*Por Humberto Pereira da Silva
Endrick é, desde Neymar, o jogador brasileiro em início de carreira que mais chama a atenção da mídia. Portanto, que mais gera expectativa. Assim como Neymar, para o bem e para o mal, o que quer que faça tem repercussão extraordinária.
Crédito: Flashline |
Endrick é, desde Neymar, o jogador brasileiro em início de carreira que mais chama a atenção da mídia. Portanto, que mais gera expectativa. Assim como Neymar, para o bem e para o mal, o que quer que faça tem repercussão extraordinária.
Por comparação, embora com início também precoce inclusive na chegada ao Real Madrid, Vini Jr. gerou comentários de que se havia comprado gato por lebre. Mas há para mim um detalhe que diferencia Endrick tanto de Neymar quanto de Vini Jr. Só com dezoito anos e sua carreira vai do Polo Norte ao Polo Sul em segundos.
A excessiva exposição midiática diante de um feito dele e são feitas comparações com ninguém menos que Pelé. Mas frente a um ou outro desacerto dele e é tratado como jogador sub-20, sem maturidade para jogar na mais poderosa e midiática instituição de futebol do mundo, o Real Madrid.
Entendo que uma das belezas no futebol está em sua capacidade de surpreender. O futebol sempre prega peças inimagináveis. O mais absurdo improvável jamais deve ser subestimado.
Nesse bem precoce início de carreira, Endrick tem a grata sorte de ter a seu favor, nas comparações com feitos de jogadores do passado, a enorme exposição de dados estatísticos. E aqui o que faz dele um jogador exposto a superar pressões terríveis.
Em jogo recente pela Copa do Rei, Endrick entrou no final da partida, marcou dois gols e foi decisivo para o Real seguir na competição. Foi, óbvio, amplamente elogiado e o destaque: um jogador que não precisa de mais de 70 minutos para marcar um gol, isso levando em consideração somente o tempo em campo. Quando posto que estes 70 minutos em média são amealhados em jogos diferentes, sem uma sequência de partida, o feito torna-se maior.
Antes desse jogo, contudo, qualquer nota que se pudesse ler sobre ele e o destaque: há treze jogos Endrick não marca; seu destino no Real é incerto, ele pode ser emprestado para...
Não é difícil perceber numa e na outra situação como dados estatísticos não mentem, mas sem contextualização geram distorções. Até agora Endrick não jogou uma partida inteira pelo Real.
Dizem que Endrick tem "boa cabeça". Imagino mesmo como deve ser para um jovem de dezoito anos suportar em um minuto o deslumbramento estratosférico e no minuto seguinte o fracasso abissal.
Diferentemente de Vini Jr., Endrick chegou a Madrid como jogador da seleção brasileira. Um período no time B seria impensável neste contexto, e o próprio atual melhor do mundo segundo a FIFA não passou incólume pelo crivo dos detratores. Comentários quase nunca isentos e afetados pela clubite desavergonhada praticamente selavam seu fado no Velho Continente, como um jogador incapaz de jogar no mais alto nível.
Todos estavam errados, mas não aprenderam. Como se isso surpreendesse...