O Rio de Janeiro fez uma Olimpíada linda. Virou motivo de
orgulho. Ora, o brasileiro é cordial e hospitaleiro por natureza. E gosta de
festa, como foi durante a Copa de 2014. Seria notícia o contrário.
Achar que o brasileiro seria incapaz de fazer só pelo fato de
ser brasileiro é mais que pobreza de espírito, é burrice mesmo. No entanto,
achar que os jogos foram espetaculares só porque foram feitos por brasileiros
também não passa de ufanismo barato.
Isto posto, não há lá muito mérito no que foi feito. Bastava
ter dinheiro. E teve. E muito. O problema é que, muito dessa festa foi feito
com dinheiro público, diferentemente da promessa inicial. O mesmo que falta
para assentar famílias há décadas; para equipar hospitais públicos; para
investir em programas de saúde preventiva, o que desafogaria o SUS; para
garantir um ensino público minimamente decente.
O problema, como o que pode ser visto no relato do enorme jornalista Jamil Chade, correspondente internacional do Estadão e autor de livros sobre os
bastidores das escolhas das cidades-sede para as maiores competições, é a
farra, é o desrespeito pela legislação daqui.
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para falar que entregou todas as obras (nos complexos esportivos) a tempo e nenhum evento foi comprometido, além dos que seriam testes para os jogos, mas se esquiva para falar do estouro do orçamento
inicial, que foi socorrido com isso mesmo que você está pensando: dinheiro público.
Podem acreditar, o Rio de Janeiro continua lindo, como seria
sem a realização dos jogos. E com os mesmos problemas que foram praticamente
escanteados pela imprensa que cobriu o evento: os Correios atrasaram a entrega
de material de treino de alguns atletas; a Vila Olímpica era um desastre, com
inúmeros apartamentos apresentando toda sorte de problemas; motoristas não
sabiam o caminho para as arenas, estádios e/ou CTs; uma das seleções passou a noite
da véspera da disputa da semifinal da sua modalidade lavrando um B.O. porque teve
seus equipamentos furtados e a concentração foi para o beleléu.
O próprio treino antes disso foi para o espaço porque a equipe só pode chegar ao local de treino às 18h30 (por culpa do Rio 2016), quando este estava marcado para as 16 horas, e não havia luz natural no local. Enfim, nada de surpreendente.
O que espantou mesmo foi a cegueira de quem estava lá do lado e não viu.
O próprio treino antes disso foi para o espaço porque a equipe só pode chegar ao local de treino às 18h30 (por culpa do Rio 2016), quando este estava marcado para as 16 horas, e não havia luz natural no local. Enfim, nada de surpreendente.
O que espantou mesmo foi a cegueira de quem estava lá do lado e não viu.
Não foi o inferno que temiam, mas também não foi o paraíso que querem vender.