domingo, 14 de abril de 2013

O basquete brasileiro vive!

* por Vinicius Carrilho

Poucos esportes conseguiram ir do topo até o fundo do poço, no Brasil, como o basquete. Por aqui, grandes jogadores e times já puderam ser vistos. Como não lembrar da equipe formada por Guerrinha, Marcel, Oscar, Gérson, Israel, Paulinho Villas-Boas, Rolando, Cadum e Pipoca, todos comandados por Ary Vidal, que foi até Indianápolis, nos Jogos Pan-Americanos de 1987, e venceu os até então imbatíveis americanos? 
Equipe brasileira que venceu o Pan de 1987
Entre os homens, ainda tivemos Amaury, Rosa Branca e Ubiratan, que está imortalizado no Hall da Fama do Basquete, nos Estados Unidos. Se o pensamento for para as mulheres, é impossível não recordar das magias de Magic Paula, a mão certeira de Janeth e a realeza em forma de cestas que era a rainha Hortência.

Sem dúvidas, o Brasil foi tradicionalíssimo no basquete até o início dos anos 90. É verdade que sua popularidade nunca chegou perto do futebol, mas ele chegou a ser o segundo esporte na preferência da população.

Aliando o fim de equipes tradicionais, falta de investimento e uma desorganização monstruosa, o basquete chegou nos anos seguintes ao nível mais baixo que poderia e os efeitos foram imediatos. A Seleção Brasileira, antes temida, passou a ser presença esporádica em partidas decisivas e nos Jogos Olímpicos. O número de talentos nas quadras diminuiu consideravelmente e os poucos que apareciam tentavam suas vidas nos Estados Unidos ou Europa. Com tudo isso, o interesse do público também deixou de existir e os velhos ginásios pararam de receber público.

Nesse meio tempo, o vôlei se organizou, atraiu patrocínios e tornou-se potência. Revelando grandes jogadores a cada temporada, as conquistas tornaram-se uma agradável consequência. Com isso, passou a ser o segundo esporte que mais atrai a atenção dos brasileiros. Até hoje, dificilmente se vê uma partida da Superliga, seja masculina ou feminina, com pouco público.

Porém, o longo e tenebroso inverno que o basquete brasileiro enfrentou parece estar acabando. Com o apoio de ex-jogadores, criou-se em 2005 a Nossa Liga de Basquete. O intuito era profissionalizar o esporte, para tentar regatá-lo do buraco em que se encontrava. A iniciativa foi o início de uma grande mudança. Em 2008, foi anunciada a criação do Novo Basquete Brasil, a NBB. Mais organizada e com o apoio de grandes empresas, entre elas a Rede Globo, a liga tornou-se a única e oficial do país e desde então o cenário mudou radicalmente para o basquete masculino.

ALL STARS GAMES TUPINIQUIM Jogo das Estrelas da NBB 2012/2013
Boas equipes foram criadas e o esporte começou a viver um período de internacionalização, com estrangeiros vindo passar seu conhecimento aos brasileiros. Entre eles, impossível não destacar o argentino Rubén Magnano, treinador da equipe que colocou de volta a uma olimpíada, após 16 anos de ausência, o time masculino do Brasil.

Em quadra, os jogos da NBB são de bom nível e muito disputados. Na atual temporada, a fase classificatória acaba de terminar e o que se viu na última sexta-feira (12) foi de deixar qualquer fã do esporte otimista. Em quadra, Uberlândia e Franca fizeram um grande jogo, com vitória dos mineiros por 75 a 73. Fora, no ginásio Pedrocão, mais de cinco mil pessoas assistiram mais um capítulo da recuperação do basquete brasileiro.

Seria um grande exagero afirmar que o basquete do Brasil está totalmente curado. Principalmente o feminino, que tenta seguir o sucesso na NBB com a Liga de Basquete Feminino (LBF), necessita de muito mais apoio e estrutura. Porém, os resultados mostram que o esporte, antes número dois do país, já não está mais no fundo do poço. Ele segue em franca recuperação e mais vivo do que nunca. Vida longa ao basquete brasileiro!

* Vinicius Carrilho tem 22 anos, é jornalista
morador de Osasco e gostaria de ganhar a vida 
fazendo humor, mas escreve melhor do que conta piadas.
E agora acha que manja de basquete.

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