quarta-feira, 22 de julho de 2020

Aves 0x4 Benfica - as vergonhas do futebol português

(Foto: José Coelho/Lusa)
Pode valer algo um jogo entre o último colocado, já rebaixado, e o segundo colocado que não pode ser campeão ou perder o estatuto de vice? Para o Benfica, vale para preparar o time para a final da Taça de Portugal, contra o Porto, em que poderá salvar o mínimo da dignidade que restou após uma época desastrosa. Ao meio, há o Derbi Eterno com o Sporting, em que joga-se a honra, que deveria valer tanto quanto qualquer taça.

Honra. É disso que deveria se tratar. Mas como falar de honra dentro de uma competição em que é permitido que um distintivo chegue ao ponto em que chegou o Desportivo das Aves, campeão da Taça de Portugal de 2018? Em suma, não há mecanismos que obriguem os acionistas a apresentarem as garantias mínimas de que a saúde financeira esteja salvaguardada, tampouco que impeçam que desentendimentos entre SAD e clube culminem no que foi visto na última semana em Portugal.

Foi contra um adversário que mal tinha elementos para compor o banco de suplentes que o Benfica mediu forças. Não chegou a ser o descalabro de enfrentar uma equipa que entrou em campo reduzida a oito elementos, como aconteceu ao União de Leiria contra o Feirense em 2011-12, mas os acontecimentos que antecederam a partida ferem de morte a reputação já combalida do futebol português. 

Aí, tanto faz se Gonçalo Ramos teve uma estreia de sonho, com dois golos nos oito minutos em que esteve em campo, se Florentino ofereceu, outra vez, mais equilíbrio tático à equipe, se a dupla Dyego Sousa e Seferovic deu mais garantias que Chiquinho e Carlos Vinicius para a Taça, se Pizzi chegou aos 30 golos na temporada e persegue o recorde de Bruno Fernandes. Nada disso teve importância.

Ao primeiro minuto, em que os da casa ficaram parados em protesto à situação em que o Aves se encontra (clique aqui para ver), já foi possível entender que nada do que aconteceria em campo teria a mínima relevância ao pé do pedido de socorro de profissionais que, notavelmente, honraram não o clube, mas a si mesmos.

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