Um sono só. Assim pode ser definida a partida que colocou o Brasil na liderança isolada das protocolares Eliminatórias para a Copa de 2022. O resultado, magrinho, magrinho, condiz perfeitamente com o que foi o jogo.
E não se trata daquela papagaiada de que a Venezuela é fraca - embora seja - e que há pouco tempo a questão era saber o tamanho da tunda que a Viño Tinto levaria. O mundo do futebol evoluiu e com a Venezuela não é diferente, embora, reitero, a distância técnica entre os onze que alinharam no Morumbi é maior que o estádio do São Paulo.
José Peseiro, português que comanda a Venezuela, armou o time com duas linhas compactas, ora com quatro, ora com cinco no meio, com Soteldo e Macris voltando para compor com Casseres, Rincón e Moreno, e impôs as dificuldades que a Seleção Brasileira sob a gestão de Tite encontra quando enfrenta times assim, fechados e organizados.
Com um 4-3-3 tendo três centroavantes, dois volantes e um meia, o Brasil não encontrava forma de fazer a bola chegar com qualidade na frente, onde Richarlison era o mais perto de um jogador de referência e Gabriel Jesus, em noite infeliz, trocava de posição com Firmino, que pouco ou nada fazia de bom. Em muito, se deve ao fato de Douglas Luiz deixar a criação a cargo de Everton Ribeiro. Certo, não se pode mais jogar com a Venezuela achando que será um vareio, mas dava para perceber em 20 minutos que a coisa não ia funcionar com um time tão pragmático, quadrado, engessado.
E era um tal de "roda, roda, roda" de Tite à beira do campo, quando precisava fazer com que as linhas venezuelanas se desarrumassem, fosse com passes ou partindo para cima, na base do drible, o que não é pedir muito em se tratando do Brasil. Em vez disso, ficava tocando bola da direita para o meio, e de lá para a esquerda, e voltava para o meio.
Mesmo quando abriu mão de um dos volantes para a entrada de Lucas Paquetá, a coisa não funcionou bem, pois o problema da falta de profundidade não foi resolvido. Justiça seja feita, foi em um passe do meia do Lyon que Everton Ribeiro, melhor brasileiro em campo, foi ao fundo e assim nasceu o gol de Firmino. Verdade seja dita, porém, o gol só saiu porque a zaga rebateu mal e praticamente deu um passe para o atacante de Liverpool fazer o gol que manteve o registro intacto dos de Tite.
Não para fazer justiça, porém. Mesmo com os inúmeros desfalques por lesão ou pela Covid-19. Com o que tinha, Tite poderia fazer muito melhor do que engessar o time e esperar que o gol saísse por que sim.
Sem comentários:
Enviar um comentário