segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

Andar morrendo pela vida

Durante a vida sofremos perdas irreparáveis. Estas são as mortes que sofremos de tempos em tempos. Elas nos acometem quando perdemos quem amamos, como os pais, os irmãos, os amigos mais próximos. Felizes daqueles que morreram antes da morte definitiva, pois significa que amaram. 

Morremos também quando perdemos um amor. No entanto, esta morte pode ser diferente das demais, pois não é apenas a morte trivial que o leva de nós; o epílogo pode ser outro, mais doloroso, pois trata-se do próprio amor posto a termo. Diferente da morte fisiológica, que é inevitável, irremediável, o fim do amor traz a aflição deste poder ser evitado. Neste caso, quando o sentimento ainda resiste em quem não tomou a decisão pelo fim, o melhor é que também termine. Por mais doloroso que seja, é o melhor caminho.

Na música "Pedágio", Moacyr Franco diz que na vida "se vive mesmo nove meses, pois o resto a gente morre". E a mais dolorosa das mortes é um amor não correspondido. Esta é a morte que dura a vida toda, ou ao menos enquanto o amor viver. É lenta, gradual, implacável. Agoniza e nos consome, dia após dia.
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Mesmo assim, a vida sem as suas mortes não faria sentido. Para haver a alegria é necessário que haja a tristeza. Não fosse assim nem seria percebida. Isto posto, viva a vida.

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