(Imagem: SC Braga/Divulgação) |
O Sporting Braga, consolidado como quarta força do futebol português, anunciou a contratação do técnico Carlos Carvalhal, de brilhante trabalho no Rio Ave. Carvalhal, como se sabe, estava na lista de possibilidades para assumir o Flamengo, no lugar aberto com o regresso de Jorge Jesus a Portugal.
É necessário destacar uma situação: não houve proposta oficial do campeão brasileiro e da Libertadores para o treinador, o que faz com que seja injusto e mentiroso afirmar que ele disse não ao convite. Ora, não se nega ou se confirma nada quando a pergunta sequer é feita. Não significa, porém, que não havia interesse da parte do clube, como bem alertou o jornalista Mauro Cezar Pereira.
Isto posto, vamos ao que interessa. Como o Carlos Carvalhal resolveu fechar com o Braga, houve as vozes de sempre gritando que ele desprezou o clube, que ele precisa mais do Flamengo que o Flamengo dele e outros que tais.
Mas é isso mesmo? Vejamos o que ele encontraria por aqui:
Quem fechar com o Flamengo herdará um time forte, talvez o melhor da América do Sul, mas o pacote vem com a pressão de manter o nível do que fazia o antecessor, o que não é pouca coisa. Teria tempo de colocar em prática suas ideias de jogo? O futebol brasileiro não é lá muito conhecido no mundo por proporcionar aos técnicos o período necessário para que sua metodologia de trabalho seja absorvida pelo elenco. Em outras palavras, o resultado é que manteria seu emprego.
Em contraponto, o que pode ter pesado na decisão de voltar ao Minho? Motivos não faltam:
Ele era um dos nomes estudados pelo Flamengo, sem garantias de que, ao fim e ao cabo, receberia uma proposta para vir ao Brasil, ao passo que o interesse do Braga era mais que real, era oficial. O treinador fez a melhor campanha da história do Rio Ave, classificando os vilacondenses à Liga Europa (e os arsenalistas estão garantidos na fase de grupos da mesma competição) e, ao fim do Campeonato Português, disse nunca ter em mãos tantas propostas e resolveria o que fazer com a família. Foi em Braga que ele nasceu, é em Braga que ele mora e foi no Braga que ele iniciou sua carreira como futebolista, como apontou o Diogo Pombo na Tribuna Expresso.
Diferentemente do Brasil, onde não passa de um desconhecido, em Portugal ele é respeitado e, salvo algo fora da normalidade, terá respaldo dos Gverreiros para desenvolver seu trabalho. Além do mais, existe a possibilidade de que um grande trabalho abra outras portas também dentro de Portugal. O Braga costuma "ceder" treinadores aos três grandes: Jorge Jesus (na primeira passagem), Sérgio Conceição e Ruben Amorim dirigiram a equipa da Cidade dos Arcebispos antes de rumarem ao trio-de-ferro do futebol português.
Pode ser, e aí é uma suposição longe de ser absurda, que Carlos Carvalhal também se fie num bom trabalho no Minho para abrir uma dessas portas. Aí, considerando ter mesmo uma proposta do Flamengo em mãos, ou ao menos essa expectativa, teria duas opções: 1) vir para um lugar cuja característica das mais marcantes é ser uma máquina de moer treinadores e pegar o rojão que JJ deixou ou 2) seguir em Portugal, onde é respeitado por torcedores e pela imprensa, assumir um clube teoricamente mais tranquilo para trabalhar e com a Liga Europa no calendário.
Isso tudo pensando exclusivamente na parte desportiva. Em termos pessoais, pesou também o estágio de descontrole da pandemia do coronavírus na Brasil e sua relação família, motivação maior para ter ficado em terras portuguesas, conforme noticiou o site goal.com.
Isso tudo pensando exclusivamente na parte desportiva. Em termos pessoais, pesou também o estágio de descontrole da pandemia do coronavírus na Brasil e sua relação família, motivação maior para ter ficado em terras portuguesas, conforme noticiou o site goal.com.
Eu teria feito o mesmo.
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