*por Humberto Pereira da Silva
A campanha do Botafogo nesse Brasileirão é um dos fatos mais insólitos que vi no futebol. Momentos em uma partida, um jogo ou mesmo uma sequência de jogos, podem apresentar situações inusitadas. A derrota do Brasil na Copa de 2014 para a Alemanha é um bom exemplo.
Mas o que acontece com o Botafogo se refere a uma temporada. Quer dizer, 36 dos 38 jogos previstos. O melhor desempenho na história dos pontos corridos no primeiro turno. No segundo, no entanto, supera apenas o América-MG e o Goiás.
Depois da virada que sofreu do Palmeiras, em especial, a sucessão de resultados é simplesmente inacreditável. O extremo do inacreditável foi o empate contra o rebaixado Coritiba.
Leio e ouço tentativas de explicação para o que acontece com o Botafogo. As explicações são as mais variadas e se multiplicam. Decisões erráticas da cúpula, leia-se Textor/SAF, inexperiência do TIME em momentos decisivos... Enfim, não faltam tentativas de explicação.
Não tenho nem longuinquamente a pretensão de mais uma. Há uma interrogação, no entanto, que me parece um ponto cego. Como foi possível a campanha do Botafogo no primeiro turno?
É como se no insólito houvesse abaixo uma camada mais insólita. O gol de empate do Coritiba 42 segundos depois do gol do Botafogo, já marcado para além dos acréscimos, é inacreditável, como ouvi gritar o narrador global. Mas esse evento absolutamente casual se repetiu inúmeras vezes a favor do Botafogo nas 19 rodadas do primeiro turno.
No primeiro turno, contra o Palmeiras, houve um gol anulado pelo VAR e um pênalti perdido pelo Verdão. Numa jogada casual e até despretensiosa, gol de Tiquinho e vitória do Botafogo.
A campanha do Botafogo no primeiro turno, para mim ao menos, é o insólito do insólito. Algo que me faz pensar na fantasia Alice no país das maravilhas e sua lógica do absurdo.
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Palmeiras campeão? Pois é, nesse Brasileirão a palavra "favorito" perdeu o sentido. Num nível bem menor, e sem o foco do Botafogo, o Atlético mineiro é quase o espelho invertido do Fogão. Constante na irregularidade ao longo dos dois turnos, o Palmeiras pode surpreender nas duas rodadas que restam. Eu, no entanto, não me surpreenderia.
Cravar Palmeiras campeão é tão absurdo quanto esquecer o quanto os resultados desse Brasileirão têm sido absurdos. Num campeonato tão surpreendentemente absurdo, o Fluminense sem qualquer pretensão não é um mero sparring para o Palmeiras cumprir tabela. E o boato em torno de possível saída do Abel para o Catar parece piada pronta a duas rodadas do fim...
*Humberto Pereira da Silva é professor de Ética em Jornalismo
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