sexta-feira, 9 de outubro de 2015

A diferença

Jorge Sampaoli (de costas), engoliu Dunga na abertura
das Eliminatórias (Ian Kington/AFP/Getty Images)
Quando percebeu que estava perdendo campo para o adversário, Jorge Sampaoli tirou um dos três zagueiros e colocou um agudo Mark González no time, isso ainda no primeiro tempo. Assim, desafogou Vidal e, de quebra, segurou Dani Alves na defesa. No outro banco, Dunga via seu meio de campo absolutamente insípido, com o volante Elias preso num esquema de jogo ultrapassado e Oscar sem sequer ser notado em campo.  

O que fez o "técnico" do Brasil? Tirou Oscar? Liberou Elias para atuar como joga no Corinthians? Reforçou o meio para ter a bola no pé? Não! Tirou o volante Luis Gustavo, que tinha cartão amarelo, fazendo entrar Lucas Lima. Antes, havia trocado Hulk, inexplicavelmente na função de centroavante, por Ricardo Oliveira, companheiro de Santos do Lucas Lima. As chuteiras de Lucas, porém, mal roçaram a bola.

Essa foi a diferença mais notável e significativa no Estádio Nacional. O Chile tem um grande treinador, um argentino que chegou à seleção depois de um grande trabalho em um dos principais clubes do país, a Universidad de Chile, ao passo que o Brasil tem um espectro de técnico no banco, que comandou a própria equipe nacional na Copa de 2010 e o Internacional de Porto Alegre, onde foi ídolo, por sete meses. Um cara que está preso aos paradigmas do passado. Um cara que acha que os volantes só marcam e que tenta fechar o grupo no esquema todos contra nós.

Quando Sampaoli tirou o zagueiro Silva e colocou Mark Gonzales na ponta-esquerda, praticamente matou o Brasil, que recuou no segundo tempo e começou a apostar no que faz de melhor sob a gestão de Dunga: o contra-ataque. Poderia ter ganho o jogo assim, pois chance para isso teve, mas, com (ou sem) Oscar e William, errou todos os contragolpes.
Pior em campo, Oscar não foi substituído por Dunga (Mario Ruiz/EFE)
Valdívia estava apagado. Matías Fernandez entrou em seu lugar. E foi ele que sofreu a estúpida falta que originou o primeiro gol chileno. E foi ele quem bateu a falta no pé de Vargas. O segundo gol do Chile saiu pelo meio, onde estaria um volante, caso não fosse sacado do time, e Alexis Sanchez, o melhor jogador da Roja, teve toda liberdade para avançar, tabelar com Vidal e matar o jogo.

Quando resolveu mexer, Sampaoli ganhou o jogo. Quando precisou mexer, Dunga matou de vez o Brasil. Depois do jogo, Sampaoli admitiu ter errado na escalação. Dunga, por sua vez, não reconheceu o mérito do adversário e falou que não ganhou o jogo por uma bola. Com Sampaoli, o Chile campeão da Copa América dominou o Brasil. Com Dunga, o Brasil pentacampeão mundial se prestou a jogar por uma bola, como time pequeno.

Eis a diferença, mas a comparação é injusta: Sampaoli é um dos melhores treinadores do mundo. Dunga, convenhamos, nem treinador é.  

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