domingo, 2 de setembro de 2012

De segunda mão

* por Douglas Sato

Os clubes brasileiros, há muito, não conseguem segurar seus grandes jogadores, que são levados para os grandes polos do futebol: Europa, Ásia, Oriente Médio, a peso de ouro e, certamente, ganhando rios de dinheiro, além de vários anos de contrato.

Em contrapartida, os grandes do cenários nacional passaram a importar atletas já em final de carreira e de contrato. Por este fator, entramos numa via inversa. Existem atletas que, como se tem visto, já não possuem mais condições de atuar nos dois tempos. Iniciam o jogo e saem no período final, ou vice-versa. São como  aquele celular ou outro eletrônico qualquer que chega no Brasil um ano depois do lançamento, já obsoleto. Esses jogadores, pela idade, já não estavam mais rendendo nos clubes onde atuaram e ganharam prestigio. Neste caso, alguns foram até dispensados para dar lugar aos mais jovens.

Agora, se olharmos no elenco dos grandes clubes, podemos ver que o nosso futebol está importando demais e muitas vezes de forma errada. Vejamos Diego Forlán, do Internacioanl. Filho de Pablo Forlán, ex-lateral do São Paulo, Forlán chegou à Inter de Milão credenciado pela ótima exibição na Copa de 2010, quando não só se destacou pela seleção uruguaia como foi escolhido o melhor jogador da Copa. Apesar da expectativa, o veterano de 33 de anos não conseguiu se estabelecer no clube italiano.




E agora eu pergunto. Se na Inter de Milão, com todos os grandes nomes que possui no elenco, o uruguaio não conseguiu se estabelecer, porque aqui seria diferente? Em 2002, o atacante acertou sua ida para o Manchester United, onde jogou ao lado de grandes craque como Barthez, Giggs, Beckham, Scholes, dentre outros. Mas não conseguiu emplacar nos Red Devils.

Então, deixou a Inglaterra, mas, sem sair da Europa, mudou-se para o Villareal. Sem brilhantismo, mas com números ao seu favor, ascendeu para o Atlético de Madrid, e ai sim, desencantou. Porém, os altos e baixos na carreira do atleta não o qualificam para o investimento do Internacional. Ao todo, foram sete partidas como titular e nenhum gol marcado, fora as grandes chances perdidas pelo uruguaio.

No Botafogo, temos outra situação parecida. A maior contratação de um estrangeiro feita por um clube  brasileiro. Único a conquistar a Liga dos Campeões por três clubes diferentes, bicampeão do mundo, campeão espanhol, holandês e italiano, entre outras inúmeras conquistas coletivas e individuais. Não vingou. Ao contrário, em inúmeras vezes, o atleta acaba atuando só com o nome.

Sei das qualidades de Seerdorf, e não são poucas. Mas creio que o médio deveria ser mais humilde consigo mesmo. Em várias partidas pelo clube de General Severiano o atleta vem precisando de um par de pulmões a mais. Ele ainda está no calendário Europeu, precisa melhorar sua condição física e recuperar seu ritmo de jogo.


Por fim, e infelizmente, só nos resta ver e tentar gostar daquilo que nos oferecem e, paralelamente, torcer pelos ídolos que vão atuar no exterior. Lá, sim, o IPhone é de primeira mão.

* Douglas Sato tem 23 anos, é músico e estudante de Jornalismo 
(nesta ordem) e, nas horas vagas, é imitado pela dupla Cesar Menotti e Fabiano.

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