sexta-feira, 4 de março de 2022

PORTUGUESA - Os desafios da Portuguesa para chegar ao acesso

Foto: Ronaldo Barreto/NetLusa

Diz o ditado que gato escaldado tem medo de água fria, então é natural que o torcedor da Lusa esteja com uma pulga atrás da orelha não só pela derrota para o Rio Claro – a primeira na temporada -, mas principalmente pela queda de rendimento nos últimos jogos.

Com 24 pontos, o lugar na fase de mata-mata está mais que seguro e a missão dos comandados de Sérgio Soares é chegar aos jogos a eliminar nas melhores condições possíveis, física, técnica e psicologicamente. Com jogos quase de três em três dias, não é uma tarefa das mais fáceis, mas é o que há.

A gordura de pontos acumulada permite que, mesmo tendo uma baixa de desempenho considerável, a Portuguesa possa trabalhar com uma certa folga para planejar como será feita a gestão sobre os jogadores mais experientes ou desgastados do elenco. Dos 10 primeiros colocados, que, efetivamente, brigam pelo acesso com mais seriedade e que devem preencher as oito vagas do mata-mata, a Portuguesa tem a terceira maior média de idade (27,6 anos), atrás somente de São Bento (30,3) e XV de Piracicaba (28,5). Outro ponto importante é que, ao lado do Linense, a Lusa é o time que fez mais jogos no período da manhã. Foram três jogos sob o sol escaldante do interior paulista.

Se pensarmos que estamos no início da temporada e que os times estão longe do melhor da forma física, isso pesa bastante. O time-base da Portuguesa (Thomazella; Luís Ricardo, Luizão, Patrick e Eduardo; Marzagão, Tauã e Daniel Costa; Gustavo França, Caio Mancha e Luan) tem uma média de 29,9 anos. Se considerarmos que Luizão Silva era habitual no 11 inicial até quebrar o braço, o número aumenta para 30,7.

Thomazella, Luís Ricardo, Luizão, Eduardo, Marzagão, Daniel Costa e Luan já passaram dos 30. Destes, seis jogam no meio-de-campo ou no setor defensivo, o que faz com que o elenco luso sofra um bocado não pela baixa qualidade dos jogadores, mas pela carga de jogos, viagens e treinamentos (isso quando dá para treinar) que é imposta por uma competição de tiro curto como o Paulistão A2.

O revés para o Rio Claro, time da parte de baixo da tabela, fez acender a luz amarela quanto à condição física do grupo e deixou o torcedor temeroso quanto a perder a liderança, já que o próximo adversário é o vice-líder Oeste, que assumirá a ponta caso vença. Mais que isso, o gol que sacramentou o resultado negativo aconteceu já perto do final de um jogo sofrível, quando o empate não seria mau negócio, ainda mais jogando a pedrinha que jogou. E foi um gol besta, numa saída de bola apressada e desastrada, numa trivela tão desnecessária quanto desaconselhável e que mostrou mais uma vez uma insegurança incompreensível para quem lidera um campeonato que não será decidido ao fim da primeira fase.

Ser líder não deveria ser motivo de tanta preocupação, pois desde que foi adotado o sistema de 16 clubes na fase inicial com a metade que avançar tendo que superar dois purgatórios até chegar ao paraíso da Série A1, nenhum time que terminou na primeira colocação subiu.

Ok, falar depois é mais confortável e é óbvio que o nível de confiança visto no torcida no início do campeonato voltará quando o nível do futebol for o mesmo da primeira metade desta fase porque é assim que funciona.

Retomando o raciocínio, em 2021, o Oeste não só terminou em primeiro, como fez a maior soma de pontos (36) no atual formato, mas quem subiu foi o São Bernardo FC e o Água Santa; em 2020, o mesmo São Bernardo fez 28 pontos e liderou ao fim da primeira fase, mas viu São Bento e São Caetano comemorarem. No ano anterior, o Água Santa chegou ao mata-mata como maior pontuador (31), mas Internacional de Limeira e Santo André foram para a primeira divisão. Somente em 2018 líder, Guarani, terminou a fase inicial como líder (31) e comemorou acesso e título, mas a segunda fase já era a semifinal, portanto, precisou superar somente um adversário.

Evidentemente, isso não significa que quem tiver a melhor campanha terá assinada a sua sentença de permanência nessa desgraça de campeonato, mas mostra que chegar com pernas, pulmões e cabeças em condições de brigar bem na hora do vamos ver é mais importante que ser o coelho da corrida. Ainda mais porque a única vantagem que o estúpido regulamento da competição garante a quem tem mais pontos é decidir em casa, normalmente contra times que jogam fechados até quando são mandantes.

“Bela merda”, diria meio saudoso pai.

Ele também diria “Faça bem feito para fazer uma vez só”. Então, que o trabalho no Canindé seja assim, bem feito, para que dispute só mais essa vez, para nunca mais, a maldita Série A2.

Texto originalmente publicado no NETLUSA

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