Foto: Ronaldo Barreto/NETLUSA A goleada sofrida no primeiro clássico neste retorno à elite desnuda, se é que ainda era preciso, uma série de limitações técnicas de um elenco montado às duras penas e sem as características desejadas no planejamento. As mesmas deficiências vistas da estreia, trocando em miúdos, o que faz com que a surpreendente vitória contra o Red Bull Bragantino, ainda mais pelo placar alcançado, mais pareça um ponto fora da curva do que propriamente uma amostra do que a Lusa pode fazer. Não podemos nos iludir. Os objetivos têm que ser claros e não cair é o maior deles. Na melhor das hipóteses, terminar à frente de pelo menos três das seis equipes que não têm vaga assegurada na Série D do Brasileiro do ano que vem para poder trabalhar tendo um calendário nacional onde por o pé. Classificar às quartas-de-final é utópico, é um milagre. Sem contar com a sorte de um gol de pênalti nos acréscimos ou um frango monumental no início do jogo, as coisas tendem a ser como são. E não são lá muito animadoras. Com pouco poder de investimento e tendo trabalhado timidamente nos bastidores para montar um elenco capaz de segurar o tranco na primeira divisão, é normal e aconselhável que a Lusa tenha um time para contra-atacar, qualquer que seja o adversário. Contra o São Paulo não seria diferente. E funcionou até que bem no primeiro tempo, tanto que o gol sai em uma jogada de bola parada em que qualquer equipe está sujeita a sofrer. Antes disso, pouco foi permitido ao São Paulo. Até que veio o segundo tempo. Temos que ser compreensivos com as limitações técnicas da equipe pelos motivos explicados há dois parágrafos. O que não dá para aceitar é apatia que resultou na facilidade para o David vencer a defesa como se fosse uma faca cortando um pastel de nata quente e passar a bola onde três ou quatro sujeitos desmarcados e mal-intencionados esperavam para arrematar sem maiores protestos com o gol vazio. Dava para piorar? Claro que dava. Sempre dá. Pior que isso foi a inocência vista no lance do pênalti do terceiro gol tricolor. Seria inadmissível na Copinha ver dois jogadores batendo boca por uma saída de bola errada e, quando notaram, lá estava um gajo de camisa diferente da deles pronto para finalizar. Imagina em um jogo da primeira divisão? E se for em um clássico? E se for o clássico que marca o orgulho de voltar a disputar jogos desta envergadura sem ser contra times de juniores em competições semiamadoras como a Copa Paulista? Ah, teve um golaço depois de um passe de almanaque do Daniel Costa para o Lucas Nathan. Seria legal se não houvesse acontecido o quarto tento, o da goleada, o do desespero de ver o que somos ao pé de equipes mais bem apetrechadas. Se Fernando Pessoa nos mostrou que o sal do Mar Português são lágrimas de Portugal, não será doce a água do Campeonato Paulista. E nem tranquila. E para passar além do nosso Cabo Bojador, a alma não pode ser pequena. Assim como o espelho do mar é o céu, a alma dos torcedores é o norte de quem tem que evitar o abismo da queda. A mesma alma que fez a torcida cantar, pular e sofrer e, mesmo após o jogo, declarar seu amor à Portuguesa. Ou então nem terá valido a pena. Texto originalmente publicado no NETLUSA |
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