sábado, 9 de maio de 2009

A Várzea não merece isso

Na semana passada voltei a assistir a jogos de futebol, que é uma das atividades que mais me dão prazer. Confesso que, após a eliminação da Portuguesa no Paulistão, perdi um pouco do interesse pelo esporte bretão - inconcebível para quem estuda jornalismo, diga-se de passagem -, mas como sempre, ele voltou. E da forma mais espetacular possível, na épica classificação do Barcelona, em Londres, frente ao médio-porém-endinheirado Chelsea, para a final da Liga dos Campeões.

Não é de hoje que a UEFA ensina como se organiza uma competição. Times endinheirados, jogadores fantásticos, estádios modernos, jogos transmitidos para todo o mundo.

Enquanto isso, do lado de cá do Atlântico, a Conmebol também dá aula. Ensina com precisão cirúrgica como não se deve organizar um campeonato. A principal competição do hemisfério Sul, a Libertadores da América, virou uma "farra-do-boi". Ou algo pior que isso.

Pra começar, convidaram times do México. Não por razões técnicas, apenas de olho no dinheiro das emissoras de TV daquelas plagas. Tudo bem, a quantia é boa, mas não é rateada entre as equipes. Fica tudo nos cofres da entidade, em Luque, nos arredores de Assunção, Paraguai. Pra completar, caso uma equipe mexicana conquiste o título, esta não poderá jogar o Mundial da FIFA, a não ser que conquiste também a "Concachampions", uma espécie de (perdoem o infame trocadilho) Liga dos Campeões "made in Paraguai" da Concacaf.


Tem também o cargo de Presidente vitalício, atualmente ocupado pelo paraguaio Nicolas Leóz que, a propósito, enveredou no esporte pela Federação Paraguaia de Basquete. Como é quase uma regra no estilo sulamericano de ser, Leóz está no comando da Conmebol desde 1º de maio de 1986, substituindo ao peruano Teófilo Salinas Fuller, que ficou "só" 20 aninhos no cargo. E continuísmo no poder lembra ditadura, que lembra Terceiro Mundo, que lembra América do Sul, que lembra corrupção. Você, estimado leitor, pode mudar a ordem à vontade que o sentido ainda será o mesmo, intocavelmente. Intocável como o cargo de gente como Leóz, Ricardo Teixeira, Júlio Grondona, Hugo Chávez, Evo Morales...

A última proeza da Conmebol foi a forma com a qual tratou da participação dos times mexicanos, após a disseminação da chamada "gripe suína", ou gripe A (H1N1). Um descaso só. É sabido que os tradicionalíssimos São Paulo e Nacional do Uruguai, por falta de garantias, recusaram-se a viajar para a América do Norte, onde deveriam enfrentar, respectivamente, San Luiz e Chivas Guadalajara. Sem iniciativa ou vontade alguma pra resolver o embróglio, o empurraram para os próprios clubes. Com a falta de uma posição por parte da entidade presidida por Leóz, os mexicanos resolveram retirar-se da competição. E como desgraça pouca é bobagem, a Federação Mexicana de Futebol ameaça, seriamente, não disputar mais a Copa América.

Na opinião deste que vos escreve, não farão a menor falta. Mas existem compromissos firmados e estes dever ser respeitados. Não conheço o teor dos contratos, se é que eles existem, mas a palavra empenhada deve valer mais que qualquer assinatura. Portanto esse passa-moleque não tem o menor cabimento.

Numa das edições do ótimo Esporte Notícia, da Rádio Bandeirantes, o igualmente ótimo Ricardo Capriotti classificou como varzeana a organização da Copa Libertadores da América. Atrevo-me a discordar do Capriotti, pois a Várzea não merece isso.

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