Se voltarmos no tempo em um ano, veremos que este foi o desfecho mais improvável do lado lusitano da Península Ibérica. O Porto havia recuperado ao Benfica a hegemonia do futebol português e deixava encaminhada uma temporada de afirmação após o inédito tetra encarnado, ao passo que o Sporting ardia em chamas na invasão a Alcochete, que fez entrar para a decisão no mesmo Val do Jamor praticamente derrotado pelo Desportivo das Aves, cenário que acabou por confirmar-se da forma mais catastrófica possível com a perda do troféu e de nomes influentes do elenco, como Gelson Martins, William Carvalho, Rui Patrício e Bruno Fernandes. Destes, somente o último ficou. E o fez para ser o nome da redenção leonina.
Adiantemo-nos meia época. Líder prestes a engatar a maior sequência de vitórias da história do futebol português e, novamente, único representante do país na segunda fase da Liga dos Campeões, cumpria-se uma "época à Porto" e tudo levava a crer que o time de Sérgio Conceição, caminhando bem nas três frentes em que militava, somaria mais taças ao seu já avantajado palmarés de conquistas. Foi justamente em um empate vulgar contra o Sporting no José Alvalade, na última jornada do primeiro turno, que a turma portista começou a perder terreno, vendo cair de sete para cinco pontos a vantagem sobre um Benfica que viria a ser imparável na Liga e que seria campeão com uma segunda volta demolidora.
A contar para a Taça da Liga, ainda houve tempo para os dragões imporem a primeira derrota às águias de Bruno Lage, mas pavimentaram o caminho apenas para serem superados pelos leões de Marcel Keizer após estarem a vencer até o final da final, quando Bast Dost, aos 92, salvou sua equipe e levou a decisão aos penais. Se naquele jogo Fernando Andrade fez o tento azul e branco e por pouco não vestiu a capa de herói, no Jamor serviram-lhe justamente as vestes de vilão numa altura em que foi preciso o esforço dos do norte para esticarem, graças ao gol do zagueiro Felipe já além do minuto 120, a discussão para os pênaltis. E foi ele quem viu sua cobrança parar em Renan Ribeiro depois que Bast Dost e Pepe já haviam encontrado a barra nas suas cobranças.
Termina uma época da forma que nem o mais otimista sportinguista, nem o mais alarmista dos portistas, poderiam imaginar. Aos perdedores, fica a lição de que é possivel recomeçar sem Militão, Felipe, Herrera e Brahimi, que se despediram-se do Dragão. Aos vencedores, vencer as duas taças na mesma temporada pode ser o incentivo que faltava para buscar a reafirmação com o título da Liga, que, nos últimos 30 anos, foi apenas duas vezes para o José Alvalade, mas possivelmente sem o capitão Bruno Fernandes, de partida para o futebol inglês.
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