terça-feira, 30 de outubro de 2012

Acerto de contas com a consciência

Quando perdi meu avô materno eu não tinha inspiração para transformar minhas lágrimas e a angústia do passamento do seu João em palavras que trouxessem conforto e alívio para meu coração. Sempre confundo o ano, acho que foi em 1997. O dia eu não sei.

Arquivo pessoal

Quase 15 anos depois, em 2010, foi a vez do meu outro avô, seu Mário, ir para o outro lado do mistério. Eu já escrevia neste espaço minhas singelas linhas e só consegui aliviar um pouco meu peito depois de escrever alguma poucas mas sinceras palavras. Naquele tempo, já contava 12 anos da ida da minha avó Ana. Minha outra vó, Maria, eu sequer conheci. Só por foto. E era linda. Devia ser proibido os avós morrerem. É triste ver tanta gente que nós amamos sofrer por algo natural, pois essa é a ordem das coisas.

Arquivo pessoal

Quando o vô Mário morreu e eu escrevi sobre o seu legado pra nós, que ficamos, senti-me, de certa forma, aliviado, como já disse, mas também um pouco incomodado. Por que do vô João eu não falei? Não havia um favorito, mas o momento era diferente. Em todo caso, se eu tivesse falado do quanto o velho João foi importante na minha vida, cometeria a mesma injustiça, que foi externar este amor após sua morte.

Somos assim: injustos e irresponsáveis. Esperamos pelo último minuto para fazer as coisas, isso quando fazemos. Sempre fica a sensação de um "amo-te" que ficou por ser dito.

Hoje, finalmente, presto contas à minha consciência. Ainda assim, o tempo é implacável. Mas algo é mais cruel que ele: o remorso. O arrependimento não perdoa. É uma pena constante, perene, perpétua.

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