Teste para cardíacos. Assim pode ser classificado o Jogaço (com "J" maiúsculo) entre Portuguesa e Guarani, disputado na noite de ontem, no Estádio do Canindé.
As campanhas das equipes já davam indícios de que seria um belo jogo, mas foi muito melhor que a encomenda. De um lado o líder da competição, o Guarani, muito bem dirigido pelo Vadão, com três volantes muito bem postados e uma saída mortal no contra-ataque; do outro, a Portuguesa, em clara ascensão e jogando em casa, onde perdeu apenas dois jogos neste ano. Bonamigo armou o time com três zagueiros, um volante, apenas, e quatro homens de frente.
Logo de cara, golo da Lusa, de Héverton. Porém, o que parecia uma jornada feliz, em meia hora, mudou completamente. O Guarani sufocava a saída de bola lusitana, fazendo com que Erick, improvisado no lado esquerdo da defesa, errasse tudo o que podia e, principalmente, não podia. Pelo seu lado saíram os três golos do alviverde campineiro, com Valter Minhoca, Ricardo Xavier e Maranhão. Pra completar, a Lusa afunilava todas as jogadas e, obviamente, não conseguia furar o bloqueio bugrino. Ir para o intervalo perdendo por 3 a 1 saiu barato.
Após um esporro daqueles, a Lusa voltou pro segundo tempo com mudanças em todos os sentidos: técnicos, táticos e, principalmente, comportamentais. Erick ficou no balneário, tendo Ygor ocupado seu lugar, dessa feita na cabeça de área, onde apenas Acleisson se desdobrava pra marcar.
Assim, Marco Antonio passou a atuar mais à frente, ao lado de Héverton e Edno, municiando Christian, que entrou no lugar do machucado e apagado Fellype Gabriel. Dessa forma, com um ponta-de-lança de ofício, a Portuguesa passou a segurar os zagueiros do Guarani. Edno e Héverton abriam o jogo pelas pontas, criando um verdadeiro pandemônio na defesa do Bugre, que, aliás, deu apenas um chute a golo na segunda parte. A Lusa seguia encurralando o adversário em seu campo de defesa. Os três armadores trocavam de posição constantemente, sendo parados só na base da pancada. E foi na bola parada que saíram os dois golos que iniciaram a virada. Duas bolas alçadas milimetricamente pelo excelente Edno, dois golos de cabeça, de Bruno Rodrigo e Ygor.
A superioridade rubroverde foi tamanha que até a contusão de Christian, substituído por Tatá, por conta de uma lesão na panturrilha, contribuiu para a vitória. O golo da épica virada saiu após tabela na esquerda entre Acleisson e Anderson Paim, que rolou para o inspiradíssimo Marco Antonio bater de primeira e ver a bola estufar as redes após desviar em…Tatá.
Enfim, os quase 5 mil torcedores que se aventuraram na fria e chuvosa noite de inverno paulistano presenciaram uma noite autenticamente portuguesa, com direito ao drama do fado e à alegria do vira. No teste para cardíacos que foi o jogo, a Portuguesa mostrou o que todos nós queremos: raça, fibra e cara de campeão.