terça-feira, 8 de julho de 2014

Sobre trabalho e soberba

Quando o Brasil venceu com sobras a Copa das Confederações, vendeu a ideia de que o time estava pronto para a Copa. Afinal, venceu jogando bem e desbancou, com um indiscutível 3 a 0, a toda poderosa Espanha, àquela altura a mítica campeã mundial e bicampeã da Eurocopa.

Mas não estava. Não só do ponto de vista técnico, mas comportamental. Além de não ter apresentado nenhuma evolução técnica de tática desde então, o Brasil cometeu o maior dos pecados para quem tem uma competição como a Copa do Mundo pela frente, ainda mais em casa: acreditou que estava.

Felipão convocou um time absolutamente cru para o Mundial. Acreditou que Neymar e o Hino Nacional garantiriam a conquista do sexto título mundial. Desde que o time se apresentou com 18 dias apenas para se preparar para a Copa, uma esbórnia se instaurou na Granja Comary. Em vez de treinar, o Brasil ficou fazendo sala para a Rede Globo, que fez o que quis em Teresópolis. Poucas foram as vezes que o time treinou de verdade.

Com o passar dos jogos, a evolução, que seria natural, caso treinasse de verdade, não aconteceu. A Seleção não se encontrou como time em momento algum. Só que a comissão técnica e a dona da alma nacional venderam uma ideia diferente, de que o time já tinha decolado.

No jogo contra o Chile, o que se viu foi um time apavorado, desequilibrado psicologicamente, que já ficou no lucro por ter passado nos pênaltis. O jogo seguinte aconteceu seis dias depois. SEIS DIAS! E quantas vezes o time titular treinou? UMA só. O resto foi folga ou conversa.

Até funcionou, pois o Brasil entrou com sangue nos olhos, embora o futebol em si tenha sido pobre. O time do Felipão apresentou muita luta, marcando alucinantemente a saída de bola colombiana e não deixando o ótimo time dirigido pelo argentino José Peckerman respirar. Quando o gás acabou, levou sufoco, mas passou. E todo mundo achou que, contra a Alemanha, era só repetir a fórmula, que a vaga na final estaria garantida. 

É bobagem achar que a Seleção perdeu a segunda Copa em casa porque deu tudo errado na semifinal do Mineirão. Perdeu porque não trabalhou, porque não se preparou como deveria. Porque o experiente Felipão não deu suporte para que Neymar não fosse a única esperança da torcida. E perdeu porque acreditou que a camisa e a torcida que é brasileira-com-muito-orgulho-e-com-muito-amor seriam suficientes para ser campeão.       

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