* por Raoni David Colpas
Começaram os Jogos Olímpicos de Londres e desde então ela – a medalha -, é o objeto mais cobiçado de todo o mundo. O planeta inteiro está de olho nas disputas e todos querendo ver o seu país com o maior número delas no peito ou/e principalmente no quadro de medalhas, o que determina o campeão das Olimpíadas.
Em quase todos os esportes, uma medalha olímpica é o ápice para o atleta. Geralmente, essa conquista supera todas as competições em cada uma das modalidades disputadas. Não existe título mundial do atletismo, por exemplo, que supere uma vitória nos 100m ou na maratona. Assim como na ginástica, mundiais podem ser ganho aos montes e jamais irá superar a conquista de uma medalha de ouro.
Em alguns esportes, porém, a medalha olímpica é algo inferior a outras conquistas na modalidade e isso, invariavelmente, tem ligação com o poder e o dinheiro. Exemplo de esporte em que um mundial supera a Olimpíada é o futebol. A Copa do Mundo é muito mais importante para uma seleção do que a conquista das Olimpíadas e mais, as disputas continentais como Eurocopa e Copa América, também. E com a regularidade que tem sido disputada, a Copa das Confederações começa a atingir patamares maiores. Mas no futebol, creio que exista mais tradição neste nível de importância do que o dinheiro, como ocorre em outros dois casos.
No tênis, por exemplo, é muito mais importante conquistar um torneio Master da ATP do que a medalha olímpica. Prova disso é que os torneios de tênis nas olimpíadas vivem vazios, dando chance para Fernando Meligeni, a quem respeito e sempre torci demais, buscar uma medalha em um dos Jogos que me falha a memória agora, mas se não me engano foi em 2000. Sim, estou com preguiça de pesquisar...
Uma olimpíada acontece de quatro em quatro anos, enquanto o circuito da ATP é a vida do tenista, o que justifica a importância maior ao torneio da associação dos tenistas profissionais, valendo, inclusive, se poupar e não disputar os Jogos. Mas, temos de convir que exista toda uma questão financeira por trás disso.
Nada comparado, porém, ao que acontece (ou acontecia?) no basquete. Principal força do planeta no esporte, os Estados Unidos geralmente não levava suas maiores estrelas para a disputa, dando mais importância à NBA, liga altamente rentável e que contava - e conta ainda -, com essas peças em boas condições para manter seu brilho. Hoje, os cobras do time norte-americano já começam a se importar com os Jogos. Não sei se por influência de Kobe Bryant, que é um cara acima da média neste sentido ou se por causa de algumas derrotas que seus terceiros e segundos times andaram sofrendo.
Olhando por este prisma, chego – ou acho que chego, sei lá, tô com preguiça, já falei -, à conclusão de que a medalha olímpica é hoje o maior símbolo de amor ao esporte. A luta pela medalha olímpica é o esporte praticado pelo sentimento primaz da disputa, pelo prazer de vencer, como vencia quando começou brincando na infância. A luta por uma medalha é esporte em sua essência.
E, quando jogadores de futebol, basquete, tenistas entre outros consagrados em suas modalidades, se destacam para buscar este feito, merecem aplausos tanto quanto cada um dos heróis de esportes amadores que vivem em função do ciclo olímpico.
*Raoni David Colpas é jornalista, santista e editor do site da Federação Paulista de Futebol.