segunda-feira, 27 de julho de 2015

De esquerda

Marinho Rato era o típico meia clássico do futebol brasileiro no final dos anos 1960. Número 8 às costas, cabeça e pé pensante do time, Marinho tinha recebido a alcunha do roedor por ser franzino e rápido. Ele era meia direita e principal jogador do Operário.
Era semana de decisão do campeonato distrital e o Operário iria enfrentar o poderoso Ordem e Progresso, time da mesma cidade, que tinha como um dos torcedores mais fanáticos o delegado Paranhos.  Doutor Paranhos, como fazia questão de ser chamado o policial de linha dura, só pensava na partida e no prestígio que o título lhe traria, uma vez que era um dos patronos do time, com quem fazia questão de aparecer nas fotos. “Sempre à direita!”, dizia.
Mas uma coisa lhe tirava o sono: a fase exuberante de Marinho Rato. O meia do Operário era o principal jogador daquele campeonato e fazia o diabo com a perna direita. Paranhos precisava de um jeito de tirar o craque do certame. Só não sabia como. “Se ao menos esse desgraçado estivesse envolvido com algum bando de subversivos…”, pensava, enquanto enrolava o bigode e batia a caneta na mesa de mogno da delegacia. Marinho, no entanto, nem politizado era e só pensava em jogar bem aqueles jogos finais para, com sorte, algum olheiro o levar para uma equipe qualquer da capital.
A fama de Marinho era tanta naquelas plagas que o Operário, preocupado com alguma possível interferência externa na decisão, resolveu presentear as autoridades da cidade com camisas autografadas pelo seu astro. Como era avesso a badalações, a pouca paciência dele fez com que assinasse com um singelo “MR-8”.
Eram tempos de ebulição política no país, mergulhado nos Atos Institucionais, que suspenderam os direitos civis da população, em nome da chamada “segurança nacional”. Naquela mesma semana, dois grupos que caíram na clandestinidade com o advento do AI-5 sequestraram o embaixador dos Estados Unidos no Brasil, Charles Elbrick: a ALN e o Movimento Revolucionário Oito de Outubro, o MR-8.
O primeiro jogo da decisão foi disputado no campo do Ordem e Progresso, que entrou com força máxima. O Operário, surpresa do campeonato, também estava sem desfalques. O time da casa saiu na frente no primeiro tempo com o gol do centroavante Meia-Noite e praticamente mandou no jogo, mas os visitantes empatarem no fim, com um golaço de falta de Marinho Rato, por cima da barreira, no ângulo esquerdo do goleiro Zeca Vinte e Dois, que recebeu o apelido por ter seis dedos em cada mão, que, somados aos dez dos pés, davam os 22 do apelido sacana. Pela melhor campanha, ao Operário bastavam dois empates para ser campeão, e o primeiro jogo acabou com o resultado justo.
Ao final da porfia, os dirigentes do Operário ofertaram as camisas às autoridades, como planejaram, e uma delas, obviamente, chegou às mãos do delegado Paranhos, que puxava os poucos cabelos que ainda restavam e matutava em como descobrir uma forma de Marinho Rato não jogar.
Ele não ficou muito feliz com o presente. Ora, uma camisa com o nome do maior dos obstáculos que tinha para sua promoção pessoal era a última coisa que gostaria de receber naquele dia, mas antes de jogá-la num canto qualquer da sua sala na delegacia, reparou no autógrafo. Foi o que bastou.
No dia seguinte, uma diligência esperava o camisa oito no final ao treino, a fim levá-lo à delegacia para que prestasse esclarecimentos sobre seu suposto envolvimento com a organização. Marinho, evidentemente, não fazia ideia do que estava acontecendo, tampouco por que apanhava para confessar algo que sequer conhecia.
“Cadeira do Dragão” era o nome de um instrumento de tortura muito usado nos aparelhos de inquisição do regime militar no Brasil dos anos 1960 e 1970. Consistia numa pesada cadeira com assento de metal ligado a um terminal elétrico. A cadeira também era dotada de uma travessa de madeira que empurrava as pernas para trás, e a cada espasmo provocado pelas descargas elétricas, as pernas batiam na travessa, o que causava ferimentos sérios.
Marinho passou aquela tarde inteira sentado na Cadeira do Dragão. Quando a sessão de torturas chegou a um ponto em que ele sequer conseguia gritar de dor, o delegado foi consultado para saber se deveriam prosseguir. Paranhos, embora fosse simpático ao regime, queria apenas tirar Marinho Rato do jogo. Então se certificou de que o jogador estava impossibilitado para a partida, mas sem maiores consequências. Afinal de contas, o que lhe interessava era o título, apenas isso.
Paranhos era só alegria. “Esse coitado nem deve saber o que é o MR-8, mas fazer o quê?”, pensava a cada vez que olhava o autógrafo na camisa. Com as pernas em frangalhos e sem participar dos treinamentos durante a semana, Marinho já era carta fora do baralho para a decisão com o Ordem e Progresso. No entanto, o pessoal do Operário conhecia um Pai de Santo dos bons, que, se não o deixou na ponta dos cascos, ao menos o colocou em condições de ficar no banco de reservas.
Para isso, Rato teve que passar uma noite deitado no sereno, completamente nu, e passar uma espécie de unguento feito de nas pernas, enquanto dizia a seguinte frase: “Pra salvar os cambito, passo baba de cabrito”.
Como desgraça pouca é bobagem, ele teve febre naquela noite. “Porra! Já não bastasse a perna, agora essa merda dessa gripe? Aquele Pai de Santo do caralho só me tirou dinheiro”. Só que, de tanto suar, tudo o que estava de ruim no corpo dele saiu e, pela manhã, já estava melhor, embora ainda sentisse dores muito fortes nas pernas.
Quando chegou ao estádio municipal, Paranhos foi ao vestiário e pagou o bicho do título adiantado. “Confio em vocês, rapazes. Vamos para a foto do título. Eu, claro, fico sempre à direita!” E ria. Riu até o momento em que viu Marinho Rato entrando indo para o gramado. “Eu vi esse filho de uma égua apanhando e ele vai para o jogo? Ah, ainda está mancando e vai para o banco. O palhaço não tem a menor condição de jogar. Menos mal”.
Marinho, no banco, assistiu ao Ordem e Progresso abrir o marcador e dominar o primeiro tempo completamente. No intervalo, no vestiário, ele tomou a palavra e, olhando nos olhos de seus companheiros, disse com firmeza: “Eu tô com a perna toda fodida, mas se precisar eu entro nessa porra! A gente trabalhou pra cacete pra chegar até aqui e vocês vão deixar os caras tocarem a bola enquanto vocês só olham? Vamos ganhar essa porra e mostrar para eles que somos fortes!”
O segundo tempo começou como o primeiro, mas aos poucos o Operário passou a deter a bola por mais tempo. Quando faltavam 15 minutos, Marinho Rato foi para o jogo. Ainda mancava um pouco, mas conseguia participar da partida. “Uma bola. Preciso de uma bola”, ele pensava. E essa bola veio quando faltavam oito minutos para o final. O lateral Esquerdinha virou o jogo para Catatau, um ponteiro direito baixinho e rápido, que era um pouco mais alto que a bola, que avançou como um raio e cruzou para a entrada da área, onde estava Marinho Rato. Como a perna direita doía, ele pegou de sem-pulo, de canhota. Nem os dedos a mais ajudaram Zeca Vinte e Dois a defender o pombo sem asa.
Que ironia para Paranhos. Viu o título escapar com um chute do MR-8, de esquerda, depois de um passe vindo justamente da direita. 

Naquele dia, nenhum olheiro foi ver o jogo.

quarta-feira, 8 de julho de 2015

Sete razões que mostram que o 7 a 1 não serviu para nada

Massacre consumado. Schurrle comemora o sétimo gol da
Alemanha no Mineirão (Foto: André Durão)
Hoje, 08 de julho de 2015, a maior humilhação da história do futebol brasileiro faz um ano. Há exatos 365 dias (ou, se o leitor preferir, uma volta completa da Terra em torno do Sol) o Brasil era esmagado pela Alemanha, no Mineirão, por 7 a 1.

Seja o que acontecer, uma derrota deste tamanho nunca será apagada da nossa memória – e, convenhamos, da de ninguém. No entanto, deveria servir para que o futebol nacional fosse avaliado de forma ampla, como aconteceu na própria Alemanha a partir do final dos anos 1990. 

Só que o Brasil é diferente. Não é só no Hino Nacional que estamos deitados eternamente em berço esplêndido. Num primeiro momento, o comando do futebol viu a sapecada alemã como mero reflexo de um “apagão” de oito ou dez minutos e, como jogo atípico que foi, a maionese andaria da mesma forma que desandou.

Tudo bem. Uma goleada numa meia-final de Copa do Mundo é atípica sim, mas não foi de graça ou obra do acaso. No gramado do remodelado Magalhães Pinto se defrontaram, naquela fatídica tarde de quinta-feira, o retrógrado e o moderno. O velho e o atual. O Brasil e a Alemanha.

Existem inúmeras razões para explicar que nada de relevante foi feito desde que Klose, Schweinsteiger e Cia. trucidaram o enferrujado time dos obsoletos Carlos Alberto Parreira e Luis Felipe Scolari.

Para não se esquecer dos sete esféricos no balaio, apontamos sete motivos:


PASSA UM BOI... Muller, livre, abre o placar no Mineirão.
“Renovação” com Dunga
Assim que a Copa do Mundo acabou, a comissão técnica da Seleção Brasileira foi dissolvida. Fôssemos mais sérios, ruiria toda a estrutura da CBF, a começar pela presidência. Mas, como é de praxe, arrumaram um bode expiatório (Felipão) que assumiu toda a responsabilidade dos tais oito minutos de pane geral. Entregue a cabeça do antigo comandante, era hora de renovar. Mas aí alguém sugeriu o nome de Dunga, o capitão do Tetra, que já havia treinado a Seleção na Copa de 2010.

Mesmo sendo um time pragmático e que jogava apenas nos contra-ataques e em função dos laterais, o Brasil de Dunga colecionou excelentes resultados e ganhou a Copa das Confederações com autoridade (como Felipão). Na Copa, porém, parou na Holanda. Desde então, o técnico, que foi substituído após o Mundial, foi treinador apenas no Internacional-RS, e por incríveis oito meses. E mais nada.

Aí vieram os amistosos. Dez deles. E o Brasil ganhou todos. E a euforia voltou. E veio a Copa América. E o futebol sumiu. Sumiu a ponto de terminar o jogo contra a Venezuela com quatro zagueiros em campo.

Pelo tamanho da camisa e da reputação que tem, o Brasil não tem o direito de jogar com tantos dedos defensivos. Mas Dunga pensa que tem. E todo mundo sabia que ele pensa que tem. Mesmo assim, ele voltou. 


HISTÓRICO Klose marca o segundo do jogo e chega a 16 gols em Copas
Neymar-dependência
É natural que um time que tenha um craque jogue em função dele ou, pelo menos, facilite que sua estrela brilhe. O que não é normal é o Brasil ter apenas um craque. Apenas comparando, a Seleção de 1970 tinha seis ou sete craques apenas entre os titulares. Jogadores como Alex, Dirceu Lopes, Enéas, Neto e Djalminha sequer jogaram Copas do Mundo, ao passo que um semi-gênio como Ademir da Guia teve direito a apenas 45 minutos em campo, e de um jogo que valia o terceiro lugar.

Ou seja, a oferta de jogadores de alto nível era enorme, ainda mais em se tratando de um esporte praticado de norte a sul em um país com dimensões continentais. Por melhor que fosse o jogador – e craques não faltavam –, este teria com quem dividir a responsabilidade de levar o time.

Diferentemente do que acontece com Neymar. Se no Barcelona ele é uma peça muito bem encaixada na engrenagem do Luís Henrique, no Brasil de Dunga é bola nele e que Deus nos ajude. Na Copa já foi assim, e, sem estofo necessário para carregar o fardo, não rendeu o que poderia caso houvesse quem o auxiliasse ou, melhor ainda, fosse referência na equipe.

Pelé não era o principal jogador em 58; em 94 Ronaldo sequer entrou em campo, uma vez que Bebeto e Romário eram os grandes nomes tecnicamente. E tinha jogadores de nível e rodagem, como Dunga, Taffarel e Jorginho. Mesmo Romário surgiu na Seleção quando a geração de 82 ainda tinha lenha para queimar.

Calhou de, na Copa, nas semi-finais, o camisa 11 do Barcelona estar de fora. Mas é provável que um craque ainda cru como ele, com a camisa da Seleção – é bom dizer –, não faria a menor diferença diante do poderio alemão, o que nos remete diretamente a outro fator.      

ESTAVA FÁCIL Kroos amplia para a Alemanha
Formação de jogadores
Oliver Seitz, PhD em Indústria do Futebol pela Universidade de Liverpool e professor da University College of Football Business de Londres, escreveu no blog do Juca Kfouri que a sensação de o futebol brasileiro passar por uma crise sem precedentes está diretamente ligada ao fato de que nosso grau de exigência é elevado desde os anos 1950. Ele crava a data para comparar o primeiro período pós Copa que tivemos com o atual, quando também amargamos a derrota em casa. 

Seitz elenca problemas como dificuldade para segurar jogadores no país, para ter os estádios cheios (cuja média histórica de público está estagnada em cerca de 15 mil pessoas há mais de meio século). Em suma: ele trata como alarmante e equivocada a tal da crise. Seitz só se esqueceu de um detalhe muito, mas muito importante: desde sempre o Brasil produziu jogadores de altíssimo nível, contrapondo-se aos dirigentes incompetentes e, muitas vezes, desonestos que também eram item de série do ludopédio tupiniquim.

Se continuamos a formar cartolas ruins, as categorias menores do futebol brasileiro secaram. E não parece ser uma simples entressafra, mas um problema endêmico na formação dos jogadores. Os clubes se preocupam em ganhar títulos na base, em vez de lapidar os jovens talentos que têm. Olham para a parte tática, a despeito das características individuais dos jogadores. É 3-5-2 pra lá, 4-2-3-1 pra lá, volta-para-recompor, atacante-que-volta-para-marcar-o-lateral. Meia? Aquele clássico? Aquele baixinho não-musculoso que pensa o jogo em vez de ganhar no corpo? Esquece.

Nos times pequenos a situação é mais dramática. Antigos centros de revelação de grandes nomes do futebol nacional, estes times acabam “alugando” suas categorias de base para empresas ou agentes, e, no primeiro sinal de que “vai dar jogador”, vira produto de venda. Maturar? Nem pensar, não há tempo. Assim, no lugar de atletas bem preparados, etapas do desenvolvimento são queimadas e acabam saindo cada vez mais cedo. E o resultado está em jogos ruins, times médios ou grandes tendo que recorrer ao que sobra no já saqueado sul-americano. E os Romeros e Loderos da vida viram solução, quando, há 20 anos, sequer sonhariam em jogar no Brasil.   

OUTRA VEZ? Kroos faz o quarto da Alemanha
"Mudança" na presidência da CBF
Quando foi anunciado que o Brasil seria a sede da Copa de 2014, Ricardo Teixeira ganhou poderes extraordinários.  Nada mais natural num país acostumado ao beija-mão, ao da mão à boca. De olho numa boquinha, políticos faziam fila para conseguir ter com ele, corrupto contumaz, como ficou comprovado ainda antes de a bola rolar no campo do Corinthians.

Teixeira caiu. José Maria Marin, o vice-presidente mais velho (e mais obtuso) da CBF, assumiu, levando para dentro da CBF o comando da Federação Paulista de Futebol através do então presidente da entidade, Marco Polo Del Nero. José Maria Marin, o mesmo que, quando deputado pela Arena, teria precipitado com um discurso no plenário a sessão de tortura que resultou na morte do jornalista Vladimir Herzog.

As mesmas acusações que derrubaram Teixeira agora colocam Marin, o ex-governador biônico de São Paulo na época da ditadura militar, e vice-presidente de Del Nero, atrás das grades na Suíça. Del Nero, que trocou de lugar com ele na CBF, hoje é quem manda no futebol. Del Nero, que voltou na surdina da Suíça quando o FBI grampeou meia dúzia de dirigentes graúdos da FIFA, ajudou a sucatear o Campeonato Paulista, que já foi o melhor estadual do país.

ERA SÓ O PRIMEIRO TEMPO Khedira anota o quinto
Ocupação de cargos na CBF
Uma das mudanças feitas após a Copa do Mundo foi a nomeação de Gilmar Rinaldi para coordenador de seleções da CBF, cargo que era de Parreira, que foi seu técnico na conquista do tetra, em 1994. Gilmar, terceiro goleiro daquele time, teve uma carreira recheada de conquistas, como três campeonatos brasileiros num intervalos de quase 15 anos, e por três clubes diferentes.

Até aí, tudo bem. O currículo dele o credenciaria tranquilamente à função. Até aí. Gilmar era empresário de jogadores, função que deixou de exercer para atender ao chamamento da turma da Barra da Tijuca. Ora, não basta à mulher de César ser honesta, ela tem que parecer honesta. A indicação de um agente de jogadores para ocupar um cargo desses é, no mínimo, questionável, para não dizer suspeita.  

DO BANCO PARA A REDE Schurlle marca o sexto
Formação dos treinadores
Se o leitor for atento, terá percebido que a Copa América teve, das 12 seleções que disputaram, seis dirigidas por técnicos argentinos. Destes, quatro chegaram às semi-finais. Na Europa, não são poucos os clubes de envergadura que têm, no banco, treinadores nascidos na terra de Maradona. A única seleção de expressão no mundo dirigida por um brasileiro é a Brasileira. Isso porque é uma questão de cultura (ou de soberba mesmo) o escrete canarinho ser comandado por um nativo. Portugal, que tem uma população 20 ao Brasil, tem técnicos espalhados por diversos times de excelência mundial.

Mas por que isso acontece? O que sobra (ou sobrava) de qualidade nos pés falta nas pranchetas? Não. O que falta é uma escola, um planejamento de carreira. O craque Zidane foi ameaçado de sanções por que não fez os cursos exigidos pela UEFA para poder comandar o Real Madrid B. Isso mesmo: o time B dos merengues. Por aqui, o cara para de jogar num dia e no outro vira técnico. Até da Seleção.

FECHA A TAMPA Schurrle marca o sétimo e fecha a conta

Clubes na tanga 
Este último ponto, verdade seja dita, não é algo que muda do dia para a noite. Os times brasileiros são vítimas de administrações perniciosas e populistas de seus amadores dirigentes desde que Charles Miller desembarcou com bolas, uma bomba de ar e um livro de regras.

Só que pouco ou nada é feito para mudar. Movimentos como o Bom Senso FC até tentam, mas os dirigentes conseguem isolar seus líderes e, representados no Congresso por uma bancada que tem parte de suas campanhas eleitorais bancadas por estes dirigentes e federações estaduais, atravancam qualquer passo dado na direção de obrigas os clubes a serem mais responsáveis.

Sem contar a relação entre clubes e a dona dos direitos de transmissão, que transformou o futebol em um curral. Uma relação feita baseada do clientelismo, o que os amarra a elas de maneira indelével.

Como o massacre que fez confrontar duas verdades diferentes em campo acabou 7 a 1, daria para achar o gol de honra brasileiro na comissão formada por notáveis para discutir a  fundo o futebol brasileiro, mais ou menos como a Alemanha fez quando percebeu, na década de 1990, que seus panzers não funcionavam mais como antes (conferir no link do segundo parágrafo).

Mas, da mesma forma que o gol do Oscar, marcado aos 46 minutos do segundo tempo quando o placar já impensáveis 7 a 0, foi inútil, qualquer tentativa de modernização que reúna na mesma mesa nomes como Sebastião Lazaroni, Ernesto Paulo, Parreira e Zagallo não parece que terá outro fado.