MAIS UM Faltam seis para o centésimo pela Seleção das Cinco Quinas |
"A concertina, que não para de tocar,
Deixa uns com o pé no ar
Outros no chão a bater.
Lá vem mais um chegando pra brincadeira,
Vai dançar a noite inteira
Até o dia amanhecer."
A música O Toque da Concertina fez parte do álbum Refazendo História, que o saudoso Roberto Leal gravou em 1996. Era o início do resgate das raízes da carreira do recém falecido cantor. Assim como ele o fez, a Selecção das Quinas está em busca do resgate de sua identidade, que tem se mostrado tão elástica quanto o fole do tradicional instrumento dos folclores e bailaricos lusitanos. Afinal, quem é Portugal - o time que ganhou a Eurocopa com raça e inteligência? Os que massacraram a Holanda na final da Liga das Nações? A falta absoluta de ideias na Copa da Rússia?
O Toque da Concertina representa bem o que foi o jogo entre Portugal e Luxemburgo, válido pelas Eliminatórias da Euro 2020. Ainda com um jogo a menos que a concorrência no Grupo B e ocupando o segundo lugar, Portugal entrou em campo devendo uma atuação de gala, uma entrada à campeão. Bem, ainda não foi neste jogo no José Alvalade que os comandados de Fernando Santos demonstraram por que reinam na Europa (quem duvidar que veja quem é o atual campeão europeu e da Liga das Nações), mas a concertina, nas mãos de Fernando Santos, começou bem o bailarico no campo do Sporting.
Leia também:
Lituânia 1 x 5 Portugal - Deixa jogar, mister
Leia também:
Lituânia 1 x 5 Portugal - Deixa jogar, mister
O corridinho não se dança devagar
Foram 16 minutos intensos, com Cristiano Ronaldo mais adiantado, Bernardo Silva com o diabo no corpo e João Félix, de volta ao time titular, com boa movimentação para completar o trio muito bem servido por Bruno Fernandes e João Moutinho - este no lugar do lesionado William Carvalho. Se o primeiro gol quase saiu na jogada de Joões, quando Moutinho deu o gol para Félix, que dominou com perfeição, mas bateu rente ao poste, o quase ficou para trás na ótima enfiada de Fernandes para Nelson Semedo, que ganhou da marcação e dividiu com o goleiro Moris. Na sobra, Bernardo Silva dominou e, com imensa categoria e calma, abriu o marcador.
O jogo, assim, prometia.
Um dança o vira, outro dança o malhão
Prometia, mas não cumpriu. E não cumpriu porque nem todos dançavam a mesma dança. Até o fim da primeira parte, o único lance de perigo foi de Luxemburgo, quando Thill tirou Rúben Dias para dançar, mas parou na defesa de Rui Patrício (que o juiz não viu, anotando tiro de meta). Fernando Santos ainda tentou abrir o fole da concertina para o som fazer a malta lusitana dançar, mas somente Bruno Fernandes e Cristiano Ronaldo foram para a roda.
Um bate forte, o outro não sabe bater
Que João Félix é um dos talentos mais prometedores dos últimos tempos, não resta dúvida, mas ainda precisa maturar um bocadinho para fazer jus à titularidade, mesmo estando melhor a cada jogo. Na etapa inicial, ele teve a baliza à disposição, mas errou. Cristiano, na segunda, deu bicicleta, driblou e chutou no canto, fez o diabo. E o gol, ou melhor, golaço, saiu de uma troca de passes desastrosa da defesa luxemburguesa (é assim que se diz?). O camisa 7 apertou Chanot, roubou-lhe a bola e com requintes de crueldade encobriu Moris. 699 gols na carreira, 94 na Seleção e os três pontos na algibeira. A esta altura, se viu que o intervalo havia feito bem aos campeões e todos voltaram no ritmo do corridinho que iniciou a apresentação
Lá vem mais um chegando pra brincadeira
Mas ainda houve tempo para Gonçalo Guedes, que foi titular contra a Letônia, fazer o dele quando o desinteresse já tomava conta da malta, que já estava com a cabeça no repertório para a apresentação contra a Ucrânia, na próxima segunda-feira (14). Se a turma de Fernando Santos vencer e a Sérvia não ganhar da lanterna Lituânia, já podem arrumar a tocata para a Euro.
Fernando Santos tem pelo menos 18 jogadores em condições para montar uma equipe competitiva, mas ainda precisa decidir se anda com o fole da concertina aberto, a fazer mais barulho, ou se o retrai, como fez no indesculpável primeiro tempo contra a Lituânia. A mim, folclorista que sou, apetece mais deixar os gajos que dançam à frente soltos. Que a concertina não pare de tocar.
Em campo, um por um:
Rui Patrício: o juiz não percebeu a única defesa que fez. Uma cesta de castanhas teria mais serventia;
Nelson Semedo: sem ter a quem marcar, poderia apoiar mais, mas teve uma boa prestação;
Rúben Dias: não fosse a entortada que levou de Vincent Thill, ninguém o notaria;
Pepe: como não foi driblado, não foi notado;
Raphaël Guerreiro: ouvi dizer que jogou;
Danilo Pereira: um bocadinho de trabalho no meio, mas nada que o fizesse suar mais que Rúben Neves, que jogou por três minutos;
João Moutinho: um luxo a ser desperdiçado na reserva a outras alturas e na França, por anos (entrou Rúben Neves, talvez para dar algum aviso a alguém. Honestamente, não vi se foi o caso);
Bruno Fernandes: jogo sim, jogo não, vai bem na Selecção;
Bernardo Silva: quando vai bem, o mundo está bem (deu lugar a Gonçalo Guedes, que marcou um golito para poder enganar o mister por mais tempo);
Cristiano Ronaldo: faltou pouco para marcar o 700 no mesmo lugar em que fez o primeiro. Seria bonito. Não tanto quanto o golo que anotou, mas seria. Poderia ser substituído para ganhar sozinho os aplausos, já que tanto gosta e tanto mais os merece;
João Félix: calma lá, ó, miúdo, que marcas o golo pela Selecção. Outra grande exibição de quem poderia esperar um poucochinho mais para sair do Benfica (saiu para retornar o João Mário: disseram-me que foi. Eu não vi).
Fernando Santos: me parece que encontrou a forma para os quatro da frente renderem mais. Cinco, a contar com João Moutinho, mas este não deve ser titular com frequência.
Dedico este texto a António Joaquim Fernandes, o Roberto Leal, ídolo e amigo que se foi a 15 de setembro. E que, certamente, estaria satisfeito com a vitória portuguesa.
Rui Patrício: o juiz não percebeu a única defesa que fez. Uma cesta de castanhas teria mais serventia;
Nelson Semedo: sem ter a quem marcar, poderia apoiar mais, mas teve uma boa prestação;
Rúben Dias: não fosse a entortada que levou de Vincent Thill, ninguém o notaria;
Pepe: como não foi driblado, não foi notado;
Raphaël Guerreiro: ouvi dizer que jogou;
Danilo Pereira: um bocadinho de trabalho no meio, mas nada que o fizesse suar mais que Rúben Neves, que jogou por três minutos;
João Moutinho: um luxo a ser desperdiçado na reserva a outras alturas e na França, por anos (entrou Rúben Neves, talvez para dar algum aviso a alguém. Honestamente, não vi se foi o caso);
Bruno Fernandes: jogo sim, jogo não, vai bem na Selecção;
Bernardo Silva: quando vai bem, o mundo está bem (deu lugar a Gonçalo Guedes, que marcou um golito para poder enganar o mister por mais tempo);
Cristiano Ronaldo: faltou pouco para marcar o 700 no mesmo lugar em que fez o primeiro. Seria bonito. Não tanto quanto o golo que anotou, mas seria. Poderia ser substituído para ganhar sozinho os aplausos, já que tanto gosta e tanto mais os merece;
João Félix: calma lá, ó, miúdo, que marcas o golo pela Selecção. Outra grande exibição de quem poderia esperar um poucochinho mais para sair do Benfica (saiu para retornar o João Mário: disseram-me que foi. Eu não vi).
Fernando Santos: me parece que encontrou a forma para os quatro da frente renderem mais. Cinco, a contar com João Moutinho, mas este não deve ser titular com frequência.
Dedico este texto a António Joaquim Fernandes, o Roberto Leal, ídolo e amigo que se foi a 15 de setembro. E que, certamente, estaria satisfeito com a vitória portuguesa.
Sem comentários:
Enviar um comentário