quinta-feira, 15 de março de 2012

Sobre a submissão

Nesta semana a Comissão Especial que trata da Lei Geral da Copa determinou a liberação  do consumo de bebidas alcoólicas (leia-se bebidas dos patrocinadores) durante os jogos da Copa do Mundo, atendendo uma "solicitação" da FIFA (leia-se exigência). É dever de ofício lembrar que a venda e o consumo são proibidos nos estádios brasileiros.

Há quem defenda a ideia de que o consumo de bebida alcoólica seja liberado nas praças esportivas brasileiras, uma vez que alguns torcedores ou já saem calibrados de casa ou ficam enchendo o caco nos arredores dos estádios, e que a proibição, além de não combater o cerne da questão, que é o consumo exagerado de álcool, não passa de hipocrisia. Em contrapartida, há os que defendam que um afrouxamento da lei seria um retrocesso na política de combate ao consumo abusivo de álcool.

Independentemente de quem tenha razão, o fato é que a deteminação tem que ser de dentro pra fora, não o contrário. Como a liberação foi costurada para atender aos interesses da entidade máxima da bola, acaba tendo seu sentido completamente desvirtuado. Fixa, entre nós, a ideia de que a FIFA manda no país, ao menos até que o capitão da seleção campeã erga a taça.

Este é só mais um capítulo de um monstrengo chamado Lei Geral da Copa, que a turma de Blatter quer - e vai - empurrar-nos goela abaixo, isso se for pela goela. Pelo direito de sediar o maior evento esportivo do mundo, países, digamos, moralmente maleáveis como o nosso se submetem a todos os caprichos da FIFA. A entidade subjuga o país e subverte suas leis. Foi assim na África do Sul, está sendo assim aqui.


Fazem parte dos encargos "brindes" como isenção fiscal dos produtos e serviços diretamente ligados ao evento, desde o vergalhão das arenas aos souvenires dos patrocinadores, mudanças sobre o que pode ou não ser comercializado dentro e nos arredores dos estádios e até pitacos no que diz respeito à venda de ingressos, sem contar os bilhões, isso mesmo, com "b" de bandalheira, de reais que escoarão dos bolsos de milhões para os de meia dúzia.

Tudo para podermos sediar um evento o qual não precisamos, pagando com o que não temos, para mostrar, no fim das contas, o quanto somos submissos. Como diz um velho provérbio português, quem muito se abaixa mostra o rabo.


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