terça-feira, 8 de fevereiro de 2022

Os criminosos e o idiota

Foto: Instagram/tabataamaral

Por trás do caso do imbecil que fez apologia ao nazismo está o baixíssimo nível de exigência de quem consome esse tipo de produto. Confesso que nunca gastei um segundo da minha existência ouvindo o podcast do energúmeno, então não sei que raio ele faz para que tanta gente de nome aceite participar do programa, mas me assusta o fato de alguém tão despreparado, tão raso, tão burro, ter tanto alcance.

O sociólogo polonês Zygmunt Bauman falou sobre a Modernidade Líquida e sua superficialidade em diversos aspectos e o cultural também se encaixa. Que tipo de conteúdo é procurado? Quem quer entretenimento fugaz busca informação em algum lugar ou tudo é festa e foda-se o resto?

Isso, sob hipótese alguma, exime os dois deputados que estavam à mesa, Kim Kataguiri e Tábata Amaral, da obrigação de terem dado voz de prisão ao pateta que cometeu um crime ali, sob as fuças deles, que prevaricaram e deveriam responder por isso. O entulho de 2013, inclusive, concordou e justificou dizendo que, se não for às escuras, o movimento pode ser combatido e só cresce porque é proibido. Sugiro, pois, que legalizemos o estupro, pois, sob a ótica do parlamentar para se lamentar, a prática irá diminuir ao deixar de ser proibida, tornando-se uma mera questão moral.

Voltando ao tipo de produto que é consumido, o mesmo pode ser observado na programação futebolística na TV, no rádio e na Internet. O tal jornalismo engraçadinho já tomou conta de transmissões esportivas e muita gente prefere o comentarista fanfarrão ao que informa. O conteúdo é o de menos. O importante é divertir, mesmo que para isso muita gente boa esteja fora do mercado para que paspalhos do Pânico falem um monte de merda ou humoristas comentem jogos do handebol feminino na Olimpíada só porque o nome da goleira do Brasil é o mesmo que apelida a genitália feminina.

Se antes tínhamos Jô Soares e seu vasto conhecimento cultural, hoje temos Monark e um monte de bobos gerando conteúdo bobo para outro monte de bobos. E achando que nazismo e racismo são mera questão de liberdade de expressão.

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