segunda-feira, 7 de janeiro de 2013

¿de qué planeta viniste?

*por Vinicius Carrilho

QUATRO VEZES SEGUIDAS A doce rotina de
Lionel Messi (Christof  Koepsel/ Getty Images)
Mais um ano passou e, pelo quarto ano seguido, Lionel Andrés Messi  é escolhido o melhor jogador de futebol do mundo. Um prêmio obviamente injusto, já que qualquer humano, minimamente capacitado, consegue enxergar que o argentino não é deste planeta.

Segundo o próprio, 2012 não foi um bom ano para ele. Compreensível, já que no mundo de Messi os parâmetros devem ser extremamente elevados, principalmente para qualquer mero humano.  É verdade que no quesito títulos o jogador viu sua equipe erguer apenas a Copa do Rei, sendo superada no Campeonato Espanhol pelo Real Madrid e na UEFA Champions League pelo Chelsea. Porém, deixando o coletivo e analisando apenas o individual, os números do jogador são impressionantes.

No último ano, o camisa 10 do Barcelona entrou em campo 60 vezes  pelo clube catalão e anotou 79 gols, alcançando uma média de 1,3 gol por jogo. Para se ter uma ideia, durante o Campeonato Brasileiro do último ano, o Atlético Mineiro foi a equipe com o melhor ataque da competição, marcando 64 gols em 38 jogos, uma média de 1,6 por partida. Para deixar os números ainda mais impressionantes, Messi não só marcou gols, mas também ajudou companheiros, contribuindo com 21 assistências.

Anteriormente contestado com a camisa azul celeste da Argentina, hoje o jogador é unanimidade. Messi entrou em campo por nove vezes, contando amistosos e Eliminatórias para a Copa do Mundo de 2014, e marcou 12 gols. Média igual à alcançada com a camisa blaugrana: 1,3 por jogo.

Com expressivos números, chega a ser covardia colocar Lionel Messi para disputar um prêmio com qualquer outro jogador natural do Planeta Terra. Andrés Iniesta, terceiro colocado na disputa da Bola de Ouro, é um grande jogador. Peça fundamental da Seleção Espanhola, o jogador tem um futebol inversamente proporcional a sua altura. No alto de seu 1,70 m, Iniesta é um daqueles raros jogadores de meio-campo em extinção no esporte. Rápido e extremamente técnico, tem um futebol de gigante.

Grande rival de Messi, Cristiano Ronaldo, segundo colocado na Bola de Ouro, é um craque. Rápido e habilidoso, o jogador é o grande astro do Real Madrid e consegue elevar consideravelmente o nível técnico da Seleção Portuguesa, que não passa de mediana quando ele não está em campo. O camisa 7, porém, sofre por ser contemporâneo a Messi. Ainda mais jogando no mesmo campeonato que o argentino, as comparações são inevitáveis e conquistas individuais passam a ser quase impossíveis. Se serve de consolo, o atleta pode dizer que é o melhor jogador humano do mundo, copiando Pepe, que afirma ser o maior artilheiro humano da história do Santos, já que Pelé é extraterrestre.

Falando em extraterrestres, voltemos a Lionel Messi. Sem dúvidas, o argentino é um gênio. O jogador já tem seu nome escrito na história do futebol e as pessoas poderão se orgulhar de dizer que viram Messi jogar. Por uma questão de justiça moral, os deuses do futebol ainda devem fazê-lo vencer uma Copa do Mundo e assim torná-lo, de vez, o maior jogador argentino da história, superando Diego Armando Maradona.

Falando em “el D10s” dos argentinos, a única pergunta ainda sem resposta que paira sobre Messi  é a imortalizada pelo jornalista uruguaio (provavelmente o mais argentino da história), Víctor Hugo Morales, que, em meio a lágrimas, após ver a obra prima de Maradona diante da Inglaterra na Copa do Mundo de 1986, disse: “¡Quiero llorar! ¡Dios Santo, viva el fútbol! ¡Golazo! ¡Diegol! ¡Maradona! Es para llorar, perdónenme ... Maradona, en una corrida memorable, en la jugada de todos los tiempos... barrilete cósmico... ¿de qué planeta viniste?”. A questão, que até hoje não foi respondida, se estende a Messi. E aí, Lionel Messi, e você, ¿de qué planeta viniste?

* Vinicius Carrilho tem 21 anos, é jornalista
morador de Osasco e gostaria de ganhar a vida 
fazendo humor, mas escreve melhor do que conta piadas.

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