quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

O Brazil de Mano Menezes

Ontem a seleção da CBF entrou em campo para enfrentar a Bósnia. De forma equivocada, criou-se a expectativa de que o time canarinho enfrentaria um time qualquer. Não, a Bósnia-Herzegovina não é um time qualquer. O time dos leste europeu vem da escola iugoslava, do toque de bola, da movimentação. Não à toa, na época em que o principal jogador do time era o atacante Mijatovic, eram chamados de brasileiros da Europa.
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Desgraçadamente, o time que tocava a bola em campo não era o Brasil. Para isso, o time tem que ter um setor de meio-de-campo capaz, técnico, criativo e, sobretudo, bem orientado e interessado. E esses adjetivos não foram vistos. Não só ontem, mas desde que Mano Menezes é o selecionador.
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A seleção, com caixa baixa mesmo, foi armada com dois volantes de boa marcação, Sandro e Fernandinho, e três jogadores responsáveis por municiar e se aproximar do único avançado no relvado, Leandro Damião. Na direita estava o laziale Hernanes, volante de origem; na esquerda, o santista Neymar, mais atacante que armador, e no meio, o flamenguista Ronaldinho Gaúcho, o único meia de verdade.
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Até aí tudo bem. Só até aí. Os dois volantes são marcadores e nada mais que isso. Hernanes ficou segregado ao flanco direito o tempo todo, quase não participando do jogo. Neymar corria pelo campo todo, mas sem o brilho habitual, e, no ponto nevrálgico, o núcleo, estava o habitual buraco onde deveria estar Ronaldinho Gaúcho.
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Não é o mesmo Ronaldinho de sempre. Outrora ele brilhava em jogos menores. Hoje, nem isso. Não é sequer o rascunho do brilhante e participativo meia que encantou a torcida culé, em Barcelona. Não produz, não dribla, não busca jogo, não é absolutamente nada. Não que na Seleção fosse muito mais que isso, mas ele atenta contra sua própria história no futebol.

O time do Mano não tem criação. É na base do pego-a-bola-e-saio-correndo. Não se valoriza a posse de bola, o drible, o próprio Brasil. É um Brazil à inglesa, do kick’n run o mais ordinário possível. Só depois que Ronaldinho saiu é que Brazil se aproximou do Brasil.
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Justiça seja feita, também saíram Hernanes e Sandro, mas o camisa 10, ou melhor, a camisa 10, pesa mais, é simbólica. E Ronaldinho é o símbolo do time de Mano Menezes. O time do Brazil de Mano Menezes. 

sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

O preço da ganância

Como já é sabido, a Portuguesa perdeu o clássico contra o Corinthians, que foi disputado no estádio do Pacaembu na noite de quarta-feira. Como também é da ciência de todos, apesar de o jogo ser no estádio municipal, o mando era da Lusa. E a diretoria rubro-verde não só abriu mão do mando, o que é discutível, como o deu para o adversário, o que é inaceitável.

A versão oficial da direção do time do Canindé para justificar a inversão foi a possibilidade de obter uma renda maior. Não discuto a necessidade de que seja necessário fazer caixa, mas daí dar o mando para o adversário vai uma diferença descomunal.

Um clássico, qualquer que seja, é marcado pelo equilíbrio e, dessa forma, um detalhe pode fazer a diferença. Não quero dizer que se o jogo fosse no Canindé a Portuguesa massacraria o oponente, mas as possibilidades de vencer seriam maiores, bem maiores. Se é pra fazer caixa, que mantivessem o jogo no Dr. Osvaldo Teixeira Duarte e liberassem a maior parte dos ingressos para o distinto co-irmão.

Mas não! Por meia dúzia de moedas abriu mão de jogar em casa. O mais perto da condição de mandante que o time do Jorginho chegou foi usar o balneário de número um, o que não significa absolutamente nada. Resultado: o Corinthians jogou em casa, o que era tão certo quanto dois e dois são quatro, venceu e o saldo líquido da bilheteria proporcionada pelos cerca de seis mil pessoas que foram ao Pacaembu foi de pouco mais de vinte e quatro mil reais.

Há muto tempo a Portuguesa quer respeito, quer ser tratada como grande. No entanto, deve se dar o respeito para tal, pois se vende o mando de campo por uns caraminguás quaisquer, pode colocar mais duzentos mirréis e combina também o placar do jogo. De qualquer forma, o saldo seria positivo, pois quem se vende sempre recebe mais do que realmente vale.

segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012

Tempo de maturação

A Portuguesa vive um tempo de dificuldades na disputa pelo título do Paulistão. O futebol vistoso do ano passado deu lugar a um time que ainda prioriza a posse de bola, mas dá a sensação de que tenta correr na subida. É um futebol amarrado, claudicante, de muita dificuldade e pouca penetração. A despeito dos erros de arbitragem que (como sempre) têm nos atrapalhado, o desempenho não é o mesmo.
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O motivo para a queda do rendimento é claro: a saída de dois jogadores. Deixaram o clube do Canindé jogadores-chave como Edno e, sobretudo, Marco Antonio. Estes eram os dois que faziam a Barcelusa funcionar. Edno era o desafogo, aquele que rompia as defesas contrárias na base da força, além de trazer a marcação para si, abrindo espaços para os meias e volantes que chegavam de trás com excelentes possibilidades de marcar. Já Marco Antonio era o diferencial. Aquele dos passes precisos e profundos, que fazia da bola parada uma arma letal, que ditava o ritmo da equipe do técnico Jorginho.
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Sem eles, a Lusa tornou-se um time comum, como tantos outros, e é preciso que haja tempo para o time reaprender a jogar. Jorginho tem toda capacidade de fazer o time render, não da forma que era antes, pois não tem jogadores à mão para que exerçam a função dos que sairam.
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Agora cabe à diretoria arrumar uma forma de trazer atletas que possam preencher as lacunas. A chegada de um homem de referência, uma carência vista no time durante boa parte da época passada, como Ricardo Jesus, veio muito a calhar.
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Dois jogadores que encaixariam como caneta em orelha de comerciante português seriam Diogo e Zé Roberto, que têm condição de exercer as funções dos que se foram. São aquisições complicadas, difíceis e caras, principalmente porque trata-se de atletas de que têm mercado.
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Enquanto não chegam, se é que chegarão, o jeito é esperar que a equipa lusa ganhe corpo, pegue no breu. Sem comparações com o time do ano passado. A Barcelusa passou e, dificilmente, voltará nos mesmos moldes. Mas dá para jogar com objetividade, mesmo sem tanta beleza. E o nosso Cantinflas pode arrumar isso, mais que qualquer um.