No momento da execução do Hino Nacional, tive a sensação de que já sabia quem seria o melhor jogador em campo na estreia do Brasil na Copa do Mundo, contra o bom time da Croácia. A postura do zagueiro David Luiz antecipava alguém que jogaria pilhado, com sangue nos olhos.
Tudo bem que Neymar marcou duas vezes e Oscar teve participação decisiva em dois dos três gols (o outro deve ser creditado somente à nefasta atuação do árbitro japonês no lance do "pênalti" sobre o Fred) do Brasil, mas a vitória do escrete nacional, em grande parte, veio graças ao cabeludo zagueiro que nasceu em Diadema.
A Croácia era, de longe, o adversário mais complicado do Brasil nesta primeira fase. Por dois motivos: a estreia é sempre um jogo tenso, em que o fator emocional pode condicionar o rendimento na partida, e também porque o time croata é muito bom, mesmo desfalcado do principal atacante, Mandzukic, suspenso, e de outros cinco jogadores que não jogarão a Copa por estarem lesionados.
Mesmo com problemas, os enxadrezados dos Balcãs causaram diversos problemas ao Brasil, muito em função da fragilidade defensiva brasileira, embora dois dos principais zagueiros do mundo vistam amarelo. As laterais tupiniquins eram duas avenidas, dois convites ao time do técnico Niko Kovac. Marcelo e Daniel Alves não sabem marcar, o que, invariavelmente, sobrecarrega os volantes, quaisquer que sejam eles. Além de desgastar os trincos, que tinham que cobrir a deficiência defensiva dos laterais, acaba fazendo com que a bomba estoure em cima dos beques.
Sem contar que, dessa forma, o time fica descompactado, o que impede uma troca de passes rápida, que é uma das maneiras mais eficazes de furar defesas bem postadas como a dos croatas.
Está aí a dimensão da atuação do zagueiro que defenderá o PSG após a Copa. Numa partida vital como foi a realizada no Itaquerão, o enorme futebol apresentado por ele, se não contagiou os companheiros em campo, deu mais tranquilidade para que a bola não queimasse nos pés brasucas.
Acontece, pois, que nem sempre o camisa quatro terá tardes como a de hoje. E nem sempre a arbitragem irá completar quando faltar futebol, como hoje.
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