segunda-feira, 20 de outubro de 2014

O dilema de Tostines e as eleições no Brasil


Estive conversando durante a semana com o jornalista Luis Simon, o Menon, sobre o pleito deste mês de outubro e, entre tantas observações, ele me disse que o Brasil é uma jovem democracia.

O que me assusta é que, baseado no que estamos assistindo e lendo, o eleitor brasileiro tem piorado com o passar dos anos e com as eleições (se eu não estiver equivocado, esta é a sétima eleição direta para presidente desde o fim do regime militar). A prova é o nível da campanha eleitoral em curso.

Fica o dilema de Tostines, mas em vez se perguntar se "vende mais porque é fresquinho ou é fresquinho porque vende mais", a questão é se os candidatos são ruins porque o eleitor não é exigente ou se o eleitor não é exigente porque os candidatos são ruins.

 

Assim como no primeiro turno, a campanha é baseada na desconstrução do adversário. É o clássico Nhô Ruim x Nhô Pior. "Ah, o candidato me acusa disso, mas o partido dele fez isso e isso" é o que se tem de um lado. "A senhora está faltando com a verdade, candidata", é a resposta do outro. Propostas? Para quê, se o povo não se importa? 

Tratam a disputa como uma guerra entre torcidas organizadas, que respinga nas redes sociais e transforma parte do seu eleitorado em ignorantes e barulhentos ativistas sem informação e, por consequência, sem argumentos. O tom usado pelos candidatos, pelas siglas e pelos militantes de última hora faz uma briga de reunião de condomínio parecer com crianças mostrando a língua através do vidro traseiro do carro. 





Ao candidato da oposição, a missão fica mais fácil, pois é só apontar os deslizes de quem ocupa o cargo. Se fosse o contrário, seria assim também (como foi em 2001). 

No fim das contas, questões importantes ficam de fora do debate. Reforma política? Esquece. Se quiser, é só reeleição. O resto fica de fora. PMDB? Que importância tem?

É a velha briga do mar contra o rochedo, em que o marisco leva a pior. Só que o marisco, no caso, é o povo.


*Imagens extraídas da internet

quinta-feira, 9 de outubro de 2014

O 7 a 1 eleitoral

Por Leandro Marçal*

Não importa se a escolha da maioria no próximo dia 26 seja uma "petralha/corruPTa/comuna" ou um "tucanalha/coxinha/reaça" para ocupar a presidência do país. Nós todos já perdemos as eleições. E de goleada.

O primeiro e segundo gols saem quando alguns autointitulados "esclarecidos" e "inteligentes" desrespeitam os que optaram por outra escolha, que exerceram seu direito de ter outra opinião. Logo em seguida, pipocam links, sites e vídeos disseminando o ódio e a intolerância com os que ousam pensar diferente – sejam eles nordestinos ou paulistas. O que importa é menosprezar aqueles que pensam de forma diferente.


Quando nos damos conta de que há uma suposta preocupação com a política e os rumos do Brasil apenas no mês de eleições e ainda assim com o único propósito de conseguir likes e compartilhamentos no Facebook, já está 3 a 0 para eles. Tudo isso num frango coletivo, quando muitos se atrapalham e repetem discursos sem saber o motivo


Quarto gol! Temos no dia a dia uma conduta individualista, egoísta e retrógrada. Brigamos no trânsito, nos estádios, nas baladas. Agredimos os que pensam de outro jeito ou têm outra opção sexual. Por vezes, discriminamos os que têm uma cor de pele diferente da nossa. Ainda assim, a culpa é apenas do governo.

O 5 a 0 sai logo na sequência, quando temos um congresso estúpido e vergonhoso. Os que nos “representam” são despreparados, com más intenções, intolerantes e olham apenas para o próprio umbigo – qualquer semelhança com o seu dia a dia não é mera coincidência. Elegemos aberrações que nos causam um prejuízo bilionário ano a ano para pouco (ou nada) fazer por nós mesmos.

Seis, sete. Hashtags estúpidas, debates rasos, argumentos inexistentes, como se política fosse arquibancada de um estádio de futebol. Intolerância e desrespeito ao que chamamos de democracia. Um verdadeiro chocolate. Oportunismo, manipulação, Empreiteiras, banqueiros, fanáticos dando o tom das campanhas fecham a goleada massacrante.


Talvez o gol de honra seja a liberdade que temos para escolher em quem votar, mas não faz a menor diferença, pois não importa quem vença do lado de lá, nós já perdemos do lado de cá. 

E assim segue o jogo...

*Leandro Marçal é um jornalista de 23 anos, torce pelo tricolor paulista
 e por um mundo menos hipócrita e com mais bom humor.
E, apesar do nome de sambista, é incapaz de tocar um reco-reco.
Ainda assim, é o Rei da Noite de São Vicente.