Tiago, o melhor jogador em campo.



Ao final do jogo, os incrédulos e assustados assistentes que me fizeram companhia resolveram parabenizar-me. Diplomaticamente, respondi a todos com um sorriso e um simpático "tomara que empatemos na sexta", estabelecendo uma politica de boa vizinhança. Intimamente, porém, eu pensava: "empate é o cacete!" Ah, os torpedos eu deixei para responder na sexta-feira à tarde.

Fotos: Reuters

quinta-feira, 17 de junho de 2010

Feio, muito feio, feio mesmo

A Copa do Mundo é um evento sui generis. É mais importante do que a Olimpíada. Logo, quando começa a chegar a hora de a bola rolar, fico ansioso. Chego a tirar férias só para assisti-la (não nesta, apesar dos meus protestos).

A Copa chegou, a imprensa, é claro, não fala de mais nada e eu estou vendo tudo o que posso. Acontece que esta é, por enquanto, a pior Copa a qual eu já assisti. Poucos golos, nada que faça jus à lembranças futuras e as irritantes vuvuzelas. Não se salva quase nada.

A primeira edição que eu vi foi em 1986, disputada no México e vencida pela Argentina de Diego Maradona. Foi a melhor também. Sem falsa modéstia, minha memória para jogos de futebol é prodigiosa. Naquele ano, as grandes seleções foram grandes mesmo. E neste ano? Fora Alemanha e Holanda, ninguém jogou.

A Argentina começou até bem, mas quase se complicou por causa das suas limitações defensivas. A empoeirada Itália fez um jogo chatíssimo contra o Paraguai, mas é a Itália... A França, que tem um ótimo elenco mas não tem time nem técnico, fez o que se esperava dela, ou seja, nada. Portugal se resumiu a um chute na trave. O Brasil penou para ganhar da Coreia do Norte. A Inglaterra não tem goleiro. Já a Espanha se superou: conseguiu perder para a Suíça. No caso da Espanha, o que surpreende é que a Fúria começou a fazer água logo cedo.

Ponderemos as possíveis causas: nervosismo da estreia, técnicos retranqueiros, bola "sobrenatural". Acontece que a tensão do debute existe desde 1930, portanto não é desculpa; os comandantes não são lá muito corajosos, mas não é a primeira vez que vemos gente privilegiando a defesa, e a bola foi concebida, de acordo com a Adidas, para aumentar a média de golos. Ao invés disto, caiu. Em 16 j0gos foram marcados 24 (média de 1,66 golo/jogo). Para se ter uma ideia de como está bravo o negócio, a pior média de todas as copas foi a de 1990: 2,22.

A verdade é que o problema está em quem veste as camisas, ecológicas ou não. Falta inspiração, faltam craques, falta tudo, falta as vuvuzelas silenciarem. Neste caso, teremos que conviver com elas até a final do Mundial, pois é da cultura da África do Sul. Se não quisessem, que não o fizessem na terra de Mandela.

A esperança é que o conforto da primeira rodada dê lugar à obrigação de vencer para não ir à última rodada com a corda no pescoço. Assim os espaços aumentem e os golos, rareados na primeira rodada, apareçam e o Mundial se salve. A primeira mostra foi dada hoje pelo Uruguai, que atropelou a anfitriã África do Sul. Honestamente, ainda bem que não estou de férias.

A Seleção de Dunga

Texto publicado também no sítio Digestivo Cultural

* por Humberto Pereira da Silva

Na Copa do Mundo de 90, na Itália, o técnico foi Sebastião Lazaroni, que um ano antes ganhara a Copa América, competição na qual o Brasil não ia bem (a conquista de 89 quebrou um jejum de quarenta anos nesse torneio, que até então era o preferido de argentinos e de uruguaios). Com a conquista da Copa América, Lazaroni teve carta branca da CBF e levou para a Itália a primeira geração pós Zico, Falcão e Sócrates. Esta geração, como se sabe, perdeu as Copas de 82 e 86. Lazaroni, então, formou uma seleção com alguns egressos de 86, mas fundamentalmente com espírito diverso da geração anterior e que tinha no meio-campista Dunga uma espécie de emblema daquele grupo que foi para a Itália com o peso de conquistar um título que há 20 anos o Brasil perseguia.
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A seleção de 90 não se deu bem, foi eliminada justamente pela Argentina de Maradona, e aquele time passou para o anedotário do futebol como a "Geração Dunga". A história tem seus caprichos e, em 94, Dunga, capitão da seleção contra a vontade de muitos que viam-no de sobrolho, levantou a Copa do Mundo, num feito esperado por 24 anos. Dunga, ainda, em 98, novamente como capitão da seleção, chegou a outra final de Copa do Mundo, contra a França. O Brasil, como todos sabem, perdeu a final, mas não lembro outro capitão de seleção em qualquer país que tenha chegado a duas finais seguidas de Copa do Mundo (quem foi o capitão italiano nas finais de 34 e 38? O jornalista Paulo Vinícius Coelho, do ESPN e jornal Folha de S. Paulo, que se esmera com memória invulgar, responderia de bate pronto?).
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Dunga e sua geração foram estigmatizados em 90, ganhou a Copa de 94, mas, quando a Copa acabou, voltou-se para a imprensa e disse "esse título é para vocês, seus traíras!" Na época, com o título, Dunga tinha um alvo bem fixo: a imprensa esportiva. O tempo passa e, após a controvertida participação na Copa da Alemanha em 2006, Dunga foi chamado pelo presidente da CBF, Ricardo Teixeira, para técnico da seleção. No início, desconfiança; depois, títulos, vitórias incontestes sobre a arquirival Argentina, sobre o Uruguai em Montevidéu, classificação antecipada para a Copa Sulafricana de 2010. Mas, após a convocação, a imprensa bate pesado em Dunga, que, quando tem microfones e holofotes, revida com virulência que impressiona.
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Recentemente, em entrevista coletiva, Dunga afirmou, para afrontar os jornalistas, que a seleção era sua. Se perder, será ele e sua seleção que serão derrotados e, portanto, alvos de ira jornalística. Dunga, por isso, foi acusado de levar para o "pessoal" o que é um trabalho jornalístico. O que se pode extrair é que Dunga, como figura do futebol brasileiro, marca como poucos (como jogador ou agora como técnico) sua passagem na seleção. Com seu estilo duro e seco, ele não agrada a gregos e troianos, mas creio que seria o caso de observá-lo com um olhar, digamos, mais pausado: ele tem história, sabe o que é futebol para além das pranchetas dos jornalistas especializados (tenho em vista principalmente Paulo Vinícius Coelho), ganhou, perdeu, foi estigmatizado e convocou uma seleção praticamente pautada pela relação de confiança num grupo que se formou ao longo desses últimos quatro anos.
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Espera-se que uma seleção não agrade a todos. A "seleção de Dunga" não é a que muitos gostariam, mas o que muitos podem não gostar, e isso não tem importância, é que ele dá a incautos e especialistas, com certa generosidade inconsciente, motivos para pensar. Se perder esta Copa, como ele e todos nós sabemos, será execrado; se ganhar, pode até ser desdenhado, como muitos desdenham a conquista de 94, mas a terá ganho e, junto ao coro dos ressentidos, ouvir-se-á: HEXA! O que se pode aprender com Dunga e sua seleção? Revelamo-nos à altura dos acontecimentos quando nos elevamos na vitória e na derrota, não quando choramos e procuramos culpados, como crianças imberbes que não têm a bola só para si.
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Mas o que quer dizer que Dunga leva para o lado "pessoal" o que seria um trabalho jornalístico? Creio que há muito tempo o trabalho da imprensa esportiva em época de Copa do Mundo, principalmente, carece de autocrítica. Para além da ajeitada de meia de Roberto Carlos na jogada que resultou no gol de Thierry Henry na derrota para a França na Copa de 2006, a imprensa tem também grande parcela de culpa pelo insucesso da seleção. O papel da imprensa esportiva é ― todos com bom senso hão de concordar ― cobrir a seleção, manter-se numa posição quase neutra para falar o que acontece, digamos, de "bom" e de "ruim". Mas muitos, muitos jornalistas acabam por ter uma influência que vai além da mera cobertura profissional. Num momento como o de Copa do Mundo, de ânimos exacerbados e de paixões incontidas, muitos jornalistas esquecem o profissional e falam da seleção como se fosse uma coisa "pessoal", de torcida a favor ou contra conforme não tenham a seleção que desejam.
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O que esperar dos jornalistas? Na posição em que eles estão, menos paixão, mais discernimento e cultura futebolística. Dunga tem história e sabe bem mais de futebol do que possa desconfiar nossa vã filosofia. O que esperar de Dunga? Que, se perder, tenha a dignidade e grandeza que tem demonstrado ao longo de sua carreira: uma derrota, como os gregos ficaram sabendo com os trezentos liderados por Leônidas em Termófilas, não é simplesmente uma derrota. Basta, para tanto, ler as belas páginas de Heródoto. As derrotas em 82 e 86 serviram para que não se cometessem erros similares em 94. A derrota em 2006 traz uma experiência a não ser seguida agora em 2010. A presença de Dunga como técnico da seleção afirma que em 2010 não se repetirá o que ocorreu em 2006.
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Dunga leva para o pessoal? Aí os jornalistas precisariam ter grandeza. Em certos momentos, argumentar que alguém leva para o "pessoal" tem algo como falar da bota do soldado antes do desembarque na Normandia. Quem entra em campo de batalha sabe o que pode sofrer, ou pelo menos o que o espera. Imagino no Dia D um soldado a reclamar que a guerra era uma questão pessoal. Estabelecidas as bases para o embate, não posso me esconder sob o manto dos sentimentos pessoais, com o risco de parecer criança sem a bola do jogo. Ao bater, é ingênuo exigir que meu oponente não me bata com força igual ou maior.
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O que parece mais saliente com esta "seleção de Dunga" é que grande parte da imprensa está tendo, como teve no passado, grande dificuldade para reagir com grandeza no caso de uma conquista ou de uma derrota. O que espero dos jornalistas em caso de uma vitória não é outra coisa senão lembrarem sempre que essa é a "seleção de Dunga", que assim se manifestou para lembrar que seu time não satisfaz o desejo de grande parte imprensa. Mas, a essa altura, alguém pode imaginar que creio que segmento expressivo da imprensa esportiva torce contra a seleção.
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Não acredito, sinceramente, que algum jornalista sério, mesmo que espinafre a seleção de Dunga, torça contra ela. Acredito é que o jornalismo esportivo no Brasil, em grande parte, reverbera a voz da galera, ecoa paixões incontidas, se dispersa em dores de jogadores como Kaká, fofocas de corredores e perde o senso de grandeza e de responsabilidade diante do evento. Raras vezes, cito Juca Kfouri (da ESPN e Folha de S. Paulo), vi um jornalista fazer meaculpa. Não é, portanto, que muitos bons jornalistas torcem, digamos, contra, é que perdem o senso do que dizem e de seus efeitos. Se não quero levar meu alvo de crítica a falar e depois, em momento de fraqueza, acusá-lo de levar para o "pessoal", eu teria que ter discernimento e acuidade para acusar a mulher de Cesar sem ofender Cesar.

*Humberto Pereira da Silva, 47 anos, é professor 
universítário de Filosofia e Sociologia e crítico de 
cultura de diversos órgãos de imprensa.

quarta-feira, 26 de maio de 2010

A vitória e o ranheta

Estou meio rabugento, hoje. Para falar a verdade, a vida não tem sido fácil neste ano. Parece que tudo cai sobre a minha cabeça, de uma só vez. A ponto de eu ouvir o jogo da Lusa contra o Santo André com o mesmo entusiasmo que se tem ao dançar com a irmã.
E olhe que foi um jogaço. Não do ponto de vista técnico, mas emoção não faltou. O Santo André, que foi vice no Paulistão, estreava uma dupla de ataque: Anderson Gomes e Borebi; pela Lusa, surpresas no mesmo setor: Héverton liberado, após ver sua pena revertida em multa, e Kempes, que substituiu nosso (muito) grande Luiz Carlos.
Eles foram os responsáveis por todos os golos. Primeiro, Borebi, de bicicleta, após (mais uma) falha do Preto Costa. Logo em seguida, Kempes empatou. Perdemos umas boas chances, aí o Ramalhão voltou à frente, com o outro estreante do ataque, Anderson Gomes, após falha do "goleiro" Andrey. "É hoje...", pensei. Mas a coisa inverteu: o time do ABC teve a chance de ampliar, mas não fez. Então Kempes brilhou de novo. Até o final do primeiro tempo pouco aconteceu e as equipes desceram pros vestiários com um surpreendente 2 a 2.
Logo no início do segundo tempo, jogadaça do Athirson e pênalti pra nós. Lá foi Héverton chamado à prova e não falhou: virada lusitana, consolidada logo depois, com novo gol do Heverton, cinco minutos mais tarde. A partir daí foi um comboio de golos perdidos pela Lusa. Até que o ex-boxer-palmeirense Maurício resolveu falhar também e Borebi marcou mais um. Daí até o final foi um sufoco desgramado. Não só pelas seguidas falhas da retaguarda rubroverde, mas também pelo desperdício do pródigo ataque luso.
Por fim, o placar foi justo e o jogo deixou algumas impressões: Athirson, se não se machucar, será o maestro da volta à Série-A; o Andrey não pode jogar na Portuguesa e nossa zaga é simplesmente medonha. Pois é, mesmo com a vitória eu continuo rabugento.