quarta-feira, 15 de junho de 2016

A assustadora pobreza portuguesa

O jogo de estreia de Portugal pela Eurocopa começou com uma excelente expectativa, aumentada após a divulgação da escalação, passou a decepção conforme a partida se desenvolveu e terminou em preocupação.

Fernando Santos escalou Raphael Guerreiro na lateral esquerda, deixando o pouco confiável Eliseu no banco de reservas. No meio, a novidade principal: André Gomes, um trinco de boa chegada à frente,  na vaga de Adrien, grande marcador, mas que pouco contribui para a armação no meio.

Contra a Islândia, time de forte marcação e pouco jogo pelo meio, faria sentido.

Começou o jogo e Portugal chegava sem maiores problemas à área islandesa, mas desperdiçava todas as oportunidades, ora com Nani, ora com Ronaldo. O gol saiu naturalmente, em passe rasteiro de André Gomes (olha o volante que aparece desmarcado no ataque a funcionar) para Nani, no primeiro pau, sem marcação.

Totalmente acuada, restava à Islândia se encolher e ver Portugal ficar virando a bola a procura de espaços, que eram poucos, ou jogando a bola na área.

O segundo tempo começou como o primeiro, com o time das Quinas frequentando o campo de defesa contrário e criando oportunidades. Cristiano Ronaldo teve uma grande chance em um chute de fora que passou perto, muito perto. Pouco depois, uma falta não marcada na lateral da área propiciou um contra-ataque letal aos islandeses e eles não desperdiçaram.

A partir daí tornou-se quase impossível a Portugal furar a marcação. Com pelo menos nove jogadores dentro da área, a Islândia formou uma barreira à frente do gol. O caminho natural seria jogar pelos flancos, de preferência com Ronaldo e Quaresma, que estava no banco, e tentar tirar os defensores de dentro da área, abrindo espaço para Moutinho, André Gomes e Renato Sanches, que também estava na suplência.

Fernando Santos poderia ter tirado um volante, João Mário, que não tinha a que marcar, e lançar Quaresma.  Colocou Renato e tirou Moutinho, deixando o time sem o principal organizador, quando poderia sacar Nani, que já se arrastava sem função alguma em campo. A principal jogada lusitana era o chuveirinho de Vieirinha ou a bola longa de quem a tivesse perto da intermediária.  

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Neste momento, Portugal jogava contra a Islândia com inacreditáveis quatro volantes em campo. Depois fez entrar Quaresma no lugar de João Mário, mas ainda tinha três jogadores de características defensivas, embora jogassem mais à frente, deixando apenas Danilo como marcador de fato. Acontece que a criação morreu, pois Renato Sanches, além de marcador, é condutor de bola, e sempre tocava de lado ou esbarrava na cerrada defesa adversária.



No fim, tirou André Gomes, cansado, e pôs um atacante terrível, o Éder. Acabou numa espécie de 4-2-0-4 (ou 4-2-0-3 menos 1, este "menos  1" sendo Éder), alçando bola na área por mais de 30 minutos.


Numa chave teoricamente fácil, em que a Áustria, de quem não se espera muito, perdeu por 2 a 0 para a Hungria, de quem se espera menos ainda, Portugal tem obrigação de passar. O que assusta é a pobreza tática portuguesa e um Cristiano Ronaldo mais preocupado em reclamar da alegria do adversário inferior, que conseguira um feito, do que em fazer jus ao seu discurso de pleitear a única glória que lhe falta, que é um título pela Seleção.    
   

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