quinta-feira, 28 de junho de 2012

A 90 minutos do paraíso

É fiel, quem diria? O sonho de conquistar a América está mais próximo. Ontem, o empate por 1x1 na tão temida La Bombonera passou para realidade o que antes era um sonho de consumo.

A igualdade na casa dos hermanos foi um bom resultado, tendo em vista que os alvinegros poderiam ter saído do estádio com uma amarga derrota. Se não fosse a trave para salvar o Corinthians, ela que "ajudou" o Timão ao lado de Romarinho, autor do gol de empate.

Romarinho? O novo xodó da fiel. Ele está mostrando de fato o porquê de ter sido eleito como revelação do Campeonato Paulista de 2012. Até o momento não sentiu o peso de vestir a camisa do Corinthians.

Agora serão mais 90 minutos, uma simples vitória no estádio Pacaembu, dia 04, e o Corinthians poderá tirar esse fantasma da Libertadores que tanto o assusta. De quebra também levará junto à invencibilidade no torneio: até agora 13 jogos, sete vitórias e seis empates. O último clube a conseguir essa façanha, acredite se quiser, foi o próprio Boca Juniors, em 1978.

Assim como foi por parte da torcida argentina em La Bombonera, o Pacaembu estará tomado por fiéis. Fiéis nas cores preta e branca. Acenda uma vela você, torcedor corintiano, reze para São Jorge, o Santo Guerreiro, assim como os mesmos guerreiros que entraram em campo para a batalha final. O paraíso está proximo.
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quarta-feira, 27 de junho de 2012

Derrotas são derrotas

Estou há 15 minutos a olhar para o ecrã do meu computador. Um quarto de hora a tentar dizer o que se passa pela cabeça após a eliminação de Portugal na Euro 2012. É difícil. Complicado, principalmente quando existiam possibilidades reais de apuramento.

Poderia falar que a Selecção das Quinas caiu de pé, que lutou, que foi grande, que perdeu para um time que também mereceu e, como só pode passar um, passou a Espanha. Tudo baboseira. Derrotas são derrotas e doem, todas elas. Umas mais, outras menos, mas todas doem.

Ficar imaginando se o João Moutinho tivesse escolhido outro canto, se a bola chutada pelo Bruno Alves fosse um palmo para baixo ou se o chute do Fábregas fosse um bocadinho mais à esquerda não resolve nada. Apenas prolonga o sofrimento. Um sofrimento, aliás, que durou 120 longos minutos mais as penalidades.

Ronaldo no momento da última cobrança (Imagem: Reuters)

O que resta a fazer é esperar pela Copa do Mundo, quando começará tudo de novo. A mesma angústia e a esperança de um desfecho diferente. E é assim que tem que ser. Esta é a beleza do esporte, inclusive nas derrotas. 

É, fiel, chegou o dia!

Torcedores corintianos, preparem seus corações! Chegou o grande dia. Começam hoje em La Bombonera, às 21h50, os primeiros 90 minutos da tão aguardada final da Taça Libertadores da América.

Nervos à flor da pele por um possível vice-campeonato? Talvez. Vontade de gritar é campeão? Com certeza. O adversário é malandro, ganhou inúmeras vezes o torneio. Aliás, esse adversário é o Boca Juniors. Seis canecos levantados, já eliminou Tricolor carioca, Santos, Palmeiras e o próprio Corinthians, em 1991, nas oitavas de final.

Um sonho que pode virar realidade. Uma conquista jamais esquecida. Um troféu que virou pedra no sapato do Sport Club Corinthians Paulista e daqueles 30 milhões de loucos.

É, Fiel, olhos grudados na televisão e ouvidos colados no rádio, nenhum lance pode passar despercebido dessa final marcante. Quem tiver que tomar remédios para controlar a pressão já se antecipe, pois não será fácil.

terça-feira, 26 de junho de 2012

Tudo como dantes

Castelo de Abrantes (Rui Miguel Silva)

Tudo como dantes no quartel d'Abrantes. Era assim que se respondia em Portugal, no século XIX, quando alguém perguntava como iam as coisas. Era a época da invasão de Napoleão Bonaparte à Península Ibérica, quando a Família Real portuguesa, que não era besta, veio para o Brasil, fugida do general francês. Como uma das primeiras cidades a serem invadidas foi Abrantes, localizada às margens do Tejo, e não houve lá muita resistência, a resposta era usada em tom de ironia.

Tudo como dantes no império de Juju. Assim pode ser resumido o atual momento do São Paulo. Entra treinador, sai treinador, entra jogador, sai jogador, e tudo segue igual. A mesma auto-suficiência, a mesma soberba.

O que antes era um exemplo de gestão virou motivo de chacota. O Tricolor, com seu invejado e indiscutível planejamento, com sua localização em uma área nobre da cidade e sua mania de grandeza, despertava a admiração da imprensa, a ira das outras torcidas e conseguia, a cada conquista, um sem número de novos adeptos, que arrotavam sua pretensa superioridade a cada venda de um prata-da-casa para algum time rico da Europa (mesmo que o tal prata-da-casa fosse cooptado na base de algum co-irmão menos organizado).

A rotatividade na cadeira do presidente garantia a saúde administrativa do "Soberano". Ora, se quisesse continuar mandando, o presidente que fizesse seu sucessor. E assim a vida seguia. Seguia, pois, de uma hora para outra, a oposição se enfraqueceu, a tal cadeira presidencial virou trono e o déspota Juvenal Juvêncio nela se aboletou.

A cada competição perdida, a cada não-classificação para a Libertadores, a solução passou a ser a convocação de uma entrevista coletiva, concedida por El Rey, é claro, na qual Sua Majestade profere frases que já fazem parte do riquíssimo folclore do futebol brasileiro. O técnico Leão foi só mais um que passou pelo Reino de Juju e acabou virando bobo da corte, substituído toda vez que perde a graça. E tudo segue como dantes.

domingo, 24 de junho de 2012

Chegaram as meias-finais

Espanha tentará o bicampeonato europeu; Alemanha,
 Itália e Portugal no caminho dos campeões
A Eurocopa chega à sua fase de meias-finais. Sem surpresas, ao meu ver. Alemanha, Espanha, Itália e Portugal decidirão quem será o dono do futebol do Velho Mundo. 

Primeiro, o duelo da quinta-feira, no estádio Nacional de Varsóvia, onde duas das camisolas mais poderosas do mundo estarão decidindo uma vaga às finais. A Alemanha, único selecionado a vencer seus quatro jogos, tem pela frente a sempre forte Itália. Os alemães são donos de três taças e, para chegar, passaram ilesos no tido como Grupo da Morte, com vitórias apertadas contra Portugal (1 a 0), Holanda (2 a 1) e Dinamarca (2 a 1).



Nas quartas, espantou a zebra grega com um incontestável 4 a 2. E ainda se deu o luxo de poupar o ataque inteiro, com Podolski e Mario Gomez, um dos artilheiros do torneio, no banco. Com as quatro vitórias,o time de Joachin Löw chegou a 16 vitórias seguidas em partidas oficiais, igualando a Espanha de 2009. 

Já a Itália foi a equipe que menos venceu até aqui. Somente uma vitória, no sufoco, sobre a Irlanda, na última rodada da primeira fase, que lhe valeu a classificação. No mais, empates por  um gol nas duas primeiras rodadas, contra Espanha e Croácia, que eliminariam os italianos se fizessem um jogo de compadres na última rodada.


Tudo muito dramático, como quase sempre. Dramático como a classificação da Azzurra contra a Inglaterra, na segunda fase. Mais de 30 finalizações, duas bolas na trave inglesa e a apuração na disputa por pênaltis, por 4 a 2, contra um English Team desfalcado, que jogou como time pequeno.

Um dia antes, na Arena Danboss, em Donetski, Portugal e Espanha fazem o clássico da Península Ibérica. Do contrário do que se imaginava, a atual campeã europeia e mundial Espanha não sobrou na competição. Exceto na goleada na Irlanda, por 4 a 0, na segunda rodada da primeira fase, a Furia teve páreos duríssimos no empate da estreia frente à Itália e na vitória, com as calças na mão, contra a Croácia, por 1 a 0, quando Casillas garantiu a apuração espanhola. 



Na fase seguinte, também sem brilhar como de hábito, venceu a França, que vendeu caríssimo a derrota por 2 a 0. Para complicar, o técnico Del Bosque ainda não encontrou a formação ideal, ora com Torres como avançado, ora com Fábregas e David Silva à frente.

Portugal, por sua vez, estreou perdendo para a Alemanha por 1 a 0, numa partida em que teve chances para empatar. Depois, passeava contra a Dinamarca, abrindo dois golos de vantagem no começo da primeira parte, mas permitiu o empate ao nórdicos e venceu graças ao golo salvador do reserva Varela, naquela que, seguramente, foi a pior partida de Cristiano Ronaldo pela equipa nacional. No jogo seguinte, porém, o capitão acordou, comandando a virada por 2 a 1 contra a Holanda, com os dois golos, duas pelotas atiradas ao poste e muitas jogadas que levaram os holandeses à loucura. 


Para avançar às meias-finais, outra exibição de gala do camisa 7, na vitória por 1 a 0 contra a República Tcheca. Novamente ele anotou o golo da Selecção das Cinco Quinas, fora as bolas no poste, de novo.

Está tudo em aberto. Dos quatro finalistas, só Portugal perdeu e só Portugal nunca conquistou o torneio, mas apenas Portugal tem Cristiano Ronaldo.

sábado, 23 de junho de 2012

Outro time

Ao vencer o São Paulo, no Canindé, a Lusa terminou com um incômodo jejum. Foram mais de dois anos sem vitórias em clássicos. A última vez que a Portuguesa havia vencido outro grande (Troféu Sócrates não conta) foi na estreia do Paulistão 2010, contra o mesmo São Paulo, por 3 a 1. Independentemente da fase ruim que o São Paulo atravessa, a Portuguesa teve outra cara.

O time não vinha jogando mal, embora cometesse os mesmos pecados do Paulistão. Posse de bola, muita até, mas ninguém sabia o que fazer com ela. Era um time assustado, com medo, muita transpiração e nenhuma inspiração.

Hoje, contra o São Paulo, a Lusa foi um time consistente, ciente das suas inúmeras limitações. E isso foi preponderante para vencer. Como de hábito sob o comando de Geninho, a defesa foi armada com três zagueiros, protegidos por três trincos que saem para o jogo.

A diferença estava nas peças. No gol, a segurança impressionante do Dida, que não jogava há dois anos, mas parecia estar sob a barra da Lusa desde então. No meio, o retorno de Guilherme deu outra cara ao time. Apesar dos dois meses fora, apresentou a mesma movimentação, a mesma marcação, o mesmo passe certeiro.

Dida estreou bem pela Portuguesa (Alê Cabral/AE)

Outro jogador que estreou com destaque foi o atacante Diego Viana. Mostrou presença de área, sabe sair dela para abrir espaços, aguenta porrada e, pelo visto, fede a gol. Um achado! É difícil encontrar avançados com estas características.

Claro que vitórias escondem falhas, da mesma forma que derrotas as potencializam, mas a Portuguesa mostrou uma cara que há muito não se via: de um time que venderá caro cada derrota e que lutará sempre por elas. Será campeão? Óbvio que não! Brigará na parte de cima da tabela? Também duvido, mas o clássico deste sábado é um alento para quem estava fadado apenas a lutar contra o rebaixamento.

sexta-feira, 22 de junho de 2012

Credencial

Sim, estou bêbado. Definitivamente, dei-me o direito de comemorar a vitória portuguesa sobre os tchecos, pelos quartos de final da Eurocopa 2012. A exemplo das edições de 1984, 2000 e 2004, a Selecção das Quinas chega às meias-finais do segundo torneio mais importante de seleções do mundo.

GARRAS AFIADAS Cristiano homenageia
Eusébio ao mostra as garras da pantera

Para assistir ao duelo, escolhi a padaria do amigo Johnny, em Diadema. Diferentemente dos jogos da Barcelusa no ano passado, desta vez não houve os tradicionais tremoços, mas nem precisava. Entre um lance e outro, lá vinha ele com uma garrafa de Antarctica e uma boa história. 

Foi uma partida relativamente tranquila. A República Tcheca atuou o tempo todo esperando por um erro da irregular linha defensiva de Portugal, o que não aconteceu. Pepe, Bruno Alves, João Pereira e, principalmente, Fabio Coentrão foram soberanos, garantindo ao guardarredes Rui Patrício o papel de espectador de luxo.

No meio, outra vez, Raul Meirelles foi gigantesco. Nem a contusão de Hélder Postiga foi sentida, já que Hugo Almeida, que eu não gosto, diga-se, fez uma partida acima do que costuma apresentar. Com ele, a defesa tcheca ficou enfiada na área, o que fez surgirem espaços para João Moutinho, Nani e Cristiano Ronaldo brilharem.

E foi o Puto Maravilha quem decidiu novamente. Duas bolas atiradas ao poste e um sem número de jogadas insinuantes, sempre buscando o golo. O capitão luso jogou mais do que fizera contra a Holanda, se é que isso era possível. Contra os Países Baixos, Ronaldo enfrentou um time aberto e desarrumado. Contra os tchecos, no entanto, teve um time fechado à frente. Não fosse pela atuação de Petr Cech, a vitória seria mais expressiva.

EM GRANDE Bicicleta, trave, gol. Cristiano Ronaldo só não fez chover

A atuação de hoje credencia o time de Paulo Bento ao título. Venceu com propriedade, com sobras. Uma vitória de time grande. Voltarei à padaria para as meias-finais, seja quem for o adversário, pois isso é o de menos. A dor de cabeça passa, a ressaca acaba, mas a alegria é eterna.

Aos sonhos, às taças e às armas, Portugal!

segunda-feira, 18 de junho de 2012

Apressado sequer come

Pela primeira rodada do Grupo C da Eurocopa, Espanha e Itália empataram por 1 a 1 na Arena Gdansk, Polônia. Foi o suficiente para que as duas seleções tivessem suas qualidades postas em cheque.

Esquecem, porém, que em campo estavam cinco títulos mundias, os dois últimos, inclusive, e três europeus, dentre os quais o atual. Tradição não entra em campo? É discutível, mas a mística destas camisas não é.

A história da Squadra Azzurra não pode ser desprezada, e nessa tradição estão as classificações sofridas. Na Copa de 1970, por exemplo, passou à Segunda Fase com uma vitória e dois empates, tendo marcado apenas um gol. A partir daí deslanchou, parando apenas na final contra o Brasil, que tinha talvez o maior time que a humanidade já viu, mas jogou contra uma Itália arrebentada pela histórica semi-final contra a Alemanha Ocidental, no maior jogo da história das Copas.

Em 1982, a Itália chegou à Copa afundada numa enorme crise, sem vencer nos amistosos de preparação e em greve de silêncio com a imprensa. Para piorar, seu maior nome, o atacante Paolo Rossi, estava suspenso até pouco antes do mundial, envolvido no famoso escândalo de manipulação de resultados que ficou conhecido como  Totonero

Passou na bacia das almas, em segundo no grupo da Polônia de Lato e Boniek, por ter marcado um gol a mais que Camarões, após três empates. E a imprensa malhando. A partir daí venceu a então campeã mundial Argentina, de Maradona, e o Brasil de Telê Santana, na fase seguinte, para vencer na meia-final a Polônia e, na decisão, mais uma vez, a Alemanha Ocidental. Foram as únicas quatro vitórias em quase dois anos, justamente as que precisava vencer. Sempre sofrido.

Já a Espanha é diferente. Nos acostumbramos a ver a Fúria dar espetáculo, a não deixar o outro time sequer tocar na bola. Os atuais campeões europeus e mundiais praticam algo parecido com futebol, mas num plano superior. No entanto, não é invencível. Mesmo na Copa de 2010, sucumbiu na estreia ante o ferrolho literalmente suíço.

Naquela ocasião, a derrota por 1 a 0 para a Suíça foi o suficiente para deixar todos os pés possíveis atrás, mesmo a Espanha já sendo campeã da Europa. Era compreensível, pois nunca havia passado sequer das quartas-de-final. Mas agora não. Não se pode duvidar de um time que tem Casillas, Xavi e Iniesta. E bastou um empate para que todos duvidassem, mesmo (ou justamente por isso) este sendo com a Itália. Eis que a primeira fase prosseguiu, la Fúria esmagou a Irlanda e venceu, no sufoco, o bom time da Croácia, il Azzurri tropeçaram na Croácia e superaram, com as calças na mão, a Irlanda, no melhor jeito italiano de ser.

No fim das contas, Espanha e Itália apuraram-se aos quartos-de-final, e os apressados, que normalmente comem cru, sequer comeram.

domingo, 17 de junho de 2012

O lugar comum e a má vontade.

Hoje, em Carcóvia, na Ucrânia, Portugal massacrou a Holanda e garantiu a apuração aos quartos-de-final da Euro 2012. O placar de 2 a 1 para os comandados de Paulo Bento não refletiu a superioridade sobre o time de Bert Van Marwijk, que saiu na frente mas em momento algum demonstrou ter bola e cabeça para vencer, mesmo com o placar favorável.

Nem vou falar do jogo em si, pois o leitor por certo já leu impressões de gente mais gabaritada que este que vos escreve sobre os noventa e poucos minutos de jogo. Meu negócio, hoje, é com a imprensa dita especializada.

Chega a ser irritante a má vontade da imprensa brasileira para com a Selecção das Quinas. Começou e competição e já falaram que o time português é fraco, que o Pepe é violento e que Cristiano Ronaldo é pipoqueiro, além de chamarem Portugal de "exército de um homem só". Puro lugar comum de quem se importa mais com manchetes de jornais do que com um jogo inteiro.


Pepe tem jogado demais. Nenhum zagueiro, mesmo os badalados espanhóis e alemães, tem feito a Eurocopa que o luso-brasileiro faz. Foram três partidas soberbas, embora tenha falhado no segundo golo dinamarquês. Marca na bola, com rispidez, mas na bola, como todo defesa deve ser, diga-se. E ainda marca seus golos. No entanto, na primeira falta mais forte que fizer, já falarão que é violento.

Outro nome que está brilhando é Fabio Coentrão. Um monstro na retaguarda, um tormento aos contrários no apoio. Sem contar que foi o melhor lateral-esquerdo da Copa da África do Sul. Para a crônica tupiniquim, porém, joga menos que o chiliquento e nada confiável Marcelo. Sem contar nomes como Raul Meirelles, Miguel Veloso e João Moutinho, que não têm o reconhecimento dos críticos do Novo Mundo.

No entanto, nada se compara com as críticas feitas a Cristiano Ronaldo. É praxe chamá-lo de pipoqueiro a cada atuação ruim ou decisão perdida. Citam as grandes penalidades perdidas na decisão da Champions contra o Chelsea, em 2008, mesmo sendo ele o autor do tento de sua equipa, e contra o Bayern, nesta época, pelas meias-finais, quando ele também marcou no tempo regulamentar, e por duas vezes. 

Mesmo pelo time do Real Madrid, o qual tem levado às costas desde que chegou, é só ter um jogo mais ou menos ou uma derrota para o Barcelona, que deixa de ser o segundo melhor do mundo e vira um jogador trivial.

NEM ASSIM? Cristiano Ronaldo fecha o caixão holandês.
Dois gols e atuação de gala (Reuters)

Hoje reconhecem o seu valor graças à atuação diante dos holandeses. Dizem até que foi sua melhor partida na equipa nacional de Portugal, mas na primeira mal conseguida que tiver todos duvidarão do seu potencial. Sorte de Eusébio não jogar nos dias que correm.

Ronaldo comemora seu segundo golo frente aos holandeses (Yves Herman/Reuters)

sábado, 16 de junho de 2012

Memo e Guilherme

O volante Guilherme está em litígio com a Portuguesa. Quer sair e diz que não tem condições de jogar por não se sentir seguro, uma vez que foi ameaçado por dois (!) torcedores por causa do rebaixamento do time no Paulistão.

No pernambucano Santa Cruz, outro volante, um tal de Memo, é um dos destaques do time, que chegou ao inferno da Quarta Divisão do futebol nacional, subiu à Série C e é o atual bi-campeão estadual.

Há muito tempo Guilherme é cobiçado pelo Corinthians, que já fez inúmeras propostas pelo jogador. No entanto, a diretoria lusa não foi seduzida por nenhuma delas, ao contrário do excelente trinco rubro-verde, que não vê a hora de rumar para o Parque São Jorge.

OLHAR DISTANTE Cabeça de volante luso está
longe do Canindé (Divulgação/Portuguesa)

Memo, prata-da-casa, despertou o interesse da Lusa, que procurou os dirigentes do time coral e fez uma proposta por 50 % dos direitos do jogador, considerada baixa pelos diretores e o negócio não saiu. 

Teoricamente, duas negociações parecidas, com o desfecho semelhante. Só na teoria. Guilherme, após o episódio, ficou quase um mês sem aparecer no Canindé. Voltou aos treinos,  mas se recusa a jogar. Memo, por sua vez, se disse chateado pelo negócio não ter sido concretizado, mas continuará defendendo o time da mesma forma.

DEVE FICAR Apesar da vontade de defender a Lusa,
Memo acatou decisão contrária do Santa Cruz
Guilherme tem 21 anos, foi procurado antes do clube e seu empresário, Wagner Ribeiro, é conhecido pelo modus operandi de dar de ombros para os contratos. Memo, de 24, tem um empresário desconhecido e respeitou a decisão do Santa Cruz.

No fim das contas, o clube que agiu de acordo com a ética e a polidez que viraram demagogia numa sociedade que não preza pelos valores ficará sem seu principal jogador, já que as coisas caminham para que o camisa 8 vá para o "co-irmão",  e não conseguirá contratar o volante coral.

As pessoas acham normal. Parte da imprensa condenou a atitude da diretoria da Portuguesa, que faz muita coisa errada, mas, neste caso, defende os interesses de um clube que se recusa a ceder à pressão que partiu do aliciamento do jogador. A tal ameaça, inclusive, se deu de uma forma muito estranha, durante uma reportagem de André Galvão, da TV Bandeirantes.

Sinal de que alguma coisa está errada. No futebol e na sociedade.



quarta-feira, 13 de junho de 2012

O fator Cristiano Ronaldo

Hoje Portugal venceu a Dinamarca na bacia das almas, com o golo da vitória anotado já perto do fim do tempo regulamentar. O jogo, que estava à feição de Portugal desde o pontapé inicial, ganhou cores de drama quando o time escandinavo achou um empate improvável após estar perdendo por 2 a 0.

Não que a Selecção das Cinco Quinas fosse um rolo compressor, mas a Dinamarca não tinha time, bola e competência para incomodar. O time de Paulo Bento tinha a bola no pé mas esbarrava em uma apresentação abaixo da crítica do seu capitão, Cristiano Ronaldo, que fez, seguramente, sua pior exibição com a camisola portuguesa.

Cristiano Ronaldo falha chance clara de golo (Reuters)

Pior que isso, o camisola sete luso se escondia do jogo, exceto por duas ou três jogadas mais agudas. No mais, os toques infrutíferos para o lado, a falta de inspiração e a pouca transpiração apresentada por quem parecia temer a bola.

O falhanço apresentado já dentro da área, sozinho na frente do guardarredes contrário, momentos antes do golo de empate da Dinamarca, poderia ter deitado ao solo toda e qualquer esperança de apuração da seleção portuguesa, não fosse pelo golo salvador do portista Varela. 

João Moutinho e Varela comemoram golo da vitória (Getty Images)
Quando apupado pelos adeptos, que o provocaram aos gritos de "Messi, Messi", o astro português atacou o argentino, dizendo que ele a esta altura já estaria eliminado. Uma atitude absolutamente desnecessária em um momento no qual ele deveria assumir seus erros e se preocupar em jogar o que pode. Seguramente, as chances lusitanas passam pelos pés e pela cabeça do jogador do Real Madrid.

A salientar, positivamente, as atuações de Pepe, Raul Meirelles e Fábio Coentrão, gigantes no relvado da Arena Lviv.

Mais uma excelente atuação de Fábio Coentrão (Reuters)

domingo, 3 de junho de 2012

Risco iminente

Faltando uma semana para o início do Euro 2012, Portugal encerrou seus jogos de preparação. Os adversários foram Macedônia e Turquia, com um saldo desastroso de um empate em branco contra os balcânicos e uma derrota por 3 a 1 para os turcos.

Diferentemente do jogo contra a antiga república da Iugoslávia, quando o futebol apresentado pelos comandados de Paulo Bento foi qualquer coisa próxima do nada, a partida frente aos turcos, em um estádio da Luz lotado, mostrou uma equipa insinuante, jogando verticalmente o tempo todo, buscado o golo, criando hipóteses claras a todo instante, mas que, quase sempre, buscava o inoperante Hugo Almeida no comando de ataque.

Turcos comemoram mais um gol contra Portugal (Reuters)
Portugal não tem tradição de grandes centroavantes. Notadamente, os últimos a envergarem a camisola lusa e que tiveram algum destaque na função foram Pauleta, Nuno Gomes, Helder Postiga e Liédson, este naturalizado e que, há muito, deixou de estar nas contas do "mister" Paulo Bento. Postiga está o grupo, mas nunca se firmou para merecer, indiscutivelmente, um lugar no onze inicial.

Paulo Bento, o técnico de Portugal
Também contribuíram para o insucesso as falhas defensivas individuais que culminaram nos três golos contrários, ora com o guardarredes Rui Patrício, ora com o zagueiro Bruno Alves, ora com Ricardo Costa e Pepe, que deram o terceiro tento para um adversário que sequer disputará a Eurocopa. 

Outro fator determinante para o desáire diante dos turcos foi o pé descalibrado de Cristiano Ronaldo, que chegou a falhar uma grande penalidade quando o placar apontava 2-1, embora tenha mostrado o futebol de alto nível que tem jogado no Real Madrid. E é nele que são depositadas as esperanças de conquistar o troféu que escapou em 2004.

O grupo em que Portugal caiu é o mais forte, com as quatro seleções figurando entre as dez primeiras no ranking da FIFA. Alemanha e Holanda, inclusive, estiveram nas meias-finais da última Copa do Mundo e a Dinamarca encaminhou Portugal para as repescagens do Mundial de 2010 e da própria Eurocopa.

Desde 1996, quando foi eliminada nas quartas-de-finais pela República Tcheca, a Selecção das Cinco Quinas tem passado da primeira fase. Em 2000 caiu nas meias-finais, no Gol de Ouro do gênio francês Zidane. Em 2004, em casa, perdeu a final contra a improvável Grécia, e em 2008 foi desclassificada pela Alemanha, nas quartas.

O risco de quebrar esta escrita, pois, existe, e é bom que os últimos resultados tenham servido para que Paulo Bento encontre um forma de proteger melhor a cidadela lusitana, além de fazer com que um ataque que tem se mostrado tão perdulário desperdice menos oportunidades, de preferência com outro avançado a titular.