terça-feira, 21 de agosto de 2012

Cavalo paraguaio?



* por Douglas Sato

Desde o momento em que o Atlético Mineiro, o Galo, assumiu a liderança da Série A do Campeonato Brasileiro, houve muito receio e desconfiança por grande parte de mídia especializada. E não é por acaso, sejamos sinceros. A equipe de Minas Gerais não realizava uma campanha de destaque há um bom tempo. Porém, desta vez, contrariando todos os prognósticos, o que se vê é um time conciso, forte e sem grandes valores individuais, e que vem rendendo e liderando o principal campeonato nacional de futebol do Brasil.

Existem pessoas que possam creditar a boa fase ao jovem Bernard. E não estarão erradas, mas dizer que ele é o único é um erro. O mais certo é que ela funciona muito bem coletivamente, com boas opções em campo e no banco de suplentes. Em todos os jogos do certame nacional a equipe vem funcionando. O jovem Bernard é sem dúvida um atleta a se notar e, talvez, um dos mais selecionáveis. Creio que não seria uma má idéia o selecionador nacional, Mano Menezes, dar ao atleta uma chance, já ele vem fazendo por merecer.

O zagueiro Leonardo Silva de longe não é nenhum defensor que faça frente aos grandes da sua história como Luizinho e Vantuir, entre outros, mas a fase é tão boa que uma simples espanada da defesa para o ataque pode resultar em gol. E os laterais não fogem a este pensamento, Junior Cesar é um motorzinho nos cantos do campo. Já Marcos Rocha faz o seu papel, sem brilhantismo, mas com eficiência.

Grande incógnita no início da temporada, Renan Ribeiro saiu debaixo das três traves, e entrou em cena, apesar de uma transferência as pressas, o goleiro Victor, que já esteve na seleção e é um goleiro seguro, algo que a equipe buscava há muito tempo. Finalizando o setor defensivo, o defensor Rever entra a mesma linha do arqueiro: vestiu a canarinha e demonstra muita sapiência.

No meio de campo, os volantes Pierre e Leandro Donizete são os cães de guarda, diga-se de passagem, bem eficientes na contenção. Não são fantásticos e nem estão entre os melhores do setor, porém nem precisam ser: são excelentes taticamente para a equipe mineira e isso é o que importa.

Os ofensivos Bernard, Danilinho e Ronaldinho Gaúcho formam a tríade de ligação atrás do ataque. Os três, mesmo que às vezes apagados, vão desempenhando papéis muito bons, especialmente R49 e Bernard. Todos sabem que o melhor jogador do mundo pela FIFA por duas vezes, não é mais aquele do Barcelona, mas hoje é um jogador muito útil ao Atlético Mineiro, em lampejos de criatividade e decisão. Abertos pelas alas, Bernard e Danilinho dão a rapidez, agilidade e habilidade. E no ataque Jô, que não é um artilheiro dos mais regulares, vem se consolidado na função de matador da equipe.

No comando, o experiente e por vezes desacreditado Cuca, que mesmo não alcançando nas equipes que passou o resultado esperado, no Atlético possui o elenco na palma de sua mão. Soube domar R49 e deu a equipe ritmo e padrão de jogo, tanto que neste nacional possui apenas uma derrota, para o São Paulo, no Morumbi.

Atualmente, o Atlético Mineiro é indiscutivelmente o melhor time do campeonato. Não só pelo time, mas pelos números que comprovam. Depois de jogadas 18 rodadas, lembrando que a equipe mineira tem um jogo com o Flamengo atrasado e, por isso, tem só 17 jogos, mesmo com esta partida a menos a equipe de Belo Horizonte tem um aproveitamento de 82,4%, com 42 pontos até aqui.

Nada disso significa que o Atlético Mineiro levantará o caneco. Pode ser que sim, como pode ser que não. O que já dá para fazer é parar chamar o Galo Mineiro de cavalo paraguaio. A essa altura do campeonato, com tantas partidas acirradas, com um time tão sólido e uma campanha tão impressionante, não é mais possível dizer que o Atlético não brigará pelo título.


* Douglas Sato tem 23 anos, é músico e estudante de Jornalismo 
(nesta ordem) e, nas horas vagas, é imitado pela dupla Cesar Menotti e Fabiano

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