quarta-feira, 31 de agosto de 2011

Na bola e na raça

Jogo fora de casa, adversário embalado, dois a menos antes do intervalo. Esta era a situação da Portuguesa no jogo contra o Náutico, pela primeira jornada do returno da Série-B.

Se no jogo contra o Icasa o Jorginho abriu mão dos volantes para arrancar um empate na marra, frente o Timbu o negócio foi trancar o time, com a volta do trinco Rai, único remanescente da equipa que ascendeu à Primeira Divisão em 2007.

Apesar da quatro jornadas sem vitória, este empate com o Náutico não foi o desperdício de dois pontos, foi a conquista de um. Ponto este que pode ser o que faltou no ano passado.

terça-feira, 23 de agosto de 2011

A lição do Velho Lua

Reza a lenda que o grande Luiz Gonzaga, o Rei do Baião, foi convidado para cantar no Rio de Janeiro. Chegando à Cidade Maravilhosa, falaram para o Velho Lua que ele não poderia se apresentar com seu chapéu de cangaceiro nem com seu acordeão, pois não era esteticamente adequado. Luiz pensou, olhou no fundo dos olhos do seu interlocutor e disse: "Vocês querem que eu cante, mas não querem meu chapéu nem meu acordeão? Então vocês não me querem!"

Você, caro leitor, deve estar pensando por que raios estou a falar do Gonzagão. É para ilustrar um assunto que volta e meia vem à baila: a possível troca de nome da Portuguesa.

Desta vez quem levantou a lebre foi o próprio presidente Mané da Lupa, insatisfeito com o baixo comparecimento da torcida lusa nesta Série-B, a despeito da excelente campanha rubro-verde. Da Lupa consideraria que o nome, atrelado à colônia portuguesa, espanta o torcedor, que não quer torcer para um "time de colônia", ainda mais de um país tido como vilão desde os bancos escolares.

Ora, deixe-me pensar um bocadinho: o Vasco da Gama tem sua história ligada aos portugueses. Antes que venham me dizer que o nome do navegador PORTUGUÊS pouco ou nada tem a ver com a nossa pátria-mãe (sim, senhor), alerto-vos que a cruz que a equipa da Colina carrega no peito não é a Cruz de Malta. É a Cruz da Ordem de Cristo, que financiou as expedições marítimas daquele país no século XIV. E o mascote bigodudo de caneta da orelha não me parece um escocês ou um búlgaro. Se não bastar, é só o incauto leitor ouvir a última estrofe do hino do clube carioca, que diz "no futebol és um traço de união Brasil-Portugal", ou então a clara referência à A Portuguesa na introdução. Mais lusitano que isso é impossível, ora pois!


Por que o Juventus não tem torcida, apesar de ser uma equipe tradicional e simpática, tal qual a Lusa? Pelo nome? Não! E o Nacional? Quer nome mais ufanista que este? Claro que não! Ambos não têm torcedores em profusão por um simples motivo: a falta de títulos.


Ah, mas o São Caetano foi campeão há pouco e nem assim tem adeptos, você pode argumentar. Pode também completar dizendo que o nome do Azulão o restringe à sua cidade. Fosse assim o Santos também não os teria. Times como o São Caetano não conseguiram angariar torcedores porque não houve tempo pra maturar a paixão pelo clube. Foi um título e só.

Quero crer que o mais novo dos devaneios do presidente Da Lupa seja apenas uma forma de protestar, pois enquanto a Portuguesa não levantar troféus não terá como cooptar torcedores. É tão óbvio quando a bola é redonda. Pode ter o nome que for: Real Paulista, Bandeirante ou FC do Bacalhau. Sem conquistas, sem torcida.

Se a Lusa, que não ganha nada de relevante há quase 40 anos, engatar uma série de conquistas e nem assim seduzir novos adeptos, aceitarei discutir o assunto. Enquanto isso não acontece, sugiro aos descontentes: troquem de time, pois, se o nome, a Cruz de Avis e as cores da bandeira de Portugal não servem, a própria Portuguesa não servirá, assim como o Velho Lua.



domingo, 21 de agosto de 2011

Turbulência natural

A Portuguesa passa por um momento de turbulência na reta final do turno da Série-B. O futebol vistoso que deu ao time o apelido de Barcelusa, apelido este cunhado por mim numa conversa via twitter com o também luso Flávio Gomes, da Estadão-ESPN e que caiu no gosto não só da imprensa, mas dos torcedores, de um modo geral, minguou.

Primeiro, a inesperada derrota em casa frente ao apenas esforçado Vila Nova; depois, o empate com o lanterna Duque de Caxias, que havia perdido 11 dos dos 17 jogos e conquistara a única vitória apenas na rodada anterior ao confronto com a Lusa. Antes do desaire com os goianos, as vitórias surgiram, porém, com muitos percalços.

Na maioria dos jogos a Lusa teve dificuldades na primeira parte, mas voltava do balneário invariavelmente melhor. Mérito do grupo de jogadores e do treinador Jorginho. Em via de regra a Lusa nunca volta para a segunda parte pior do que esteve na primeira.

Mesmo sobrando num campeonato tão desgastante como a Segunda Divisão, o elenco luso tem deficiências. Falta uma opção na lateral-direita, que tem apenas o atacante improvisado Luis Ricardo para o setor, além de um centroavante de ofício. Jorginho não tem um especialista no elenco, apesar de contar (ou não) com os jovens Ronaldo e Lucas Gaúcho para a função.

O campeonato é longo e é praticamente impossível cumpri-lo sem percalços. O campeão da temporada passada, o Coritiba, colecionou resultados ruins em sequência nas últimas sete jornadas do primeiro turno, perdendo cinco partidas.

É hora, pois, de ter calma. É uma questão de encaixar de novo e a Barcelusa estará de volta.

quarta-feira, 17 de agosto de 2011

Noite escura, muito escura

O Vila Nova aplacou a líder Portuguesa. Não vou falar que a Portuguesa perdeu para o Vila, pois isso seria não reconhecer os méritos de quem venceu, mesmo que este tenha ficado o tempo todo no campo de defesa.


Futebol também é isso. A Grécia foi campeã da Eurocopa em 2004, desgraçadamente contra Portugal, jogando numa retranca de dar inveja ao austríaco Karl Rappan, o criador do ferrolho suiço, ou ao Catenaccio do argentino Helenio Herrera, na Internazionale da década de 1960.


Tá certo que a Lusa não jogou absolutamente nada. Marco Antonio esteve irreconhecível, Edno acertou pouco, Henrique e Ananias não estiveram bem, Ivo foi horroroso e Mateus foi expulso. Muito também pelo bom trabalho defensivo da equipa goiana, que foi um time mais centrado durante o jogo todo e mereceu o êxito.


Não é de hoje que a Lusa tem feito maus primeiros tempos. A diferença é que, desta vez, a sorte foi madrasta e o time tomou o golo quando estava se encaixando em campo.


Foi um jogo atípico mesmo, ou melhor, foi uma noite diferente, pois o Duque de Caxias, após 16 rodadas, venceu seu primeiro jogo. Aliás, é o time carioca o próximo adversário da Portuguesa, já na sexta-feira. Jogo para se recuperar e espantar de vez a estigma de emperrar quando todos esperam que tenha chegado a hora do "agora vai!"


Que o desaire de ontem tenha sido apenas fruto de uma jornada má conseguida, numa noite escura, muito escura.

segunda-feira, 15 de agosto de 2011

Vitória e trajes de gala

Sábado, após 11 intermináveis dias de intervalo entre os jogos da Portuguesa, tive um compromisso inadiável e inevitável. Fui tirar as medidas da roupa que usarei no casamento do meu irmão, do qual serei padrinho. Justamente no mesmo dia e hora em que a Lusa jogava contra o Sport, na Ilha do Retiro. E lá estávamos nós, meu pai, meu irmão e eu, em São Bernardo do Campo, para provar os fatos da cerimônia.

Apesar de todos sermos lusos, eu era o mais incomodado por não poder assistir à partida. Nada que não pudesse disfarçar, mas depois de 11 dias sem um jogo de futebol sequer que prestasse, não ver a Barcelusa em ação era um castigo, ainda mais em um jogo tão complicado. O jeito, então, foi ouvir no bom e velho rádio, companheiro inseparável de jornadas épicas e, naquele momento, meu único aliado.


Entre uma passada de fita em volta do pescoço e uma piada descabida do meu pai, grão-mestre em contar piadas de gosto duvidoso e a quem puxei neste aspecto, eu ficava de ouvidos no que se passava na Ilha do Retiro, lugar de boas lembranças para nós lusos. O jogo, como era de se esperar, estava difícil, ainda mais porque o trinco Guilherme não estava em campo. Assim, o chute de longe, tão usado durante o certame, deixou de ser uma das armas mais postas em campo.

No fim do primeiro tempo, após alguns sustos, devidamente registrados por todos os que estavam no local, e todas as medidas apanhadas, finalmente fomos embora, sem antes parar num restaurante para marcarmos o almoço do Dia dos Pais, que caiu no mesmo dia do aniversário da Lusa. Para minha alegria, havia uma televisão ligada no jogo. Tratei, então, de aboletar-me ao pé do balcão e ver o jogo. Para minha surpresa, tinha lá outro patrício com a camisola rubro-verde.


Enquanto algum engraçadinho insinuava que iria tirar uma foto para registrar o alto número de lusitanos (estávamos em quatro) no local, o ótimo Marco Antonio batia falta como quem coloca com a mão para abrir o placar e começar a encaminhar a quinta vitória seguida no campo do adversário, a décima primeira em 16 jogos. Depois, só para dar um pouco de graça, o jogo pegou fogo e vencemos por três golos a dois, com Henrique e Edno anotando os outros tentos lusos. Os do Sport eu nem me lembro de quem fez, pra ser bem sincero.


Apesar da alegria pela vitória, descobrimos que o restaurante não abriria no domingo. Assim resolvemos comprar umas sardinhas, uns tremoços, algumas cervejas e uma garrafa de um bom vinho verde de Castelo de Paiva e fomos comemorar o Dia dos Pais na casa do nosso, à margem de todo e qualquer jogo ruim que estivesse passando. Só depois me lembrei que na Espanha se enfrentariam Real Madrid e Barcelona, que jogam um futebol quase tão bonito quanto o nosso. Sabem como é, né? Depois de ver a Lusa em ação é normal o padrão de exigência se elevar.

No fim das contas, comemoramos as datas e ficamos com a certeza de que estaremos todos impecáveis no dia do casório, tanto quanto o irretocável futebol da Portuguesa.

terça-feira, 2 de agosto de 2011

Deliciosa chatice



Já virou rotina. A Lusa venceu mais uma na Série-B. A vítima da vez foi o Criciúma, que até o jogo contra o Bacalhau Mecânico tinha tomado só 10 golos em 14 jornadas. E até que o Tigre segurou por um tempo o ímpeto luso. Acontece que a Lusa está iluminada.

Outra vez a Lusa encontrava seríssimas dificuldades. Não por conta de problemas do time, mas os adversários passaram a visar a equipa lusitana. O Criciúma povoou o meio de campo e conseguiu neutralizar a troca de passes, que é o forte da equipe treinada pelo Jorginho. Percebendo isso, o Cantinflas do Canindé deixou Ivo no balneário e mandou a campo o veloz Ananias, que voltava de lesão, e demoliu a marcação, ao lado do igualmente rápido Raí.

E foi Ananias, do alto dos seus 1, 63 m, quem de cabeça abriu o placar. Time iluminado é assim mesmo, tudo dá certo. Depois o lateral Pirão foi expulso e, para resolver de vez, o estreante Boquita marcou, no primeiro toque que deu na bola, o segundo tento da Lusa. Foi o 35º em 15 jogos.

Mais uma vez a Lusa volta melhor e vence o jogo na segunda parte. Não foi brilhante, mas foi lutadora e buscou a vitória o tempo todo.

O que pode atrapalhar é a janela de transferências aberta até o final deste mês. Edno e Guilherme, que outra vez foi gigante, têm sondagens do Velho Continente. Se não perder seus principais valores, a dúvida será apenas em qual rodada o acesso será alcançado.

Na tua glória toda a certeza que tu és grande e o seu lugar é a Primeira Divisão, ó Portuguesa.