domingo, 30 de novembro de 2008

Triste

Hoje, no Canindé, a Portuguesa terminou de escrever a mais triste página de sua história. Mais triste que o primeiro rebaixamento, há seis anos; mais até que a queda pra Série A-2 do futebol paulista, em 2006.

Triste porque acabávamos de voltar pro lugar que julgávamos ser nosso, e sequer o esquentamos. Assim como o Ipatinga, subiu e voltou no ano seguinte. Mas é o Ipatinga, né? A Lusa é grande demais, demais mesmo.

Não cabe aqui recordar esquadrões pra justificar-me. Não é necessário revirar os porões de um passado remoto em busca de glórias e conquistas, sejam elas vitórias inesquecíveis ou títulos importantes. Não há porquê, nem condições pra isso.

O que estou sentindo é muito difícil de descrever. É forçoso segurar uma lágrima. Aliás, que besteira chorar por causa de futebol! Coisa de criança! Mas, pensando bem, quem disse que torcedor não tem um “que” de infantil? Que não tem um certo brilho jovial nos olhos quando seu time ganha? Que não faz beicinho quando perde? É claro que é! E comigo não poderia ser diferente. Creio que com você, caro leitor, também seja assim.

Em horas como essas há quem diga que é o momento de quebrar tudo, de mandar dirigentes, técnico e jogadores pros lugares mais impróprios para serem ditos, ou promover uma reformulação geral no plantel. Mas eu não. A ferida acabou de ser aberta, e vai demorar pelo menos um ano pra começar a cicatrizar. Prefiro assumir minha fossa e afogar as minhas mágoas num bom cálice de vinho do Porto até passar a ressaca - pelo menos essa.

sexta-feira, 28 de novembro de 2008

Gênios da Bola III - Maradona

Esqueçam os casos de doping, a volta ao Boca 15 quilos acima do peso, o episódio dos tiros de chumbinho contra os jornalistas. Maradona foi, inquestionavelmente, o segundo maior jogador de todos os tempos. Sem dribles circenses ou pirotecnia. Apenas precisão e genialidade.

Não foi à Copa de 78 porque Menotti o achava jovem demais. Despediu-se de 82 com um coice no brasileiro Batista, mas em 86 foi o "Homem da Copa". Ganhou praticamente sozinho aquela Copa. Em 90 brilhou num time absolutamente comum.

No auge, fazendo do Napoli um time grande, mas foi pego pela primeira vez no exame anti-doping, por uso de cocaína. Começava o ocaso. Gordo, viciado, lutava pra voltar. Quando ninguém esperava, surpreendeu o mundo, chegando à Copa de 94 absolutamente impecável, esbelto, perfeito. E pela primeira vez não teria que carregar o time nas costas, afinal, a Argentina tinha um timaço: Batistuta, Claudio 'Piojo' Lopez, Redondo... Mas de novo foi pego por doping, num caso muito estranho. Depois do jogo contra a Grécia - quando fez um golaço - saiu de campo de mãos dadas com uma enfermeira.

Quase morreu no ano retrasado. Após anos e anos de tratamento duro, voltou à vida, e hoje tenta reviver os tempos gloriosos de jogador, no cargo de técnico da Seleção da Argentina.

Chamem como quiserem: "El pibe d'oro", "El D10s" ou simplesmente Diego Armando Maradona.

Gênios da Bola II - Eusébio

No fim da década de 50 o húngaro Bella Gutman indicou ao São Paulo um jogador que atuava no Sporting de Lourenço Marques (atual Maputo), Moçambique. A equipe paulista não foi conferir, mas o Benfica foi.

Conta-se que esse jogador teria ido a Portugal escondido na carroceria de um carro, a mando dos encarnados. Detestava o apelido Pelé Europeu. Disse num livro, após a Copa de 66: "A minha sombra é negra. Ela é Pelé. Na ânsia de arranjarem legendas bombásticas, têm-me chamado de 'Pelé da Europa'. Por favor, não me chamem disso. Pelé é Pelé. Meu nome é Eusébio".

Quem quiser vê-lo, basta ir à Lisboa. Na entrada do Estádio da Luz ele está, para sempre, na forma de um monumento em tamanho natural. Uma justíssima homenagem a esse extraordinário jogador. O maior da história do Benfica e de Portugal.

Eis o "Pantera Negra".


quarta-feira, 26 de novembro de 2008

Gênios da Bola I - Rui Costa

Algumas pessoas não têm a real dimensão do que foi Rui Costa. Certamente, Rui foi um dos três maiores jogadores da história de Portugal, e o segundo maior da história do Benfica, a perder somente por Eusébio.

Era hipnotizante vê-lo jogar. Um simples canto batido por si tinha uma aura especial. No futebol de hoje, quiçá Ronaldinho Gaúcho tenha a visão de jogo mais próxima do que era Rui Costa, porém com uma magia diferente. Gaúcho é habilidade pura. Rui Costa, por sua vez, era a síntese da técnica.

Um dos gênios do seu tempo, da mesma estirpe de Zidane e Michel Platini. Um craque que, nos dias atuais, foi capaz de marcar contra seu time do coração e chorar. 

Deleitem-se, é por minha conta, ou melhor, do grande maestro Rui Costa.

sábado, 15 de novembro de 2008

Até quando?

A emboscada feita por membros da Mancha Verde no aeroporto de Congonhas, em São Paulo, da qual foi vítima o técnico Vanderlei Luxemburgo, foi mais um ato da barbárie que esses bandidos travestidos de torcedores vêm cometendo há tempos, sem que haja atitudes realmente eficazes por parte das autoridades competentes.

Detê-los não é tão difícil assim, apesar de eles estarem se organizando, elegendo até vereadores nas últimas eleições. Lembram uma certa facção que age nos presídios paulistas.

Há alguns anos, a então Primeira-Ministra britânica, Margaret Thatcher, conseguiu banir os hooligans. Como? Com leis enérgicas, mais a ajuda da UEFA, que afastou os clubes ingleses por 5 longos anos de toda e qualquer competição organizada por ela, após a “tragédia de Heysel”, na Bélgica. Na ocasião, 39 pessoas morreram antes da final da Copa dos Campeões da Europa, em 1985, entre Juventus e Liverpool. Foram os torcedores ingleses que começaram o tumulto e a maioriados mortos era composta por torcedores italianos.

Ao invés disso, são tratados “a pão-de-ló”. Têm espaço não só nos clubes, mas também na mídia, em programas "esportivos" que, em troca de alguns televisores ligados, entrevistam esses bandidos, dando o que eles mais querem, que é status dentro da organização criminosa em que se transformou a torcida organizada.

Essa relação promíscua entre a marginália, os dirigentes, a imprensa e o poder público faz com que eles (os bandidos) cresçam a olhos vistos, fomentando um ódio que já custou o sangue de alguns inocentes e outros nem tão inocentes assim.

Essa “gente” age impunemente, quando deveria ser tratada no cabresto, na base da porrada, mesmo, em qualquer que seja o sentido.


Trata-se de uma escória, de um lixo de gente incapaz de encarar homem a homem, pois pra isso deveriam ser homens, coisa que, definitivamente, não são.

Não acho que devam ser presos, pois não quero que o dinheiro dos meus impostos seja usado pra dar de comer e dormir a esses vagabundos, que deveriam se alimentar de seus próprios dejetos.
Só pra constar, no caso da emboscada de Congonhas ninguém foi preso, nem pra averiguação. E não precisa ser especialista em direito criminal pra saber que os selvagens envolvidos poderiam responder por lesão corporal, formação de quadrilha e perturbação da ordem pública, no mínimo.
Pra terminar, peço desculpas a você, caro leitor, por fazê-lo ler sobre tão indigesto assunto. Se precisar tomar alguma coisa pro estômago, pode ir à farmácia e pôr o sal-de-fruta na minha conta.

Dias difíceis

Esses dias têm sido difíceis pra quem, como eu, torce pra Lusa.

Jogamos bem contra o Flamengo e contra o São Paulo. Em ambos os jogos até merecíamos melhor sorte, mas somamos apenas um ponto. Mas vínhamos jogando bem, o que, de certa forma, dá alento. Contra o tricolor carioca, hoje, as coisas pareciam que iriam bem. O Edno fez um Golaço, com “G” maiúsculo, mesmo. Até esqueci que o Bruno Rodrigo não estava jogando.

Mas depois eu me lembrei. Pior que isso: o Aderaldo estava. Sabe aquele jogador que ninguém sabe (talvez nem ele mesmo) como é profissional? Pois é. O Aderaldo é um desses. Pra ajudar, o Halisson também estava. Não que ele seja tão ruim quanto o outro citado, mas ele tem o raro talento de fazer besteiras, justamente nos momentos mais impróprios.

Ficar discutindo razões nos momentos que sucedem as derrotas não é das atitudes mais sábias. Até porque tudo o que é feito e dito tem um “temperinho” especial: a cabeça quente. Resta-nos apenas aplaudir o oponente, que ganhou com sobras e mérito. E pra falar a verdade, três foi pouco.

Temos, na seqüência, dois jogos em casa, contra Goiás e Sport. Teoricamente, não são jogos assim tão complicados, já que ambos não almejam mais nada nem têm a perder. Teoricamente, repito.

O grande Cláudio Carsughi, da rádio Jovem Pan de São Paulo, tem uma tese muito interessante sobre algumas equipes que melhoram quando estão à beira do abismo, mas voltam a cair de produção. Ele chama de “a melhora da morte”. Ainda não é hora de chamar o padre para a extrema-unção, mas que o estado de saúde do paciente é delicado, ah, isso é.

domingo, 9 de novembro de 2008

A estranha viagem nos sentimentos

No último fim-de-semana experimentei algumas sensações estranhas. Ir do êxtase à decepção em questão de segundos é muito interessante. Senti isso no GP do Brasil de Fórmula 1, por motivos óbvios. Um dia antes tinha sentido algo semelhante no Flamengo e Lusa, mas não com tanta intensidade.

Ontem, novamente, foi dia de me submeter aos meus sentidos. Mais um jogo da Lusa, mais um clássico, mais um líder, mais uma decisão, mais um jogaço de bola. E mais uma vez deu São Paulo.

Até o começo do segundo turno, ninguém dava bola pro Tricolor. Estando 11 pontos atrás do líder Grêmio, jogava muito mal. Aí, sorrateiramente, foi chegando, chegando, e chegou! Num ano em que fez tudo errado, quando se submeteu a ser reformatório de jogadores, tem sido ajudado, não pelas arbitragens, como está sendo a dupla moribunda do Rio, mas pela incompetência dos adversários.

Todos os outros que experimentaram o torpor da liderança tropeçaram, inebriados, nas próprias pernas. Como o São Paulo está acostumado ao cume, parece não padecer desse mal.

Voltando ao jogo, foi um clássico eletrizante. Logo de cara, gol do São Paulo. No finalzinho, gol da Lusa. Nos acréscimos, mais um gol do São Paulo. No segundo tempo os papéis quase se inverteram. Quase. A Lusa buscou o empate. Quase no fim, o São Paulo fez outro. Aí, nos acréscimos, o tipo de lance que dói, mas mostra quem é o escolhido pela sorte. Quando o Edno apareceu nas “fuças” do Rogério eu já estava pronto pra gritar, ensandecido, mas a bola, caprichosa que é, escolheu pelo travessão, ao invés de aconchegar-se às redes, a despeito do que fizera minutos antes, na outra baliza.

Estou maravilhado com o nível do jogo. Mas estou triste com o resultado. É um estranha viagem nos meus próprios sentimentos. Escrever é muito mais fácil do que falar, pois os dedos não soluçam, nem têm embargos, com os tem a voz. Estou com os olhos marejados, mas estou orgulhoso. É muito estranho sentir coisas tão diferentes, quase que ao mesmo tempo.

segunda-feira, 3 de novembro de 2008

Um domingo daqueles...

Tinha tudo pra ser um fim-de-semana sensacional. Lusa no Maraca, GP do Brasil de Fórmula 1 com chuva, o que deixa a corrida muito legal, e clássico na TV. Ou seja, um monte de atrações batutas para nós, amantes do esporte.

Jogo no Maracanã tem uma aura muito especial. Quando o adversário é o Flamengo, então, a coisa toma dimensões maiores. Mais de 40 mil pessoas empurrando o Flamengo. Pra começar, o Fábio Luciano marca um golaço, de voleio.

A vaca vai deitar - pensei comigo mesmo. No ápice do nervosismo, parei de ver o jogo e fui fazer outra coisa. Quando voltei, obviamente mais nervoso do que antes, a Lusa já tinha virado o placar e dominava amplamente a partida. Mesmo assim, a massa flamenguista continuava empurrando o time. Aí o sempre nefasto Héber Roberto Lopes resolveu empurrar o Mengo também. Falta escandalosa no Edno feita pelo Toró quando o luso estava na cara do Bruno, pronto pra matar o jogo. Pra expulsão! E o “árbitro” não marcou a falta, tampouco expulsou Toró. Na seqüência, o empate do Flamengo.

Depois que a raiva passou, mais ou menos passada meia hora do jogo (e após um esporro da patroa por causa da cara amarrada), ponderei e vi que o empate, no fim das contas, foi bom.

Logo depois, o Náutico venceu o Vitória com um gol de pênalti, daquele jeito. Houve de tudo. Gás de pimenta, voz de prisão ao goleiro do Vitória no intervalo, truculência. Como de praxe em jogos no Estádio dos (visitantes?) Aflitos.

Aí veio o domingo. Ah, o domingo...Confesso que dormi durante boa parte da corrida. Corridinha insossa! Massa na frente, sem ser ameaçado, Hamilton em quinto, tranqüilo, com o Kovalainnen logo atrás. Em condições normais, o Kovalainnen já não é de ultrapassar ninguém. Imaginem com o Hamilton na frente, então? De repente, o Sobrenatural de Almeida resolveu dar as caras. O inglês caiu pra sexto. Era o cenário perfeito. Mas aí a chuva apertou e o Glock, que estava com pneus pra pista seca, não conseguiu segurar o ímpeto do inglês, que foi campeão a UMA CURVA do fim.

Bom, tinha o restante da rodada ainda. O Galo recebendo o Fogão no Mineirão, Santos e Palmeiras na Vila, embaixo de chuva. No mais, de interessante pra mim, Atlético-PR e Sport, Grêmio e Figueira e o clássico dos Finados (literalmente), entre Vasco e tricolor carioca.

Os Atléticos ganharam (não foi bom), o Figueira empatou fora (idem) e o Vasco, na briga pra sair do buraco, puxou o time das Laranjeiras pra baixo. Acho que o empate seria, para nós, lusos, o melhor resultado.

Coisas curiosas costumam acontecer no Brasileirão. Justamente o jogo que menos interessava acabou chamando mais atenção. Curioso o Goiás, que perdeu em casa pro péssimo e moribundo Vasco por 4 a 2, ganhar do bom Cruzeiro, com sobras, por 3 a 0, fora o baile. Realmente é curioso, muito curioso...