Por Vinicius Carrilho*
A “Copa das Copas” se encaminha para seu último ato. A
grande final será apenas no domingo, mas já é possível cravar que a história
está feita e será justa, premiando uma das melhores, se não a melhor, Copa do
Mundo de todos os tempos.
De um lado, a vitória pode ser do trabalho, da organização,
de quem se deve ter como espelho. O futebol alemão há 12 anos está entre os
melhores nas Copas. Porém, em 2002 o acaso contribuiu. Sábios e serenos, os
germânicos compreenderam que a sorte não bate à porta duas vezes e apostaram em
algo maior, mais trabalhoso, porém de frutos certos: o trabalho.
Desde então, toda uma geração foi preparada. O serviço,
porém, não se resumiu apenas a isso. O futebol por lá sofreu drásticas
mudanças. Passados dois mundiais (nos quais ficou na semifinal), a Alemanha
conta hoje com uma das ligas mais fortes e ricas do planeta e ela é toda
administrada pelos clubes. A federação, preocupada exclusivamente com a
seleção, deu tranquilidade a Joachim Löw, no cargo desde 2007. Com um time
ótimo, os alemães, favoritos, podem ver todo este trabalho coroado com a taça
dourada.
Do outro lado, a Argentina. Com um futebol interno tão
desorganizado e pobre quanto o destas terras, o time albiceleste vem para
provar que este esporte é cíclico e que pode demorar, mas uma boa geração
sempre aparece. Se a defesa – que vai bem no Brasil, faça-se justiça – é o
ponto fraco, os argentinos contam com muitos talentos em seu meio-campo e
ataque e não se encabulam em utilizar o que há de melhor buscando o gol.
Porém, a história estará toda com Messi. De contestado por
duas Copas medíocres a um provável candidato a ídolo eterno, igualando ou até
passando Diego Maradona, La Pulga, como El Pibe, é um monstro, jogador raro,
daqueles que aparecem no mundo a cada 30 anos.
Caso vença, ambos empatarão em mundiais. Também vão se
igualar no protagonismo, é verdade, porém Leo conta a seu favor vencer sem
qualquer contestação e com uma carreira muito mais limpa e vitoriosa do que a
de Diego (o que não mancha e muito menos diminui seu brilhantismo). Indo para o
campo divino, como gostam os vizinhos sul-americanos, seria a oportunidade
perfeita de trocar uma vitória com a ajuda de “la mano de Dios” por uma com o
auxilio de “la bendición del Papa”. Em resumo, vencer uma copa 28 anos depois e
ainda no Brasil seria para Messi e para os argentinos um roteiro que nem
Ricardo Darín, no alto de sua inspiração, conseguiria imaginar.
Aconteça o que for, seja como o destino quiser, a história
já está escrita e ela virá com páginas douradas, independentemente do
resultado. Um capítulo final justo, feliz e merecedor para o verdadeiro drama
que foi toda a trama da Copa do Mundo no Brasil, desde que começou a ser
escrita, em outubro de 2007.
Aos que ainda velam o jogo entre Brasil e Alemanha –
acreditem, ainda tem quem sinta muito aquela derrota – o conselho é de que, ao
menos por um domingo, se permita gostar de futebol, sem se importar com as
cores que estiverem no campo. Será uma oportunidade única de ver e sentir a
história passar sob suas retinas.
* Vinicius Carrilho tem 23 anos, é jornalista, morador de Osasco e gostaria de ganhar a vida
fazendo humor, mas escreve melhor do que conta piadas.
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