segunda-feira, 19 de outubro de 2020

Rio Ave 0 x 3 Benfica - uma questão matemática


O Benfica 2020-21 vai se ajeitando. Avarias sempre visíveis à parte, é bom frisar, o carro encarnado começa a desenvolver o ritmo de quem se reforçou para dominar tudo o que tiver bola a rolar e que envolva equipas portuguesas. Contra o bom time do Rio Ave, o que se viu no relvado no Estádio dos Arcos foi um domínio total de quem se preparou - dentro e fora de campo - para vencer.

E venceu como venceu porque conhece o adversário, porque sempre teve mais jogadores onde realmente interessava. Jorge Jesus armou a equipa sabendo que o Rio Ave é um time apreciador o jogo construído desde o campo de defesa. Subiu sua linha de defesa à altura do meio-campo e colocou seus 10 elementos de linha todos no campo do adversário, que tentou manter-se fiel aos seus princípios e não mudou a forma de jogar. 

Os valores mataram-no, portanto.

Já ao sexto minuto, a marcação sob pressão resultou. Rafa e Everton abriram  nos alas e obrigaram um desastroso Aderlan Santos a procurar pelo socorro de Geraldes, mas a bola nem chegou ao ex-leonino, sendo interceptada por Gabriel; Rafa alçou na área, Darwin raspou para o segundo pau, onde o calcanhar de Everton desarmou tudo o que era verde e branco e deixou para Waldschmidt encher o pé com gosto.

Um gentil Waldschmidt roubou diretamente da fonte - o pé de Aderlan - e, em vez de ele mesmo resolver com o mesmo afã do sexto minuto, ofereceu a Darwin, ainda virgem de golos com a águia ao peito, mas o VAR flagrou o jovem uruguaio quase meio metro à frente do último defensor. Novamente, o VAR encontrou 10 centímetros do miúdo alemão quando recebeu a bola de Darwin. Mas a dupla voltou a funcionar quando Pizzi, já nos acréscimos, lançou bem pelo alto para o uruguaio, que ganhou na força e no jeito de Ivan Pinto e segurou o necessário para que chegassem não um, mas três de encarnado - ou algo parecido - para concluir. Chegaram Rafa, Everton e Waldschmidt, e foi o alemão que dominou e escolheu o canto mais aprazível para dilatar o placar. Quatro contra um. E 2 a 0 no marcador, desta vez sem contestação.

O mal de Mario Silva foi não se preparar para a resposta de Jorge Jesus. Numa das poucas vezes em que foi o Benfica a errar a saída de bola, haviam Pizzi, Gabriel e Vertonghen para proteger Vlachodimos, que apenas encaixou a bola, que chegou amortecida pela perna do belga. Não havia, por parte dos vilacondenses, um plano de contenção, e quando a escolha é sair jogando curto como saiu, era necessária uma cobertura para quando perdesse a bola. Nunca houve e a vantagem no escore não condisse com o que foi a primeira etapa. 

Naturalmente, as pernas que ocuparam o campo de ataque se cansaram no segundo tempo e o Rio Ave finalmente respirou e achou espaços, mas nunca superou os dois centrais, que fizeram sua primeira partida juntos e pareciam que se conheciam há muito tempo. Aí surgiu uma das boas novidades de Jorge Jesus para o ano: Gabriel, que deixou de buscar passes longos para desmarcar companheiros mais próximos, agora por baixo, e, apoiado por um Weigl cada vez mais bem colocado em campo, se oferecer para ele mesmo terminar as jogadas, como aconteceu já ao pé do minuto 90, quando Pizzi recebeu de Waldschmidt e colocou na cabeça de Seferovic. A bola picou e sobrou para Gabriel bater com força, com gosto, na melhor atuação dos da Luz até aqui, e contra um Rio Ave que exigiu o máximo do Milan e que ainda não havia perdido na época. Só não foi uma jornada sem arranhões porque André Almeida saiu gravemente lesionado, logo no início do jogo, após um choque com Carlos Mané.  

Vlachodimos: obrigado por não falar bem o Português para não entender quando os parvos pediam outro guarda-redes;
André Almeida: volte logo, Almeidinhos (Gilberto: quando me preparei para reclamar da demora para voltar, o gajo que veio daquele time cujo nome não falo me apare
ce do nada e trava um chute que parecia ser daqueles que fazem o Ody mostrar que já aprendeu o baixo calão português);

Otamendi: maroto! Fez um jogo terrível na estreia para que os vilacondenses achassem que seria a mesma coisa;

Vertonghen: onde estavas no ano passado, Jan? A essa altura, o Rúben Dias já seria o melhor zagueiro do mundo apenas só por te ver. Dá para fazer o mesmo com o Ferro? 
Grimaldo: com estes centrais, pode se ocupar em dançar ao pé de Everton Cebolinha. Manafá que se cuide!;
Gabriel: chegamos àquela fase perigosa em que o Gabriel faz a diferença e vai para o DM por períodos longos o suficiente para que o Porto abra distância. Que dure;
Pizzi: o Bernardo Silva de Bragança. Tudo bem, exagerei, então, Luis Miguel, ajuda-me a fazer a comparação sem causar o riso dos dragartos e de toda a gente sensata que há por aí;
Rafa Silva: podes deixar a barba crescer para que eu tenha o que comentar além da exuberância assassina de quem ataca os espaços e os adversários como se fossem defensores franceses ao pé do Ederzito? (Nuno Tavares: como estão as aulas de cruzamento, pá? Sem que jogues, não sabemos. Não estou a reclamar, é claro);
Everton: no dia 17 de janeiro há marcado o jogo com o Porto. Se não for pedir muito, podias dar um passe destes de calcanhar na frente do Marchesín e do Pepe? Continuas cá em janeiro, não? (Weigl: já estou a visualizar-lhe a vestir a camisola do Wolverhampton em janeiro, Julian. Vais gostar);
Waldschmidt: sabes aquela bola que deste para o Darwin? Entendemos que queres retribuir os passes dele para os seus golos, mas não te preocupes, que os dele já já aparecem. Até lá, espero que continues a nos iludir antes que vás para o Atlético de Madri ou para os Wolves. Ah, não és do Jorge Mendes! Então irás passar de meia época aqui; 
Darwin Núñez: quando fores às ordens do Tabares, irás observar como o Suárez e o Cavani fazem. É ver, aprender e trazer para cá, pá (Seferovic: como assim não meteste um golo ao menos, Haris? Estou a brincar, foi bonito usares as pernas do gajo de verde e branco para o Gabriel fazer gosto ao pé. Espero para ver o que farás àqueles que usam essas cores também, e que são mais fáceis).

    

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