sexta-feira, 26 de abril de 2013

Merecimento


A CCJ da Câmara aprovou uma PEC que dá poder de veto à Câmara dos Deputados sobre decisões do STF. A medida conta com o apoio, obviamente, de parlamentares condenados no escândalo do Mensalão. Assim, o Poder Judiciário perderá a autonomia, ficando a mercê do Legislativo, este poder composto por pessoas de reputação tão ilibada (ironia, é bom deixar claro).

Enquanto isso, Marcos Feliciano, que é um boçal, é alvo de protestos por presidir a Comissão dos Direitos Humanos. Afinal, os interesses da Nação dependem dos de grupos específicos (ironia mais uma vez). Mas isso é normal, já que uma minoria barulhenta e intransigente faz-se ouvir mais que uma maioria que se cala. Ainda mais num país em que ser politicamente correto (chatice do caralho) dá voto e honestidade, não.

Normal também, pois no lugar desses parlamentares para-lamentar, uma grande parte da população (tão lamentável quanto), pra não falar a maioria, faria o mesmo. É tudo uma questão de oportunidade, de poder, de escolha. Temos políticos de merda porque somos cidadãos de merda.

quarta-feira, 24 de abril de 2013

Página virada?

Ontem, na Alemanha, dois dos maiores times do mundo se enfrentaram por uma das pernas das meias-finais da Liga do Campeões. Estes dois emblemas já haviam marcado presença na mesma fase da edição 2011/2012. O Bayern, que havia eliminado o Real Madrid, para depois perder a decisão para o Chelsea, recebeu o Barcelona, que fora ceifado pelos Blues no ano anterior.

Tudo levava a crer que seria uma contenda equilibradíssima. O Barça, com suas linhas ofensivas, com Dani Alves mais ponta que lateral, como é de hábito, com Messi, Xavi e Iniesta. O Bayern, por sua vez, com a base da fortíssima Seleção Alemã reforçada, principalmente, pelo francês Ribery e o holandês Robben. 

O que se viu, no entanto, foi um atropelamento. Uma avalanche vermelha pra cima da equipa blaugrana que, por certo, não imaginava um adversário tão forte. Desde que o time da Catalunha atingiu o patamar de equipe mítica, não havia sido subjugado como foi no relvado da Alianz Arena.  

E foi simples. Jupp Heynckes, o ótimo técnico bávaro, tratou de marcar a jogada no nascedouro, ainda na intermediária do adversário, o que fez com que a bola sempre chegasse quebrada aos pés mágicos de Messi, que, longe das condições físicas ideais, não chegou nem a ser um rebotalho de si mesmo. 

No mais, foi apostar na segurança dos espetaculares Schweinsteiger e Javi Martinez, na movimentação diabólica da dupla franco-holandesa, no faro de gol do avançado Mario Gomez e, sobretudo, na atuação quase perfeita de Thomas Müller, o melhor em campo.

MASSACRE Müller comemora um dos gols diante do Barça (Christof Stach/AFP)
Quanto ao Barcelona, ficou evidente quem sem Puyol e Mascherano (e com Bartra) em campo, não dá para deixar a zaga exposta como ficou, apenas com Busquets a atuar como trinco. Isso sem contar a desastrosa atuação dos dois alas (Dani Alves e Jordi Alba), que não foram a válvula de escape para quando os caminhos pelo meio (onde normalmente o Barça articula suas jogadas) estivessem fechados pelo gigante Schweinsteiger, escudado pelo espanhol Javi Martinez, e sobre os quais, Alves e Alba, o time alemão alçava a bola quando resolvia não invadir com a bola no chão.

Essa postura precisa ser repensada. Seu principal oponente, o Real Madrid, finalmente encontrou o caminho das pedras e tem levado a melhor sobre si, muito em função da absurda fase de Cristiano Ronaldo, mas também porque sua linha defensiva destoa da parte ofensiva.

Aconteça o que acontecer na partida de volta, no Camp Nou, o recado foi dado. O Barcelona depende demais do futebol de Lionel Messi (como qualquer equipe dependeria caso contasse com o gênio argentino) e dificilmente conseguirá passar à decisão, sobretudo com o camisa dez a meio pau e, mais ainda, porque tem que golear (sem tomar golos, de preferência) uma equipa extraordinária, pronta para corrigir a injustiça da última época. 

Como tudo na vida é cíclico, pode ser que o time que reinventou o jeito de jogar futebol e entrou para a História como um dos maiores de todos os tempos tenha chegado ao ocaso. 
Messi, o gênio que não brilhou (Michael Dallber/Reuters)

É preciso ir ao mercado. O problema é: quem comprar?

*por Fábio Preccaro

A qualidade do meia-atacante Mario Götze é inquestionável. Sua importância dentro do Borussia Dortmund está no mesmo patamar. Até por isso, o clube precisará buscar algum reforço de peso no mercado de transferências.

O técnico Jürgen Klopp tem como opção, dentro do elenco, os seguintes atletas: Großkreutz: meia, que foi titular nos títulos da Bundesliga e da Copa da Alemanha. Atua no lado esquerdo do campo (onde Marco Reus arrebenta); Leitner e Leonardo Bittencourt: ainda precisam de rodagem para serem titulares da equipe, mesmo que ambos já tenham mostrado que têm futuro.

Götze é um meia de habilidade e velocidade que chega muito bem ao ataque. Com características parecidas, o brasileiro Diego, do Wolfsburg, seria uma ótima opção, uma vez que está mais do que adaptado ao futebol alemão (vide suas temporadas nos Lobos e no Werder Bremen). Pelo valor gasto pelo Bayern de Munique na contratação do camisa 10, acredito que dinheiro não será problema para o BVB.

Se falamos de jogadores de qualidade, devemos citar Nico Gaitán, do Benfica. Com apenas 25 anos, o argentino canhoto também mescla rapidez com habilidade. Porém, com o provável título da equipe lisboeta, o presidente Luís Filipe Vieira não deve liberá-lo por menos de 30 milhões de euros.

Na última temporada, a equipe do Vale do Ruhr perdeu o japonês Kagawa para o Manchester United. Na Inglaterra ele ainda não conquistou seu espaço. Talvez fosse uma boa tentar trazê-lo de volta. Uma aposta seria o jovem Isco, do Málaga, que já provou sua qualidade, ou Beñat, do Bétis, mais experiente, porém que ainda não teve chance em um clube que briga por títulos.

Caso Klopp prefira não buscar um atleta para a mesma posição de Gotzinho (apelido em referência a Ronaldinho), o BVB poderia atuar com dois atacantes. Além de Lewandowski ser a referência, alguém poderia ser o segundo homem da frente. Nomes? Rodrigo, do Benfica, Diego Costa, do Atlético de Madrid, ou Schurrle, do Bayer Leverkusen.

Tem mais alguma ideia para a reposição de Götze? Comente!

*Fábio Preccaro tem 22 anos, é estudante de Jornalismo,
é fã do futebol do Velho Continente, dos Raimundos,
do Bad Religion e da Luíza.

terça-feira, 16 de abril de 2013

Quando o melhor negócio é não fazer negócio


*por Fábio Preccaro

Alguns portais já dão como certa a ida do zagueiro Dedé para o Cruzeiro. Com o Vasco da Gama passando por sérios problemas financeiros, o time mineiro pagaria um valor “x” e enviaria atletas por empréstimo. Nesse ‘pacotão’ comenta-se que o atacante Wellington Paulista (atualmente no West Ham), o lateral-esquerdo Diego Renan e o meia Alyson seriam os escolhidos para desembarcarem na Colina.

Se isso realmente se confirmar, o Corinthians está se livrando de um gasto desnecessário.

Hoje o atual campeão mundial conta com Paulo André, Gil, Chicão e Felipe como as primeiras opções para o miolo de zaga. Quem acompanha o futebol paulista sabe que os dois primeiros são titulares por merecimento, já que têm feito partidas sólidas, principalmente Gil. Chicão, experiente e que já foi capitão da equipe, é visto como reserva de luxo, haja vista que não precisa mais provar sua qualidade dentro de campo. Já Felipe, o menos badalado dos quatro, tem correspondido sempre que convocado. Logo, Tite não precisa de mais um jogador para a função.

Mesmo que digam que Dedé é melhor do que qualquer um destes zagueiros, Tite é conhecido por dar chance a aqueles que merecem. No momento, Paulo André e Gil são os titulares.

Claro que, caso algum investidor resolva bancá-lo e colocá-lo no alvinegro, ele seria muito bem vindo. Porém, com as peças já citadas não há necessidade do investimento, cogitado em torno de 13 milhões de reais por 45% do passe.  E não podemos deixar de imaginar quando um zagueiro do porte de Dedé receberia de salário no clube.

Neste momento, o mais prudente para o Corinthians seria evitar um gasto alto, em uma posição já formada. Quer investir pesado? Olhem para Alessandro e Fabio Santos.



* Fábio Preccaro tem 22 anos, estudante de
Jornalismo,  
é fá do futebol do Velho Continente, dos Raimundos, do Bad Religion e da Luiza.

O futebol moderno venceu


*por Vinicius Carrilho

A temporada do futebol brasileiro está apenas no começo. Por todo o país, estaduais mal planejados e de baixíssimo nível técnico começam a se arrastar para sua fase final. É verdade que dentro das quatro linhas praticamente nada de importante aconteceu neste começo de ano, porém, a emoção de José Silvério, ao vivo, no último domingo, deve ser considerada como um ponto para reflexão.

O “Pai do gol” estava no estádio do Pacaembu, a transmissão apenas no seu início e o grande Silvério, que muito já viu, viveu e narrou, não segurou as lágrimas quando o Guarani, rebaixado no Campeonato Paulista, pisou no gramado para enfrentar o Palmeiras.

Campeão brasileiro de 1978, o Bugre provavelmente foi a maior força que o interior já produziu. Por lá, jogadores do calibre de Careca, Djalminha, Zenon e Luizão demonstraram todo seu futebol. A equipe era uma fábrica de craques, temida por todos e, provavelmente, achou que esse cenário seria eterno. Atualmente, vive o amargo gosto do nono rebaixamento em 12 anos, está na Série C do Campeonato Brasileiro e tem em seu cotidiano boatos de que irá fechar seu departamento de futebol. A angústia de talvez nunca mais poder narrar uma partida do bugre levou José Silvério as lágrimas.

Sem títulos igualmente expressivos, mas tão tradicional quanto o clube campineiro, o Clube Atlético Juventus, da inigualável Mooca, vive situação semelhante. Antes conhecido como “moleque travesso”, graças às vitórias conquistadas diante dos grandes clubes de São Paulo, o Juventus amargou em 2013 mais uma queda para a Série A3 do Campeonato Paulista. Aliás, desde 2008 a equipe não sabe o que é integrar a elite do estadual.

Diante desta situação, as especulações sobre uma possível venda do estádio Conde Rodolfo Crespi, a Rua Javari, um santuário do futebol, local que deveria ser considerado patrimônio histórico da bola, são constantes. Também dizem que o lendário estádio pode dar espaço para uma moderna arena, forma como as canchas passaram a ser chamadas no cada vez mais moderno futebol.

Aliás, é de uma faixa da torcida juventina que saiu a inspiração para o título do texto. Na Javari, o único ódio nutrido é aquele ao futebol moderno. Algo bonito na teoria, mas cada vez mais temeroso na prática. A grande verdade é que o futebol moderno venceu e quem não se adequar a ele, está fadado a buscar os louros da vitória apenas em sua memória.

Guarani e Juventus são casos clássicos disso tudo. Os dois clubes pararam no tempo e acomodaram-se na falsa sensação de que sua força era eterna. Enquanto isso, o futebol foi mudando. A palavra “planejamento” virou mantra, “continuidade” um mandamento e profissionalismo algo imprescindível.

A situação das duas equipes não é única. Por todo o país, o que não faltam são exemplos de “Guaranis e Juventus”. A transição do futebol tradicional para o moderno não é fácil, principalmente para quem não dispõe de grande verba. O caminho é árduo, sinuoso, mas não impossível. Um exemplo disso é o Clube Atlético Penapolense. Seguindo o manual de bons costumes do futebol moderno, a equipe de Penápolis soma acessos consecutivos e está muito próxima de conseguir uma vaga na segunda fase do Campeonato Paulista, que, aliás, é o primeiro de sua história.

Resta-nos torcer para que todas as tradicionais equipes consigam entrar no trilho que anda guiado os caminhos do esporte mais popular do mundo. Que o ódio ao futebol moderno seja deixado de lado por alguns instantes, afinal, quem nunca ouviu a velha frase que dizia: “se não pode vencer seu inimigo, junte-se a ele”?

Aqui, toda a emoção do Pai do Gol.

* Vinicius Carrilho tem 22 anos, é jornalista
morador de Osasco e gostaria de ganhar a vida 
fazendo humor, mas escreve melhor do que conta piadas.

domingo, 14 de abril de 2013

O basquete brasileiro vive!

* por Vinicius Carrilho

Poucos esportes conseguiram ir do topo até o fundo do poço, no Brasil, como o basquete. Por aqui, grandes jogadores e times já puderam ser vistos. Como não lembrar da equipe formada por Guerrinha, Marcel, Oscar, Gérson, Israel, Paulinho Villas-Boas, Rolando, Cadum e Pipoca, todos comandados por Ary Vidal, que foi até Indianápolis, nos Jogos Pan-Americanos de 1987, e venceu os até então imbatíveis americanos? 
Equipe brasileira que venceu o Pan de 1987
Entre os homens, ainda tivemos Amaury, Rosa Branca e Ubiratan, que está imortalizado no Hall da Fama do Basquete, nos Estados Unidos. Se o pensamento for para as mulheres, é impossível não recordar das magias de Magic Paula, a mão certeira de Janeth e a realeza em forma de cestas que era a rainha Hortência.

Sem dúvidas, o Brasil foi tradicionalíssimo no basquete até o início dos anos 90. É verdade que sua popularidade nunca chegou perto do futebol, mas ele chegou a ser o segundo esporte na preferência da população.

Aliando o fim de equipes tradicionais, falta de investimento e uma desorganização monstruosa, o basquete chegou nos anos seguintes ao nível mais baixo que poderia e os efeitos foram imediatos. A Seleção Brasileira, antes temida, passou a ser presença esporádica em partidas decisivas e nos Jogos Olímpicos. O número de talentos nas quadras diminuiu consideravelmente e os poucos que apareciam tentavam suas vidas nos Estados Unidos ou Europa. Com tudo isso, o interesse do público também deixou de existir e os velhos ginásios pararam de receber público.

Nesse meio tempo, o vôlei se organizou, atraiu patrocínios e tornou-se potência. Revelando grandes jogadores a cada temporada, as conquistas tornaram-se uma agradável consequência. Com isso, passou a ser o segundo esporte que mais atrai a atenção dos brasileiros. Até hoje, dificilmente se vê uma partida da Superliga, seja masculina ou feminina, com pouco público.

Porém, o longo e tenebroso inverno que o basquete brasileiro enfrentou parece estar acabando. Com o apoio de ex-jogadores, criou-se em 2005 a Nossa Liga de Basquete. O intuito era profissionalizar o esporte, para tentar regatá-lo do buraco em que se encontrava. A iniciativa foi o início de uma grande mudança. Em 2008, foi anunciada a criação do Novo Basquete Brasil, a NBB. Mais organizada e com o apoio de grandes empresas, entre elas a Rede Globo, a liga tornou-se a única e oficial do país e desde então o cenário mudou radicalmente para o basquete masculino.

ALL STARS GAMES TUPINIQUIM Jogo das Estrelas da NBB 2012/2013
Boas equipes foram criadas e o esporte começou a viver um período de internacionalização, com estrangeiros vindo passar seu conhecimento aos brasileiros. Entre eles, impossível não destacar o argentino Rubén Magnano, treinador da equipe que colocou de volta a uma olimpíada, após 16 anos de ausência, o time masculino do Brasil.

Em quadra, os jogos da NBB são de bom nível e muito disputados. Na atual temporada, a fase classificatória acaba de terminar e o que se viu na última sexta-feira (12) foi de deixar qualquer fã do esporte otimista. Em quadra, Uberlândia e Franca fizeram um grande jogo, com vitória dos mineiros por 75 a 73. Fora, no ginásio Pedrocão, mais de cinco mil pessoas assistiram mais um capítulo da recuperação do basquete brasileiro.

Seria um grande exagero afirmar que o basquete do Brasil está totalmente curado. Principalmente o feminino, que tenta seguir o sucesso na NBB com a Liga de Basquete Feminino (LBF), necessita de muito mais apoio e estrutura. Porém, os resultados mostram que o esporte, antes número dois do país, já não está mais no fundo do poço. Ele segue em franca recuperação e mais vivo do que nunca. Vida longa ao basquete brasileiro!

* Vinicius Carrilho tem 22 anos, é jornalista
morador de Osasco e gostaria de ganhar a vida 
fazendo humor, mas escreve melhor do que conta piadas.
E agora acha que manja de basquete.

quinta-feira, 11 de abril de 2013

Galo forte? Sim senhor, mas prudência, dinheiro no bolso e canja de galinha não faz mal a ninguém...


* por Raoni David Colpas

Gosto do Cuca. Desde quando ele vestia a camisa 10 do Santos, quando eu ainda começava a tentar entender este tal de futebol, por quem me apaixonaria nos anos seguintes. E como técnico o Cuca também manda bem, desde os tempos de Goiás e mesmo tendo sido muito, mas muito mal, quando esteve à frente do meu Santos.

Mas, sob o comando do Atlético Mineiro ele está bem demais. Com criatividade e muita competência, montou e comanda um time muito interessante. Com um craque que é o Ronaldinho Gaúcho, um garoto promissor demais, que é o Bernard, bons atacantes como Tardelli, Jô, Guilherme, Luan... Bons volantes como o ótimo Leandro Donizete, que quase ninguém cita, além de Pierre, Serginho e agora Josué. Victor no gol, diante de uma defesa segura e alta. Enfim, um ótimo time, um ótimo elenco e um técnico em ótima fase.

O resultado disso tudo é que com um jogo a menos e 100% de aproveitamento, o Galo já tem garantida a melhor campanha da primeira fase da Taça Libertadores da América. O problema, porém, está justamente aí. Quem foi que disse que ter a melhor campanha na primeira fase do torneio continental é bom negócio? Não é há 16 edições, quando todos os melhores da primeira fase, sucumbiram.

A última vez que um time conquistou o título da Libertadores após ter a melhor campanha na primeira fase foi em 1996. Desde então, dos 16 campeonatos disputados, em dez ocasiões o melhor da primeira fase foi um brasileiro. Corinthians (1999, 2003 e 2010), Tricolor Carioca (2008 e 2012), Santos (2004 e 2007), Vasco (2001), Grêmio (2009) e Cruzeiro (2011), empolgaram seus torcedores e fraquejaram.

Destes, apenas o Vasco da Gama em 2001 e o Santos em 2007 conseguiram o aproveitamento máximo nos seis primeiros jogos, algo que o time mineiro pode igualar caso vença o São Paulo na última rodada. O clube carioca tem, aliás, a melhor campanha de todos os tempos na primeira fase desde que as vitórias passaram a valer três pontos, em 1995. Para superar isso, os mineiros precisam de uma vitória por 2 a 0 contra os paulistas.

É improvável, porém, que supere o melhor ataque entre os melhores times da primeira fase, já que marcou 16, enquanto o América de Cáli em 2000 e o seu arquirrival Cruzeiro, em 2011, sob o comando de Cuca, marcaram 20 gols nos seis jogos.

Entre estes bons iniciantes na competição continental, quem esteve mais próximo do título foi o time das Laranjeiras em 2008, sendo o único a alcançar a final do torneio. Por outro lado, América de Cali em 2000, Corinthians em 2003 e 2010, além do próprio Cruzeiro em 2011, foram os mais precoces em suas quedas, eliminados já nas oitavas de final.

Quando o River Plate conseguiu tal façanha em 1996, os argentinos contavam com um timaço, que tinha, por exemplo, Marcelo Sallas, Hernan Crespo, Ortega, Sorin, Francescoli... Fez 14 dos 18 pontos possíveis na primeira fase, superando o San Lorenzo, Minerven e o Caracas. Eliminou na sequência o Sporting Cristal, o San Lorenzo e o Universidad do Chile, antes de bater o América de Cáli na decisão.

Já no ano seguinte, coube justamente ao Cruzeiro dar início a este jejum de título dos melhores na primeira fase. Com 16 pontos em 18 disputados, o Colo Colo foi o melhor, mas o time mineiro tratou de eliminá-lo na semifinal da competição e com gol salvador de Elivelton, comemorar o título diante do Sporting Cristal.

Campeão em 1996, o River Plate fez de novo a melhor campanha da primeira fase em 1998 e assim como o melhor de 1997, caiu na semifinal e para um brasileiro que seria campeão. Com um gol antológico de Juninho Pernambucano no Monumental de Nuñes, o Vasco despachou os argentinos e abriu caminho para o título diante do Barcelona equatoriano.

A edição de 1999 foi a primeira que teve um brasileiro como o melhor na primeira fase deste período. O Corinthians superou o seu arquirrival Palmeiras dentro do Grupo 3 e não poderia esperar por castigo pior: acabou eliminado pelo alviverde na semifinal após confrontos épicos com direito a classificação do time do Palestra Itália após disputa de pênaltis. Diante do Deportivo Cali, os palmeirenses comemoraram, também após tiros diretos da marca da cal, sua primeira conquista da América.

Em 2000, o América de Cali, rival do Deportivo, surgiu com um ataque arrasador ao marcar 20 gols em seis jogos. Mas, foi a maior decepção até então, ao ser o primeiro melhor time da primeira fase a ser eliminado logo nas oitavas. O América do México, responsável por sua eliminação perdeu para o Boca Júniors de Riquelme na semifinal. Após vencer o Palmeiras, os argentinos ficaram com o título.

Com Romário, Juninho Paulista e Pernambucano, Euller, Viola e etc em 2001, o Vasco voltou a fazer uma boa campanha na primeira fase, a melhor até hoje, desde que a vitória vale três pontos. Ganhou todos os jogos, marcando 16 gols e sofrendo cinco. Mas, nas quartas de final, cruzou com o Boca Juniors, não conseguiu marcar nenhuma vez, sofreu quatro gols e viu o time argentino ser campeão numa final contestada e com mais uma assinatura de Márcio Rezende de Freitas, contra o Cruz Azul do México.

E se um mexicano chegou à final em 2001, vem de lá o dono da melhor campanha da primeira fase na edição de 2002. O América do México chegou invicto à semifinal com o surpreendente São Caetano, que após enfrentar inclusive a fúria da torcida mexicana no jogo da volta, foi decidir o título com o Olímpia do Paraguai. O título escapou por entre os dedos da equipe do ABC que precisava apenas do empate para ser campeão, vencia no Pacaembu até o começo do segundo tempo, mas sofreu a virada e perdeu o título nos pênaltis.

De volta à Libertadores depois de 18 anos, o Santos, em 2003, fez a segunda melhor campanha da primeira fase, superado apenas pelo Corinthians, que conseguia o feito pela segunda vez na história. Mas, tão decepcionante quanto a eliminação para o Palmeiras, foi a queda precoce, logo nas oitavas de final diante do River Plate. Rivais de ambas as equipes, Santos e Boca Júniors decidiram a competição, e mais uma vez os argentinos levaram a melhor.

E o time da Vila Belmiro parecia se empolgar com a volta às disputas continentais e em 2004 teve a melhor campanha da primeira fase com 16 pontos conquistados. Porém, esbarrou na grande surpresa do campeonato, o Onde Caldas, nas quartas de finais. O time colombiano ainda despachou o São Paulo nas semis e para completar a derrubada de gigantes, foi campeão em cima do Boca Juniors.

Depois de longo período de ostracismos e campanhas tímidas, 2005 significou a volta do River Plate, líder entre as campanhas da primeira fase. No entanto, o time argentino trombou com outro gigante da Libertadores que também andava sumido. O São Paulo contou com atuação exuberante do meia Danilo para eliminar os argentinos em pleno Monumental de Nuñes, eliminou os favoritos e foi campeão diante do Atlético Paranaense.

Outro argentino seria o líder da primeira fase em 2006 e outro brasileiro seria o campeão. O Velez Sarsfield somou 16 pontos com 18 gols marcados, três por jogo, mas caiu nas quartas de final diante do Chivas Guadalajara, que perdeu mais tarde para o São Paulo na semifinal, que foi derrotado pelo Internacional de Porto Alegre na decisão do título.

Comandado por Vanderlei Luxemburgo à beira do gramado e por Zé Roberto dentro de campo, o Santos teve em 2007 uma campanha de 100% de aproveitamento com 12 gols marcados e um sofrido, sendo superado como melhor campanha pelo Vasco de 2001 exatamente pelo número de gols pró. No entanto, o bem montado Grêmio de Mano Menezes se deu melhor na semifinal e acabou sendo derrotado pelo Boca Júniors na decisão.

Dono da melhor campanha entre os melhores da primeira fase, o tricolor de Conca e Thiago Neves chegou até a decisão da Libertadores e esteve muito próximo de vencer a LDU de Quito. Mas Guerron, Bolaños e etc venceram os cariocas nos pênaltis, sagrando-se campeões.

Vice-campeão de 2007, o Grêmio voltava a empolgar o seu torcedor emplacando a melhor campanha de 2009 com um time de qualidade técnica discutível. Mesmo assim, a campanha era ótima e o levou até a semifinal, quando topou com o Cruzeiro de Ramires, que voava no meio de campo celeste. A boa fase do volante, porém, não foi suficiente para superar o talento de Veron, que conduziu o Estudiantes ao título continental.

Obcecado pelo título que todos os rivais já possuíam, o Corinthians fez novamente a melhor campanha em 2010 e novamente decepcionou o seu torcedor. Tido como o grande favorito diante do Flamengo, o clube paulista acabou sendo eliminado em pleno Pacaembu nas oitavas de finais. Os cariocas também não foram longe, sendo eliminados na fase seguinte pelo Universidad de Chile, que foi eliminado pelo Chivas Guadalajara na semifinal, que perdeu o título para o Internacional de Porto Alegre.

Com Cuca no comando, o Cruzeiro pintou como o principal favorito ao título da Libertadores de 2011 quando fez a melhor campanha da primeira fase. No entanto, o velho Once Caldas ressurgiu na vida dos brasileiros, eliminando os mineiros ainda nas oitavas de finais. No entanto, os colombianos não repetiram 2004 e foram eliminados pelo Santos de Neymar, Elano e Cia. O time da Vila Belmiro avançou até a decisão e sagrou-se tri da Libertadores diante do tradicional Peñarol.

Por fim, 2012 voltou a ser um bom ano para o Tricolor carioca na primeira fase da competição, quando conseguiu cinco vitórias em seis jogos. Mas o time carioca não superou o Boca Júniors, que avançou até a decisão, onde enfrentaria o Corinthians que pela primeira vez chegava à final do torneio continental. Com um empate na Argentina onde brilhou Romarinho e uma vitória no Pacaembu com a assinatura de Danilo e Emerson, o time do Parque São Jorge conquistou o primeiro título de sua história na Libertadores.

Confira as campanhas dos melhores times das primeiras fases da Libertadores.

2012 – Grupo 4
Tricolor do Rio (quartas de final) 6J 5V 0E 1D 7GP 4GC 15PTS

2011 – Grupo 7
Cruzeiro (oitavas de final) 6J 5V 1E 0D 20GP 1GC 16PTS

2010 – Grupo 1
Corinthians (oitavas de final) 6J 5V 1E 0D 9GP 3GC 16PTS

2009 – Grupo 7
Grêmio (semifinal) 6J 5V 1E 0D 11GP 1GC 16PTS

2008 – Grupo 8
Tricolor do Rio (final) 6J 4V 1E 1D 11GP 3GC 13PTS

2007 – Grupo 8
Santos (semifinal) 6J 6V 0E 0D 12GP 1GC 18PTS

2006 – Grupo 5
Vélez Sarsfield (ARG) (quartas de final) 6J 5V 1E 0D 18GP 6GC 16PTS

2005 – Grupo 5
River Plate (ARG) (semifinal) 6J 5V 1E 0D 12GP 5GC 16PTS

2004 – Grupo 7
Santos (quartas de final) 6J 5V 1E 0D 16GP 6GC 16PTS

2003 – Grupo 8
Corinthians (oitavas de final) 6J 5V 0E 1D 15GP 6GC 15PTS

2002 – Grupo 7
América (MEX) (semifinal) 6J 5V 1E 0D 9GP 2GC 16PTS

2001 – Grupo 6
Vasco da Gama (quartas de final) 6J 6V 0E 0D 16GP 5GC 18PTS

2000 – Grupo 6
América (COL) (oitavas de final) 6J 5V 1E 0D 20GP 10GC 16PTS

1999 – Grupo 3
Corinthians (semifinal) 6J 4V 0E 2D 16GP 8GC 12PTS

1998 – Grupo 5
River Plate (ARG) (semifinal) 6J 5V 1E 0D 15GP 6GC 16PTS

1997 – Grupo 3
Colo Colo (CHI) (semifinal) 6J 5V 1E 0D 12GP 4GC 16PTS

1996 – Grupo 5
River Plate (ARG) (campeão) 6J 4V 2E 0D 14GP 3GC 14PTS

*Raoni David Colpas é jornalista, santista e editor do site da 
Federação Paulista de Futebol. E não gosta de textos curtos.

Bovinamente

A mãe do menino Victor Hugo Deppman, morto por um "dimenor", foi entrevistada hoje pela manhã na Rádio Bandeirantes. Seu filho morreu pelas mãos uma "criança" de 17 anos, que, por dois dias, DOIS DIAS, não tinha consciência dos seus atos, segundo a arcaica legislação brasileira. O assassino (menor infrator é o cacete), segundo consta, tem ficha corrida, já passou pela Fundação CASA e, obviamente, não foi recuperado.

A lei é ultrapassada? Sim, e muito, pois foi baseada nos usos e costumes dos anos 1970, mas a qualidade dos legisladores é um reflexo da qualidade do eleitorado, e este não muda. Aliás, muda sim, mas pra pior.

Enquanto isso, Marco Feliciano e o preço do tomate são os assuntos mais importantes, são as bolas da vez. Não que a causa homofóbica (extremamente legítima) ou a questão da maconha (legítima porra nenhuma) ou qualquer outro tema populista que os valha não tenham importância, mas perdemos o discernimento do que é prioritário.

Este é o espelho da nossa sociedade. Somos um bando de idiotas. E não fazemos nada pra mudar. Fazemos piada de tudo, rimos feito hienas da própria desgraça, como uma nova versão da Amélia, mas em vez de mulher, imbecis de verdade.

Mas é normal. Afinal, a Gloria Perez ainda não escreveu nenhuma novela sobre o tema, né?


*nem vou pedir perdão pelo palavrão. Neste caso, a licença poética cabe. 

quarta-feira, 10 de abril de 2013

Mais uma vida perdida. Até quando?

Na descrição deste blog temos a frase “sobre futebol e outros mundos menos importantes”. É verdade que esta é a nossa maior paixão, mas como colaborador deste me achei no direito de falar sobre algo que me entristeceu muito no início desta quarta-feira.

Morreu no bairro do Belém, zona leste de São Paulo, o jovem estudante Victor Deppman. O rapaz voltava de seu estágio quando foi abordado por um assaltante que, sem pestanejar, atirou no garoto. O jovem cursava Radio e TV e batalhava todos os dias para conseguir realizar seu sonho. Mais um guerreiro que não pode realizar todos seus objetivos por conta de uma ignorância, aliás, por conta de uma mochila.

Não conhecia o Victor, mas conheço pessoas que o tinham como amigo. Fico pensando na família, nesses amigos e em todos aqueles que como eu estão indignados com este tipo de situação. A vida de alguém valer uma bolsa, um celular ou qualquer quantia em dinheiro.

E como muitos apaixonados por futebol, gostaria que déssemos a mesma importância para este tipo de situação. Tomara que não caia no esquecimento. Afinal, ninguém pode interromper um sonho por algo tão fútil.

Este dá seus pêsames à família e a todos que de algum modo se sentiram atingidos por este tipo de caso.

Sobre o futebol de verdade

Eu sou saudosista. Sou do tempo em que um jogador de 17 anos não tinha cinco ou seis aspones, não usava medalhão no pescoço ou boné de aba reta, nem andava com caixas de som portáteis tocando "músicas" com todas as aspas possíveis, mas impossíveis de ouvir; as Marias-Chuteira eram balzaquianas e não menininhas estimuladas pelos pais. 

Os comentaristas eram jornalistas de verdade ou craques indiscutivelmente preparados, como o Mário Sérgio Pontes de Paiva, craque dentro e gênio fora de campo. As torcidas não eram infestadas de marginais e, quando brigavam, o faziam no braço. Discutíamos um craque na mesa do bar, não no Facebook, baseados nos dados da wikipedia ou pelos atributos reais de um Football Manager

Hoje virou business, show-biz. Mero entretenimento tipo-exportação. E é o dinheiro da TV quem determina quem será ou não campeão. É um esporte parecido com futebol, no qual Manchester City, PSG e Chelsea são grandes, e compraram tal grandeza no supermercado. Os craques eram forjados na guerra-santa dos gramados, não pela interferência de agentes e pseudo-jornalistas vendáveis e imprestáveis. 

Gosto do futebol produzido pela sola grossa do pé descalço. Do pé nu de um Zico. Ou Sócrates. Ou Careca. Ou Enéas. Ou Dener. Em vez do pé desnudo, chuteiras coloridas, florescentes; no lugar do xingamento, do desabafo, do soco no ar, corações com as mãos e dancinhas. E cabelos estranhos. E meninas histéricas. E namoradas atrizes.

Craque de verdade
Particularmente, divido o futebol em dois: o brasileiro, que é meu trabalho e apenas isso, exceto quando a Portuguesa está em campo, e o português, que tem meu Benfica, que vive do dinheiro dos próprios associados. Isso sim é grandeza. 

Grandeza que foi demonstrada hoje pelo gigante, monumental, Borussia Dortmund, que teve, como bem disse o pessoal da Trivela (um respiro de futebol nessa cobertura pasteurizada, quadrada e chata que vemos por aí), colhões para vencer o Málaga, mais um desses novos-ricos que viraram potência do nada. A grandeza de um time que se faz enorme pela sua organização e pelo arrojo de um Jürgen Klopp, que não tem mídia puxando o saco, mas tem o que o futebol de verdade tinha, tem e sempre terá: colhões. 


COLHÕES O excelente Klopp, do Borussia Dortmund (DDP)