quinta-feira, 17 de setembro de 2009

Dunga, Muricy... tacticas, tecnicas e voz da galera

* por Humberto Pereira da Silva

Anno passado, por essa dacta, depois de emppates seguidos com Peru, em Lima, e Bolívia, no Maracanão, Dunga era uma das personnas a que mais a ira brazuca se lançava: o defenestramento era questão de TEMPVS. Só não quedou porque, nobre ironia, uma combinação de resultados colocou o SCRETCH em segundo nas Eliminatórias.

Enquantto isso, no Brasileirão, time de Muricy, numa arrancada sem precedente, saiu de posição intermediaria e arrebatou o primeiro TRI em qualquer competição na história sãopaulina. No final do anno, como recomenda o SKRIPT, loas e manifestos pela substituição de Dunga pelo mannanger Tri. Tudo bastante conveniente e convencional; bem ao gosto e deleite da voz da galera.

"TEMPVS FUGIT...", diz bordão de reclame de Banco antigamente; "e a poupança... vai ficando numa boa". E, pois é... Segredos do tempo. Anno depois, seleção canarinho impõe humilhante derrota aos argies, com Messi e cia., nas phronteiras internas do curral portenho, se classifica para a Sulafricana Copa-2010, com 3 rodadas antes - feito inedicto - e o ranzinza e irônico Dunga quase vira unanimidade: é engolido, por ora (segredos do tempo...), pelos carrascos d´outrora.

Muricy, sim? Sorte igual não teve. Os deuses d´ontem o abandonaram no Paulistão e na Libertadores e o antes ovacionado foi escorraçado do TRI-brasileiro. Daí, numa transação de dictos e desdictos, foi parar no rival Palestra, que também escorraçou o perphormatico Luxemburgo (um interregno com o minimum Jorge...). Hoje, no Palestra, que desponta entre prováveis ao título brasileiro 09 - quarto seguido do ex-sãopaulo - muitas desconfianças, por ora, no arrazoado palmeirense.

PONTO PRIMEIRO. Phutebol tem caprichos insondáveis, para além de esquemmas, tacticas, tecnicas, estatisticas e memmoria. Feitas as contas, uma bola alçada na área e um Rossi, um Henry, quebra encantos e números... "É preciso estar atento e phorte..." diz a canção. A graça no esporte bretão está no singular, no ato isolado, no imprevisto, no blephe do jogador.

O técnico e sua técnica? Apazigúa, consola, grita, vocifera, teatraliza, "fecha grupos e corpos", organiza o movimento, orienta o carnaval e, sim, é responsável pelos 11 que entram e chutam a pelota no campo de batalha. Se conhece bem, digamos, segredos d´alma, se entusiasma e conhece um tanto de alquimia sem que disso se dê conta, isso se vê no time em campo. Mas a trajetória da bola é o imponderável. Na hora H são os deuses no Olimpo ou em qualquer lugar que decidem; fica pra patuleia papos sobre estrategias, estatísticas, tacticas...

SEGUNDO PONTO. Bom técnico é o que saca o universo boleiro num momento preciso. Passou do ponto e a coisa desanda. Não há regra para isso; isso não se repete como uma ciência. Cada momento é um acontecimento e só. Nesse sentido, o iracundo Dunga sacou: "Phutebol não tem passado nem phuturo, só presente". É ótimo que se fale de tacticas e técnicas: ocupam bem nossa imaginação e revelam nossa sagacidade. Mas, é no campo de batalha que se cria a mitologia. Depois, falamos de Alexandre, Cesar, Anibal, Napoleão, Di Stefano, Puskas, Pelé, Cruyff, Maradona, Zidane, Ronaldo...

TERCEIRO PONTO. Por trás das previsões, apostas, vaticínios, torcidas, gritos, sussurros, táticas, técnicas e estatísticas, a irracionalidade e iracibilidade da galera. Tem seu quê: na idade media, louco homem era graça de Deus; mulher, ia pra fogueira.

*Humberto Pereira da Silva, 46 anos, é professor
universítário de Filosofia e Sociologia e crítico de
cultura de diversos órgãos de imprensa.

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