– É cinco, filho.
– E o que significa ênea?
– Ênea é o Palmeiras, filho! ENEAAAAA!
– Como assim, pai? O que significa?
– Sabe que eu não sei? Espera um pouco. Ênea? Hummm…
Deixa-me ver – o pai abre o Google para pesquisar. Ah, tá aqui: ênea vem do
grego e significa nove.
– É grego tipo o arroz à grega que a mãe faz?
– Não, não é.
– Então é tipo churrasco grego que vendem do outro lado da
rua…
– Filho, não tem nada a ver com comida. É a origem da
palavra. Ó, tá escrito aqui – aponta pra tela do celular. Mas por que você está
perguntando isso?
– Pai, eu ouvi na TV que o último título brasileiro do
Palmeiras foi em 94. O senhor falou que era… quando é oito, como fala?
– Espera aí, que vou ver e te falo – e desliza o dedo na
tela do celular para voltar à página de busca. É octa, filho. Achei. Oito vezes
é octacampeão.
– Então, tipo, o senhor comemorou dizendo que era
octacampeão?
– Não, falei que era tetra porque o Palmeiras tinha sido
campeão em 1972, 73 e 1993. E ganhamos em cima do Corinthians! O Rivaldo, que
tinha jogado neles, arrebentou com o jogo. O Branco deve sonhar com ele até
hoje.
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– Então o Brasil também é eneacampeão – insistiu o menino,
pouco interessado nos detalhes da decisão de 1994.
– Não, é penta!
– Mas por quê?
– Porque ganhou cinco vezes.
– Mas aquele narrador lá que ficava falando “gol da
Alemanha”…
– O Galvão Bueno, filho!
– Isso! ele mesmo. O Galvão Bueno, tipo, não tava abraçando
um cara lá e gritando “é tetra”?
– Onde você viu isso, filho?
– Eu vi no Youtube, pai.
– Ah, tá. Estava porque aquela era a quarta Copa que o
Brasil ganhou. O Brasil foi tetra em 94 e ganhou mais um depois, em 2002. E o
“cara lá” que ele abraçava é o Pelé!
– Ué. O Palmeiras também era tetra e ganhou só mais um
também. Como é ênea?
– …
– Pai?