quinta-feira, 29 de novembro de 2012

Obrigado, mestre

Fui dormir tarde. Como todos os dias, esperei para ver o jornal do SBT. Estava sentindo algo estranho, só não sabia o que era. No meio do jornal, Carlos Nascimento, uma das minhas referências na profissão, deu a notícia que já esperávamos, mas que ninguém queria ouvir:morreu Joelmir Beting.

Joelmir Beting foi outra referência, não só na profissão que, graças a Deus, ele escolheu para ganhar a vida, mas por causa do seu exemplo de como vivê-la. Nasceu no interior paulista, na pequena Tambaú. Começou boia-fria e fez do seu trabalho, somente do seu trabalho, sua forma e razão de existir. 

Não que eu seja alguma espécie de especialista em economia, mas se hoje eu consigo entender um pouquinho só que seja da arte de torturar os números até que eles confessem, como o próprio Joelmir dizia, devo isso à sua linguagem simples e direta.

Joelmir parte com o coração partido por causa do seu Palmeiras, que prepara uma homenagem a um dos seus mais ilustres torcedores. A melhor forma de fazê-lo, porém, não seria com uma camisa, mas com a formação de um time digno. Digno como foi o amor pelo Palmeiras. Amor este que o tirou da crônica esportiva após um Corinthians e Palmeiras, quando deu banana para a torcida corintiana após o gol da vitória palestrina no Derbi.

A despeito do aniversário do meu irmão, hoje é um dia triste. Mesmo sendo um dia ensolarado e bonito. Hoje é um dia triste. Morreu Joelmir Beting.


quarta-feira, 28 de novembro de 2012

O nome certo

Felipão está de volta à Seleção. É complicado saber se dará certo, mesmo porque seria um exercício de adivinhação. No entanto, não vejo como ruim seu retorno, mesmo com os resultados (ou a falta de títulos) dos últimos trabalhos que ele fez em Portugal, no Chelsea e no Palmeiras (no Uzbequistão não conta). 

Em Portugal ele pegou um time que havia acabado de fazer um papelão na Copa de 2002, embora tivesse um elenco muito bom, e fez com que os portugueses acreditassem que pudessem. Não foi campeão, mas conseguiu os resultados mais expressivos da história da Selecção das Quinas; no Chelsea, não resistiu às igrejinhas de um elenco mimado pelo dono do time e caiu pelos mesmos motivos que derrubariam o ótimo Villas-Boas anos depois. No Palmeiras foi mal, muito mal. Montou o time horrendo que caiu este ano, mas ganhou a Copa do Brasil, e é exatamente aí que o negócio o favorece. 

O sistema de jogo da Copa do Mundo é de mata-mata, tiro curto. Não requer um planejamento muito longo com o mesmo elenco, tampouco variações táticas tão necessárias para um campeonato de pontos corridos, que é mais longo. Felipão tem a experiência e a competência necessárias para levar o Brasil, que vem de duas Copas ruins, de volta para o topo.

Neste ponto, a CBF acerta, ainda mais porque mantém uma certa coerência. Teoricamente, Mano teria caído porque não goza do apoio da torcida e por não ter a experiência que a dupla Marin/Del Nero quer, coisas que Felipão tem. Caso contratassem Tite ou Muricy, outros nomes muito comentados para assumirem a equipa canarinha, teriam passado recibo. 

Demitiram o treinador no momento errado, e pelos motivos errados, mas já que fizeram a bobeira, que consertem. E Luiz Felipe Scolari me parece o nome certo.

terça-feira, 27 de novembro de 2012

A esposa traída



A saída do técnico Mano Menezes do comando técnico da Seleção Brasileira escancarou um racha na cúpula da entidade que comanda (ou deveria comandar) o futebol deste país. O ex-treineiro corintiano chegou à Seleção depois do trabalho questionável feito pelo seu antecessor, Dunga.

Diferentemente do capitão do título de 1994, Mano ascendeu ao cargo pelos seus bons resultados à frente de Grêmio e, principalmente, Corinthians. Também ajudou o fato de o ex-presidente corintiano Andrés Sanchez ter sido o chefe da delegação que representou o Brasil na Copa realizada no Continente Negro. 

Da mesma forma, Mano não conseguiu, nos quase 40 jogos em que treinou o time, encontrar uma base ou dar padrão de jogo ao escrete da camisa amarela. Tá certo que foi prejudicado, e muito, pela entressafra pela qual passa o futebol nacional. Não houve renovação desde a Copa de 2006. Tanto que não há um jogador sequer, nem mesmo Neymar, que goze de plena confiança do torcedor. Se houver, este é o volante Paulinho, que mantém na equipa nacional o altíssimo nível das suas atuações pelo alvinegro do Parque São Jorge, mas o fato é que o seu trabalho foi muito fraco.


Ainda assim, não foi por questões técnicas que o gaúcho de Passo do Sobrado deixou o cargo. Nos últimos jogos, à despeito do nível dos adversários, seu time apresentou um futebol vistoso, vertical, alegre. Isso coincidiu com o retorno do meia madridista Kaká, que passou a ser o porto seguro do jovem (e inexperiente) time brasileiro. A questão é mais profunda, ou melhor, rasteira, bem rasteira.

Sanchez chegou ao cargo de diretor de Seleções mesmo não tendo nada que justificasse a escolha, do ponto de vista técnico. No entanto, do prisma político, ou politiqueiro, fez todo o sentido. O ex-Todo Poderoso Ricardo Teixeira precisava de apoio para se manter no cargo de presidente da CBF, já que a proximidade da Copa do Mundo faria com que seus passos fossem mais "visados", por assim dizer. O então Presidente da República Lula, desgraçadamente, gozava de prestígio em todos os âmbitos. Assim, que tal colocar o presidente do seu Corinthians lá dentro? Em troca da fidelidade canina do corintiano, um estádio novinho em folha, com participação direta do ex-mandatário da nação, bancado em parte pelo dinheiro público e feito a toque de caixa para a Copa de 2014. Pronto, estavam todos felizes.

Mudou o governo e a presidente Dilma Rousseff, que parece ter mais decência que seu antecessor, embora não precisasse de muita para isso, fechou as portas palacianas para um Ricardo Teixeira cada vez mais afundado em denúncias de corrupção. Sua queda era questão de tempo. Pelas normas da CBF, assumiria o vice-presidente mais velho, e este era José Maria Marin. Ligado umbilicalmente à Federação Paulista de Futebol, Marin representou a mudança do epicentro do futebol nacional do Rio de Janeiro para São Paulo. A indicação do atual presidente da FPF, Marco Polo Del Nero, para vice-presidente da Região Centro Sul da CBF, escancarou o plano de permanência do poder. Caso o homem do cabelo acaju de gosto duvidoso e dos óculos Ambervision deixe o cargo antes das eleições, assumirá, novamente, o vice mais velho, e este é Del Nero. O constante entra-e-sai de políticos e dirigentes de todos os estados e correntes visto na sede da própria FPF deixa claro que existe algo em curso.

Imagem: Leonardo Soares (UOL)
Mas era preciso desfazer o último laço existente entre a CBF e Teixeira. Para isso, nada melhor que trocar o questionado treinador e guardar o lugar para aquele que mais agradar a opinião pública, fator fundamental para a tal permanência no poder. Assim, Andrés Sanchez foi fritado, lentamente, e viu o pouco de prestígio que seu cargo lhe conferia sumir de vez quando da queda do treinador que ajudar a içar. Ele, na condição de diretor de seleções, deveria ter voz ativa, não por mérito, mas de direito, no processo, e a ele coube apenas a desditosa missão de comunicar à imprensa e ao técnico a sua saída. 

Restará a Andrés, desconfortável como uma esposa que acabou de descobrir a pulada de cerca do marido, deixar o cargo e salvar o pouco de dignidade que ainda lhe resta. E tentar articular uma oposição que viabilize seu retorno à CBF. E garantir a "renovação" do cada vez mais secundário, pobre e endinheirado futebol brasileiro.


   

segunda-feira, 26 de novembro de 2012

Providencial

A Lusa conquistou uma vitória providencial no Brasileirão, sobre o Inter, no Beira-Rio. O 2 a 0 imposto pelos comandados de Geninho foi o terceiro triunfo fora de casa em todo o certame. Já havia vencido o Santos, no Pacaembu, e o Grêmio, pelo mesmo placar do jogo de hoje, no Olímpico. Curiosamente, dois jogos em Porto Alegre e seis pontos na algibeira rubro-verde.

A vitória chega num momento dos mais dramáticos. Caso perdesse, estaria praticamente fadada ao descenso, pois dependeria de o Sport perder para o Náutico na última rodada. Eu duvido, do âmago da minha alma, que o Náutico venceria o clássico com o Sport a correr riscos de despromoção, por mais leviano que isso pareça.

Mais uma vez a Lusa não foi brilhante, embora fosse taticamente eficiente. Nem precisava, pois o Internacional é o time mais estranho do campeonato. Tem um elenco estelar, com D'Alessandro, Forlan, Leandro Damião e Guiñazu, e todos estiveram em campo. Poderia ter enfiado cinco na Lusa com a mesma naturalidade que perdeu.

A Portuguesa apresentou os mesmos problemas de sempre. Boa posse de bola, um volume de jogo interessante, mas a mesma profundidade de piscina infantil que caracterizou o time durante o campeonato. Tanto que os dois golos saíram em falhas individuais do time do Sul. Depois tratou de administrar o resultado, tarefa que pode ter sido facilitada pela apatia do contrário, mas que teve os méritos do treinador, que não cometeu os mesmos equívocos do jogo diante do Grêmio, quando uma vitória praticamente certa quase se transformou em uma derrota.

De equipa desacreditada, a Lusa passa a ter quase garantida sua permanência na elite. Agora falta um ponto. Apenas um. Se tudo der certo, ainda pega uma quase milagrosa vaga para a Copa Sul-Americana. Mas não é o objetivo. Este continua sendo evitar o rebaixamento. Qualquer coisa a mais que isso será lucro. E que os erros cometidos na formação do elenco, que não tem um meia sequer de ofício, sirvam de exemplo para que a Portuguesa volte a ser grande.

sábado, 24 de novembro de 2012

Lágrimas de felicidade em Hiroshima


*por Vinícius Carrilho

O sábado foi de definição na J-League. Em casa, o Sanfrecce Hiroshima goleou o Cerezo Osaka por 4 a 1, viu o Vegalta Sendai ser derrotado, em seu estádio, pelo Albirex Niigata e comemorou, com uma rodada de antecedência, o primeiro título da J-League da sua história. Lágrimas marcaram esta conquista.

Apesar do Sendai receber o penúltimo colocado, todos pareciam já saber que o título iria para Hiroshima naquele dia. Antes da partida, a TV Japonesa exibiu um clipe de abertura mostrando momentos históricos do time, como o vice-campeonato de 1994, a queda para a J-League 2 e o retorno para a elite. No fim, declarações de Hisato Sato, que está na equipe desde 2005.

Principal figura da temporada, o camisa 11 mostrou-se muito emotivo. Antes mesmo do apito inicial, Sato já derramava suas primeiras lágrimas ao receber uma homenagem do clube. Com a equipe perfilada, flores foram oferecidas ao ídolo.

A tarde gelada e o campo molhado não impediram que o Sanfrecce Hiroshima começasse a partida em um ritmo fortíssimo. Embalado por sua torcida, o destino do time já parecia traçado. Aos 16 minutos, a informação do gol sofrido pelo Vegalta Sendai chegava à Hiroshima e no minuto seguinte, após uma ligação direta da defesa para Hisato Sato, a bola foi tocada para Takahagi, que tentou um passe, foi interceptado e, no rebote, emendou de fora da área para o gol, acertando o canto esquerdo do goleiro.

Daí em diante, os donos da casa dominaram o jogo. Quatro minutos mais tarde,  Aoyama ampliou e no final do primeiro tempo, após um pênalti muito duvidoso, que resultou na expulsão de um defensor do Cerezo Osaka, foi a vez de Hisato Sato deixar sua marca na partida histórica. Logo aos cinco do segundo tempo, Ishikawa, que substituía o titular Mikic, ampliou, com uma generosa ajuda do goleiro. Este, aliás, foi o único gol em que Sato não participou. Onze minutos depois, de cabeça, Edamura diminuiu para o time de Osaka e deu números finais à partida.

O jogo serviu para, mais uma vez, mostrar pontos fortes e fracos do campeão japonês. Em clima de natal, o treinador mais uma vez apostou em sua tática maluca, que lembra uma árvore, mas desta vez deu certo. A velocidade pelas pontas e a marcação apertada se destacam como ponto forte da equipe. Outro aspecto curioso é que quase todas as bolas precisam passar pelos pés de Hisato Sato. Em certos momentos, a impressão é a que se o camisa 11 não encostar na bola, o time irá desconsiderar aquela posse. O ponto fraco realmente é o sistema defensivo, principalmente nas bolas aéreas. Muitos erros também acontecem na saída de bola da defesa. Os jogadores parecem se envergonhar de usar o velho recurso do bicão, saem tocando e acabam dando a bola de graça, em seu campo de defesa, para o adversário.

No fim, muita festa em Hiroshima. Aliás, a premiação da federação japonesa é extremamente interessante e poderia ser copiada do outro lado do mundo. Enquanto um pódio era montado, os autores dos gols e o treinador eram entrevistados para a TV e o som transmitido para o estádio, causando grande euforia. Todos, sem exceção, choraram e gritaram a plenos pulmões. “Arigatou gozaimasu” foi repetido à exaustão.

Na premiação, medalhas para os jogadores e, antes do belíssimo troféu da J-League, uma peculiaridade deste sensacional campeonato. O time vencedor recebeu um bandeirão, em formato de flâmula, comemorativo do título. Após isso, coube ao craque-ídolo-capitão-dono do time-batedor de pênaltis-atacante-armador e, se bobear, até roupeiro, Hisato Sato, consumar aquele momento histórico.

Como a J-League reserva sempre surpresas, o último ato da festa, que foi transmitida para o mundo pela TV estatal japonesa, foi curioso e provocou risadas. A cena vista era a de uma equipe formada por 26 japoneses e um croata, de uma das mais japonesas das cidade, cantando, em bom espanhol: “¡Campeones!¡Campeones! Olé! Olé! Olé!”. Pois é, coisas que você só vê na J-League.

* Vinicius Carrilho tem 21 anos, é estudante (quase formado) 
de Jornalismo, morador de Osasco e gostaria de ganhar a vida 
fazendo humor, mas escreve melhor do que conta piadas.

terça-feira, 20 de novembro de 2012

Naça, é hora de voltar a brilhar


*por Alessandro Yara Rossi
Texto originalmente publicado no site extraoficial do Nacional Atlético Clube.

Mesmo sem ter obtido o acesso para o Campeonato Paulista da Série A-3 de 2013, culminando no quarto ano seguido na Segunda Divisão (equivalente à quarta divisão), o tradicional Nacional Atlético Clube possui uma perspectiva extremamente animadora e os fatores mostram isso: uma campanha consistente em boa parte da competição e que por muito pouco não obteve o acesso; novos talentos aparecendo e que podem contribuir; chegou até às quartas de final do Paulista Sub-20 da Segunda Divisão e, por fim, uma parceria (algo que não conseguiu em 2012), com o Grupo Know-How.


O que faltou em outros anos, principalmente em 2011 (temporada para ser esquecida da história), foi um planejamento adiantado bem traçado pela diretoria. Se o balanço de 2012 foi positivo sem nenhum patrocinador, agora com um novo, investimentos serão aplicados, não apenas em contratações no futebol, mas no clube em geral.


A primeira etapa do projeto de recolocar o Naça novamente em evidência no cenário paulista se iniciará em janeiro, com a Copa São Paulo de Futebol Júnior, quando alguns atletas que se destacaram no profissional e tem idade para participar, provavelmente integrarão o elenco: casos do goleiro Felipe, dos zagueiros Jobert e Léo, do volante Edi, do meia Ronaldo e do centroavante Pedro, que possuem capacidade e uma certa experiência para realizarem uma campanha condizente com o dono de dois títulos deste torneio.


Depois da Copinha, o treinador Paulo Tognasini, que foi mantido pela diretoria, disponibilizará de tempo hábil para trazer reforços e assim preencher pequenas lacunas no esquema tático do Nacional visando a Segunda Divisão em abril, como um meia que organize as jogadas, um segundo atacante que atue mais nas pontas, um lateral-esquerdo que possa se adaptar nos dois esquemas que o comandante geralmente utiliza: 3-4-1-2, no qual jogue mais como ala, ou o 4-3-1-2, que consiga compor a linha de quatro defensores e atacar com eficiência, além de um jogador experiente, que tranquilize a equipe em momentos de pressão.


Finalmente os adeptos do clube da Comendador de Sousa podem encontrar motivos para se empolgar e crer que uma nova fase na rica história será construída.

Alessandro Yara Rossi, 22 anos, é formado em jornalismo 
e apreciador ferrenho de futebol (não importa o país), 
beisebol, basquete e curling, entre outras esquisitices. 
Para não falar que é exclusivamente jornalista esportivo, 
se aventura no mundo do Rock Progressivo, embora não 
saiba sequer segurar um violão.

domingo, 18 de novembro de 2012

A inércia e o merecimento

Hoje a Portuguesa jogou fora toda a possibilidade de reclamar de influências externas caso retorne para a Segunda Divisão do futebol brasileiro. Vencia bem o Grêmio por 2 a 0, até o segundo terço da segunda parte, mas permitiu uma reação impressionante do time do Sul, que só não virou o jogo porque o (péssimo) árbitro carioca Marcelo de Lima Henrique deu só um minuto de acréscimo.

Não dá para entender. Não dá mesmo. O primeiro tempo foi equilibrado, com uma leve superioridade lusa. O Grêmio, sem o esquentadinho Kléber, tinha apenas Marcelo Moreno à frente, com Zé Roberto muito afim de jogo no meio. O problema gremista é que apenas o ex-luso jogava, fazendo com que o Grêmio só chegasse ao gol defendido por Gledson nas muitas faltas que o time luso cometia. Isso facilitou muito as coisas para a Portuguesa, que jogava um futebol parecido com aquele do começo do campeonato, como boa movimentação, posse de bola e chutes de longe.

A igualdade foi mantida até o intervalo, muito graças ao apitador carioca, que anulou um gol legal do Grêmio, num misto de desatenção e infantilidade da linha defensiva rubro-verde: nunca, nunca mesmo, pode-se fazer linha de impedimento em falta frontal. E fizeram. E o gremista Werley fez o gol. No segundo tempo, a Lusa voltou feito um trator e abriu 2 a 0 com facilidade. Parecia ser o dia da redenção. Jogava bem, dominava um adversário desinteressado e até a arbitragem colaborava. 

Aí veio outra falta da intermediária. Frontal. Aí deixaram novamente um adversário sozinho. Foi só escorar, como no gol mal anulado. Só que dessa vez a arbitragem acertou. Dai o que se viu foi um Grêmio infinitamente superior, com um Zé Roberto endiabrado, levando o time todo da Lusa à loucura. Todo não. Do banco, Geninho assitia, inerte, o rolo compressor tricolor encurralar o adversário no seu campo de defesa. Quatro minutos depois do primeiro golo, Zé Roberto assinou uma pintura e empatou o jogo. 

Pareceu um passe de mágica, mas não foi. Minutos antes de tomar o segundo gol, o técnico Vanderlei Luxemburgo mudou tudo no Grêmio. Tirou o lateral Anderson Pico, passou Léo Gago do meio pra lateral, entrando Marquinhos no meio; sacou os inoperantes Elano e Marcelo Moreno, colocando Leandro e André Lima. Assim, passou a dominar amplamente o jogo. O problema é que Geninho não mexeu e ficou assistindo ao time do Grêmio. 

Temos ainda dois jogos e precisamos vencer os dois. A sorte é que o time do Internacional, que nos recebe em Porto Alegre, é tão sem-vergonha quanto o nosso, o que deixa aberta qualquer perspectiva no Beira-Rio. O Inter pode tanto aplicar um 5 a 0 como perder com a mesma naturalidade. Depois tem a desinteressada Ponte Preta, no Canindé.

O que não dá pra entender também são os motivos que levaram o treinador a não agir. O time cansou, como tem cansado em todos os jogos, e Geninho não mexeu. Tinha o volante Zé Antônio pra tentar segurar o ímpeto gremista e não fez nada, absolutamente nada. 

A inércia do treinador reflete o momento do clube, que espera, como disse certa vez o presidente Manuel da Lupa, o pão cair com a manteiga pra cima. O problema é que, do jeito que as coisas vão, em breve não haverá nem pão para cair. Apenas a própria Portuguesa, e com todo merecimento.    

O Mundial de Clubes é logo Ahly


* por Vinícius Carrilho

Já é conhecido o representante da África no Mundial de Clubes de 2012. Jogando na Tunísia, o Al Ahly, do Egito, bateu o Espérance por 2 a 1 e carimbou seu passaporte para o Japão. No primeiro jogo, as duas equipes haviam empatado por 1 a 1.

Os Egípcios dominaram a partida e não deram chances para o Espérance. O primeiro gol saiu em uma jogada pelo lado esquerdo. El Sayed Hamdi invadiu a área e tocou para o meio, onde   Mohamed Geddo chegou batendo. No segundo, Walid Soliman roubou a bola no meio-campo, tabelou na esquerda e, após chapelar o zagueiro, bateu de pé esquerdo, estufando a rede. No final, Yannick N’Djeng, após receber livre de marcação no meio, diminuiu para o Espérance, mas não havia tempo para mais nada. 

Classificado para o mundial, o Al Ahly espera a definição do jogo 1, que será disputado entre o campeão japonês e o Auckland City, da Nova Zelândia. O vencedor deste confronto enfrenta o Corinthians na semifinal.

Jogando em um esquema 3-5-2, o Al Ahly não esbanja um futebol muito habilidoso, mas mostra-se disciplinado taticamente. Os alas apoiam muito o ataque, enquanto os volantes ficam postados no sistema defensivo, ajudando os zagueiros.

Com dois atacantes fixos, o time do Egito tem como principal jogada a velocidade nas laterais, majoritariamente na esquerda. Boa parte do jogo acontece naquele setor. Passes rápidos também parece ser uma arma da equipe.

Por atacar muito pelas laterais, o sistema defensivo pelas pontas acaba ficando exposto e torna-se o ponto fraco da equipe. Durante a final da CAF Champions League, as melhores jogadas do Espérance nasceram pelo lado do campo, principalmente com bolas na área.

Com a maioria de jogadores locais, o Al Ahly conta ainda com um brasileiro. Trata-se do atacante Fábio Júnior, de 30 anos, que teve passagens por Internacional, Vasco, Sport e Campinense. Pouco utilizado, parece não estar em seu melhor momento da carreira, figurando entre os reservas.

Restando pouco menos de um mês para a estreia do Corinthians no Mundial de Clubes, o time do Parque São Jorge já conhece dois, dos três possíveis adversários na primeira partida. Resta apenas ser definido quem será o representante local do torneio.

* Vinicius Carrilho tem 21 anos, é estudante (quase formado) 
de Jornalismo, morador de Osasco e gostaria de ganhar a vida 
fazendo humor, mas escreve melhor do que conta piadas.


sábado, 17 de novembro de 2012

O emocionante final da J-League e a biribinha de Hiroshima


* por Vinicius Carrilho

A antepenúltima rodada da J-League foi disputada e a briga pelo título ficou ainda mais acirrada. Fora de casa, o Sanfrecce Hiroshima visitou o Urawa Reds e não viu a cor da bola, perdendo por 2 a 0. A equipe só manteve a liderança graças ao Vegalta Sendai, que visitou o Kashima Antlers, chegou a abrir 3 a 1 no placar e nos minutos finais acabou levando o empate.

Mais emocionante do que nunca, a J-League parte para as suas duas rodadas finais com o Sanfrecce Hiroshima na liderança, com 58 pontos, seguido do Vegalta Sendai , com 57. Na parte baixa da tabela, o Albirex Niigata está praticamente rebaixado, com 34 pontos. Já o Gamba Osaka, primeiro dentro da degola, soma 37, podendo chegar aos 43 pontos, mesmo número do Júbilo Iwata, 11º colocado.

Como o campeão japonês tem vaga garantida no Mundial de Clubes da FIFA, em dezembro, e pode cruzar o caminho do Corinthians, uma breve análise do líder do campeonato, que teve sua partida televisionada ao vivo para o Brasil, foi feita.

O Sanfrecce Hiroshima é uma equipe difícil de descrever. Ela tem uma desorganização que provavelmente apenas seu treinador é capaz de entender. Quando defende, duas linhas de quatro, que facilmente viram uma de oito, são formadas. Para atacar, os laterais se tornam alas e um volante fica guardando o sistema defensivo, transformando o time em um estranho 3-2-2-2-1. 

Com a bola nos pés, os dois zagueiros ficam postados na área e o volante recua, se transformando em mais um defensor. Dois jogadores ficam responsáveis pelo setor de meio-campo, alimentando os dois alas, antes laterais, que avançam até a posição dos pontas, sempre preparados para alçar uma bola na área.

Ofensivamente, a jogada do Hiroshima é apenas uma: bola em Hisato Sato, artilheiro do campeonato e estrela da equipe. Seja via ligação direta da zaga; pelo meio-campo, principalmente com o camisa 7, Koji Morisaki; ou pelos pontas, o camisa 11 é sempre procurado. Os pontas, aliás, parecem ser o melhor setor da equipe. Pela esquerda atua Shimizu, que mesmo pouco acionado consegue levar perigo com seus dribles curtos e bolas levantadas na área. Já pela direita, a criação fica por conta do croata Mikic. Grandalhão, não é detentor de grande habilidade, porém sabe usar sua velocidade e porte físico.

Defensivamente, o Sanfrecce Hiroshima é uma verdadeira tragédia. O xerife da zaga é o camisa 5, Chiba. Com pouco mais de 1,80m, alterna momentos de grandes jogadas e lances bizarros, como o carrinho que permitiu o segundo gol do Urawa. Porém, claramente o jogador mais fraco do setor é o camisa 4, Mizumoto. Em meio ao esquema estranho que adota seu time, ora o jogador é lateral-esquerdo, ora é zagueiro central. O concreto é que o atleta não é daqueles que chamam a bola de “meu bem”, como diziam os mais antigos. Por isso, a jogada de desafogo de seus companheiros sempre acontece pelo lado direito.

Na bola parada, o time também parece não causar muito temor aos seus adversários. Chiba e Mizumoto sempre sobem ao ataque e esperam uma boa cobrança de Koji Morisaki, que mostra ser bom neste fundamento. Em faltas na lateral do campo, a equipe apresentou uma jogada combinada, já que “ensaiada” seria um termo muito forte. A bola é erguida na ponta da área e encontra Chiba, que cabeceia para o meio. Nada demais para os padrões normais, mas um grande avanço para este time.

Infrações, aliás, é algo que o líder do campeonato parece entender. O time claramente busca pressionar seu adversário no meio-campo, porém não parece ter vergonha de utilizar faltas duras como forma de parar jogadas, algo incomum no disciplinado modo japonês de jogar futebol. Não por acaso, o jogo contra o Urawa foi marcado por alguns empurrões e até um bate-boca envolvendo o camisa 10 do Red Diamonds, o brasileiro Márcio Richardes.

Em linhas gerais, o Sanfrecce Hiroshima, bem como o Vegalta Sendai, não deve causar problemas no campeonato mundial. Chega a surpreender ver a equipe na liderança da competição, mesmo com um sistema defensivo assustador e uma desorganização tática imensa. No futebol, um adversário nunca deve ser desprezado, mas o Sanfrecce não parece passar de uma singela biribinha de Hiroshima.

* Vinicius Carrilho tem 21 anos, é estudante (quase formado) 
de Jornalismo, morador de Osasco e gostaria de ganhar a vida 
fazendo humor, mas escreve melhor do que conta piadas.

quinta-feira, 15 de novembro de 2012

Obrigado, baianinho

Alex Alves marca o segundo da Lusa contra o Atlético, de Taffarel
Estou atrasado, eu sei. Afinal, o bom baiano Alex Alves, vice-campeão brasileiro pela minha Portuguesa, pereceu aos 37 anos na quarta-feira, em Jaú, após uma luta de quase cinco anos contra uma doença rara no sangue. Nem o transplante coma a medula doada pelo seu irmão foi capaz de evitar sua partida. Mas não me importo com padrões. Não os seguirei.

Assim foi a vida dele, Alex, desde que despontou no Vitória igualmente vice-campeão nacional de 1993. Ao lado de outros meninos à época, como Paulo Isidoro, Dida e Vampeta, foi difícil segurar aquele time. Só o Palmeiras, máquina bancada pela multinacional italiana do leite, para aplacar o futebol e os sonhos dos meninos baianos.

Aí ele, Alex, veio para São Paulo defender as cores verde e branca do seu algoz. Pelo time do Palestra Itália, levantou o Campeonato Brasileiro no ano seguinte, embora sem se firmar entre os titulares. Alternando momentos memoráveis com atos lamentáveis de indisciplina (chegou a ser detido por desacato a autoridade), foi emprestado para  o Juventude, equipe gaúcha cuja co-gestora do futebol também era a gigante dos laticínios, para desembarcar, cheio de desconfiança, no Canindé, em 1996.

Foi pela Portuguesa que ele finalmente, explodiu, se firmou. Com a cabeça no lugar, foi um dos destaques da equipe que perdeu o título nacional a cinco minutos do final, contra o poderoso Grêmio, no estádio Olímpico. E foi justamente no início da fase de mata-mata que o bom baiano despertou: dois golos contra o Cruzeiro, na vitória por 3 a 0 no primeiro jogo; o golo da vitória contra o Atlético Mineiro, pelas meias-finais, e também o segundo, o da virada, que permitiu à Lusa ainda poder sofrer o golo de empate no 2 a 2 que a conduziu à decisão diante do Tricolor Gaúcho.

Ainda defendeu a Lusa no ano seguinte, até ter o passe comprado pelo mesmo Cruzeiro que eliminou no ano anterior. Era o ano de 1997, época em que jogadores com roupas estranhas e cabelos igualmente extravagantes eram tão raros quanto chuteiras pretas hoje em dia. Alex Alves foi um precursor. Sim, podia ser estranho - e realmente era -, mas o fato é que ele não imitava ninguém ou se prendia aos padrões, fossem eles quais fossem. 

Como eram formosos os campos onde o baiano de Campo Formoso jogou! Com a camisa da metade azul de Minas Gerais, além de levantar a Libertadores daquele ano, Alex foi um dos responsáveis pela campanha do vice-campeonato (seu terceiro) de 1998. Quis o destino que, nas meias-finais, ajudasse a eliminar a mesma Portuguesa a quem classificara dois anos antes, como se pedindo desculpas aos torcedores cruzeirenses. Só pra eles, pois da nossa parte nem precisaria, estava previamente perdoado pelos serviços prestados.

Das Alterosas, rumou para a Alemanha, para defender o Hertha Berlim com algum sucesso, mas os problemas disciplinares voltaram a atrapalhar. Não fosse isso, teria sido muito maior, pois talento ele tinha de sobra. Alex Alves foi mais uma vítima não do próprio ego, mas da complacência de dirigentes que, em vez de lapidarem talentos, mimam os garotos, pensando em resultados imediatos.




De volta ao Brasil, defendeu Atlético Mineiro, Vasco, Fortaleza, novamente o Vitória,  e teve outra passagem pela Europa, num clube pequeno da Grécia, o Kavala. Ainda defendeu Boavista, do Rio de Janeiro, e União Rondonópolis, seu último clube. Não me recordo a ordem correta das camisolas que envergou. Não tem problema. Assim como o bom baiano, a quem agradeço nessas poucas linhas, não seguirei padrões. 

Obrigado, Alex, mas você merecia muito mais.  

terça-feira, 13 de novembro de 2012

Cinco motivos para consolar o torcedor palmeirense

Vou usar este breve relato como uma forma de tentar consolar o torcedor palmeirense que tanto sofre com essa situação deplorável a qual o clube se encontra. Erros aconteceram, problemas pequenos ganharam uma dimensão do tamanho do mundo, mas afinal porque não olhar com um pouco de otimismo para tudo isso?

1-Gilson Kleina

Saiu da Ponte Preta onde tinha estabilidade e resolveu encarar a bomba do Palestra Itália que está prestes a explodir. Soltou o time, investiu em peças que não haviam sido utilizadas por Felipão e deu ao torcedor alguma esperança nesse momento difícil. Não devemos esquecer que se concretizado o rebaixamento, Kleina já conhece da divisão e pode ser muito útil para colocar o clube na elite do futebol brasileiro em 2014 (ano do centenário do Palmeiras).

2-Categoria de Base

Criticada por boa parte dos treinadores que nos últimos tempos passaram pela SEP, as categorias de base renderam frutos nesse momento de dificuldade. Dela saíram João Denoni e Patrick Vieira, dois dos mais bem falados dentre as promessas. O último assumiu um posto que era ocupado por dois medalhões que vem deixando a desejar há muito tempo: Daniel Carvalho e Valdivia. Vieira entrou, se entregou e deu mais ofensividade ao setor de frente palestrino. Evidente que é cedo projetar algo, mas ambos demonstraram qualidade e respeito pelo clube.

3-Wesley

Veio a peso de ouro, jogador mais caro da temporada e não teve tempo algum de demonstrar o valor do investimento. Contundiu-se e sua volta era prevista apenas para 2013. O esforço na recuperação e a boa vontade de ajudar os companheiros no caos que o time se encontra só me fazem pensar que este é mais um dos jogadores que respeitam essa camisa quase centenária.

4-Hernán Barcos

Um retrato contrário da situação. Chegou, mostrou personalidade, driblou desconfianças e conquistou a torcida. Sem dúvidas é um dos poucos que sairá ileso a qualquer tipo de critica. A entrega nos jogos é um dos fatores que ainda o fizeram ser convocado para a seleção argentina. De quebra, o hermano ainda vence um script de endeusamento de palmeirenses por certos jogadores por falta de ídolos de verdade, casos de Kleber e Valdivia. Barcos não declara amor eterno ou vive de provocar rivais. Ele chega, joga e a acima de tudo, respeita a camisa que está usando.

5-Copa Libertadores

Time que tem a perspectiva de investimento somente ligada à disputa de uma competição como a Libertadores não merece e normalmente não conquista muita coisa. No caso do Palmeiras em 2013, talvez jogar essa Copa dê projeção e condição de conseguir atletas de qualidade. Disputar a Série B já faz do Verdão uma quinta, sexta, sétima opção para a maioria dos atletas disponíveis, porém a possibilidade de ganhar e sabendo das boas campanhas palmeirenses no torneio podem tirar um pouco desses pensamentos dos atletas.

Pense positivo, torcedor. Sofrer é algo negativo, mas pense que para todo problema existe solução. Podia ter escrito os zilhões de motivos que fizeram o Palmeiras cair, mas não havia a necessidade. 2013 vem aí e o saudosismo do futebol não pode acabar.

Só pode ser desmotivação



* por Fábio Preccaro
Muitos sabem que o Campeonato Alemão é dominado pelo Bayern de Munique, detentor de incríveis 22 títulos. Tanto é que quando outra equipe vence a Bundesliga, difícil fica imaginar que os Bávaros não retomem o troféu. Quando esse outro clube vence por duas vezes seguidas, aí as apostas ficam ainda mais nos ‘Vermelhos’.
E isso acontece na atual temporada. Depois do bicampeonato do Borussia Dortmund, o Bayern vem fazendo uma campanha esplendorosa. Em 11 jogos, o time do técnico Jupp Heynckes conquistou 10 vitórias e ficou apenas uma rodada sem conquistar pontos. Então são 30 pontos somados, com 32 gols feitos e apenas 4 sofridos.
Para se ter uma ideia da campanha do clube da Baviera, o segundo colocado Schalke 04 tem 23 pontos, enquanto o Borussia Dortmund segura a modesta (elenco bicampeão que não sofreu desmanche, o que é praxe destas equipes que tiram o Bayern da ponta da tabela) 4ª colocação com 19 pontos.
Falando do atual detentor da Salva de Prata, a impressão que dá é que não existe mais a mesma motivação de antes para renovar o título nacional. Fazendo partidas frias, como se viu no empate sem gols diante do Stuttgart, em casa, o time amarelo e preto dá a entender que busca apenas uma vaga na próxima edição da EUFA Champions League.
Por ter mantido a base do elenco desde a conquista da temporada 10/11 (Weidenfeller; Piszczek, Hummels, Subotic, Schmelzer; Gundogan (substituiu Sahin, mas já estava no elenco), Kehl, Gotze, Großkreutz ou Kuba e Reus (chegou nesta temporada para o lugar de Kagawa); Lewandowski), muitos jogadores podem estar desmotivados, já que muitas propostas foram recusadas para que fosse feita uma campanha decente na Liga dos Campeões.
Porém, essa desmotivação é vista apenas na disputa da Bundesliga. No torneio da UEFA, o BVB divide o Grupo D com Real Madrid, Manchester City e Ajax e vem liderando a chave com 8 pontos. Claro que a ponta da chave não mostra muita coisa, já que o Chelsea, apresentando um futebol feio, é o atual campeão europeu. Quem acompanhou, principalmente os jogos frente aos Merengues e aos Citzens, viu que o estilo de jogo ofensivo do time, mesclado com a vontade e a grande qualidade do elenco faz com que o Borussia pense em ir longe no torneio, e quem sabe repetir o feito da temporada 96/97, onde foi campeão (com o que vem jogando, não me surpreende vê-los no próximo Mundial de Clubes).
Se no torneio continental o time enche os olhos de torcedores e jornalistas, porque não faz o mesmo na liga alemã? Voltamos ao assunto desmotivação. Feito ‘a conta com direito a prova real’ na Alemanha, os atletas do Borussia demonstraram, nos campeonatos caseiros, que são jogadores capazes de defenderem grandes clubes. Porém, a certeza que falta dessa capacidade fica em torno dos torneios internacionais. Talvez por isso o time do técnico Jurgen Klopp voa na Champions e joga para o gasto na Bundesliga.
TALVEZ seja a hora de iniciar um planejamento acerca da reformulação no elenco. Com a venda de três jogadores caros (o mais especulados são Hummels, Gotze e Lewandowski), o clube teria condições de trazer jogadores da mesma qualidade dos citados e que trariam uma ‘energia nova’ ao grupo de jogadores, fazendo o Borussia Dortmund empenhar-se em conquistar outra dobradinha (Liga e Copa nacional).
Curiosidades
A última vez que um clube, que não o Bayern de Munique, conquistou dois títulos seguidos da Bundesliga foi o próprio Borussia Dortmund nas temporadas 1994/1995 e 1995/1996.
Também sem contar o time da Baviera e a temporada passada, o último clube a conquistar uma dobradinha na Alemanha foi o Werder Bremen em 2003/2004, no timaço do técnico Thomas Schaff que tinha zagueiro Valeri Ismael em grande fase, os meias Micoud e Borowski voando, além dos atacantes Ailton, que andava marcando gol a rodo, e Ivan Klasnic em ótima forma.
* Fábio Preccaro tem 22 anos, estudante de Jornalismo, é fá do futebol do Velho Continente, dos Raimundos, do Bad Religion e da Luiza. 

domingo, 11 de novembro de 2012

As Bodas de Estanho

Quando um casamento completa dez anos, reza a tradição que comemora-se as Bodas de Estanho. A origem da palavra "bodas" é latina, e significa "promessa". Latina também é a origem dos dois principais times paulistas oriundos das duas colônias mais numerosas de São Paulo: o Palmeiras, que já foi Palestra Itália, e a Portuguesa, que sempre foi Portuguesa mesmo.

Este ano os dois comemoram dez anos do rebaixamento no Brasileirão. Nota-se que comemorar não significa festejar, e sim rememorar. Logo, o termo comemoração cabe. Sendo assim, com tanto Palmeiras quanto Portuguesa fazendo uma força desgraçada pra cair (o Palmeiras vem sendo mais "feliz" na tarefa), deve ter acontecido a seguinte conversa entre os presidentes:

Imagem: Jorge Aguiar (Lancenet)

- Alô, é o Mané?
- Depende. É algum credor?
- Não, é o Tirone.
- Ah, presidente Tirone, então é o Mané sim. O quê manda?
- Presidente, eu? Ah, é verdade, às vezes me esqueço disso. Escuta, belo, esse ano a gente completa dez ano de rebaixamento, capiche? Eu tava pensando em alguma coisa pra marcar a data, uma comemoração, sabe?
- Rapaz, comemoração? Deixa eu pensar... A gente não costuma comemorar muita coisa, sabe? 
- Sei, sei sim, mas a data é importante, amico!
- Ah, já sei! Você quer um negócio grandioso, não quer?
- Sim, é isso mesmo!
- Então faz assim: por que vocês não caem de novo. Eu tava pensando, no ano passado a gente ficou famoso ganhando a segunda divisão. Até na Espanha falaram de nós.
- Mas será que funciona? Num sei, o pessoal aqui pode ficar bravo.
- Que nada, vocês ganharam título esse ano, nós ganhamos um troféu de um jogador do Curíntia. Então o ano já tá ganho.
- Ah, entendi. A gente cai junto, comemora os dez anos e chama torcida pra apoiar e tenta ser o primeiro time grande bicampeão da Série B.
- Isso mesmo, Tironinho.
- Ma che! Que ideia essa! Gostei! Vou chamar o Frizzo pra ver o que ele acha. Frizzo! Cazzo, Frizzo, vem cá! O Mané deu uma ideia da gente comemorar juntos os dez anos de rebaixamento. Vamos trabalhar nisso, hein?!
- Chama lá que eu já falei com o Iaúca. A gente caiu no Paulistão, mas no Brasileirão tem mais impacto, entendeu? 
- Entendi sim. Abraço, Manezinho! Arrivederci.
- Tá bom, pá. Até logo, presidente.
- Presidente? Quem?
- Ah, deixa pra lá. Vou avisar o Candinho!
A ligação termina.

Palmeiras e Lusa caíram em 2002. Dez anos depois, essa tragicomédia está prestes a se repetir, inclusive no roteiro: o Palmeiras cheirando a descenso o campeonato todo e a Lusa precisando de poucos pontos nas últimas rodadas. Já são três derrotas seguidas. Assim como naquele ano, quando se casaram com a incompetência.  

Dois times para inglês ver


*por Vinicius Carrilho

Na manhã deste sábado, o Mundial de Clubes da FIFA, que será disputado em dezembro, no Japão, teve seu primeiro confronto confirmado. Tudo porque o Ulsan Hyundai, da Coreia do Sul, venceu o Al Ahli, da Arábia Saudita, por 3 a 0, conquistando a Liga dos Campeões Asiáticos.

Com a vaga garantida no torneio que reúne os melhores times do mundo, o Ulsan Hyundai agora se prepara para a partida do dia 09 de dezembro, em Toyota, diante do Monterrey, do México. A partida vale vaga na semifinal do torneio, onde o vencedor irá encarar o Chelsea, da Inglaterra. O jogo acontecerá em Yokohama, palco da grande final.

Diz uma velha frase que “o jogo é jogado e o lambari é pescado”, assim como outro ditado crava que “o futebol é uma caixinha de surpresas”. Falar sobre favoritismo sempre é algo perigoso, porém, analisando os elencos das duas equipes, o Monterrey parece ser o time mais próximo da semifinal.

Entre os sul-coreanos de Ulsan, dois brasileiros figuram no elenco. Um deles é o atacante Maranhão,  de 28 anos, que teve passagens por Sertãozinho, Comercial, Marília, além de times do Japão. No torneio continental o jogador foi reserva na maior parte do tempo, jogando seis partidas na condição de suplente utilizado e mais duas como titular. Sua contribuição para a conquista foi de dois gols.

Outro brasileiro é o também atacante Rafinha, de 25 anos. No Brasil, o jogador atuou pelo Nacional (SP) e o Paulista. Fora do país, jogou em três times do Japão. Na Liga dos Campeões Asiáticos, começou a atuar pelo  Ulsan Hyundai no meio da competição, porém teve contribuição significativa na campanha. Em cinco jogos, todos como titular, balançou a rede cinco vezes.

No mais, a equipe da Coreia do Sul é formada por jogadores locais e o colombiano Estiven Vélez, de 30 anos, que atuou no Atlético Nacional por três anos. Defensor, foi titular absoluto em todos os jogos da competição continental, marcando um gol.

Já no time mexicano, nomes conhecidos são mais comuns. Além de jogadores locais, como o atacante Aldo De Nigris, a equipe conta com os argentinos José María Basanta, Neri Cardozo e César Delgado, além do equatoriano Walter Ayoví.

Porém, o estrangeiro mais famoso e principal estrela da equipe é o excelente atacante chileno Humberto Suazo. Aos 31 anos e desde a temporada 2007/2008 como jogador do Monterrey, com apenas uma pausa na temporada 2009/2010, quando foi emprestado para o Zaragoza, da Espanha, o jogador é o grande ídolo da torcida e maior ameaça para os adversários.  Na campanha que garantiu o título da CONCACAF, temporada 2011/2012, foi o artilheiro da competição, com sete gols. Na edição desta temporada, em três jogos já balançou a rede três vezes.

No papel, o time mexicano parece ser muito melhor que o sul-coreano, principalmente por conta de Suazo, o chileno artilheiro. Muitos indicam que a equipe mexicana pode até fazer frente ao Chelsea, tirando pela primeira vez um europeu da grande final. Porém, o futebol é imprevisível e a única certeza é a de que estes são dois times que os ingleses precisam ver.

* Vinicius Carrilho tem 21 anos, é estudante (quase formado) 
de Jornalismo, morador de Osasco e gostaria de ganhar a vida 
fazendo humor, mas escreve melhor do que conta piadas.

quarta-feira, 7 de novembro de 2012

Dois pela J-League



* por Vinicius Carrilho

A J-League teve sua 31ª rodada disputada na manhã desta quarta-feira e o grande beneficiado foi o Sanfrecce Hiroshima, que venceu seu jogo e viu o Vegalta Sendai empatar seu compromisso, ficando dois pontos distante da liderança.

Em casa, para um público de pouco mais de 13 mil pessoas, o líder Sanfrecce Hiroshima não tomou conhecimento do lanterna Consadole Sapporo, vencendo por 3 a 0. O resultado elástico, porém, já era esperado, tendo em vista que a equipe de Sapporo vem fazendo uma campanha surpreendente, só que no aspecto negativo. Com 25 derrotas em 31 jogos, o time carrega consigo uma marca de 79 gols sofridos, resultando em um nada honroso saldo de -57.

Se o Sanfrecce Hiroshima fez a lição de casa, o Vegalta Sendai decepcionou. Jogando diante de 17,493 pessoas, segundo maior público da rodada, o time de Sendai ficou apenas no 1 a 1 com o Cerezo Osaka, que ainda tem chances, mesmo remotas, de rebaixamento .

Quem também decepcionou e deu adeus ao título foi o Urawa Reds. Azarão na luta pelo caneco, a equipe acabou derrotada, fora de casa, pelo Kawasaki Frontale, por 4 a 2. O jogo recebeu o maior público da rodada, com a marca de 17.870 torcedores.

Restando três jogos, apenas Sanfrecce Hiroshima, com 58 pontos e Vegalta Sendai, com 56, seguem na luta pelo título, que também da vaga no Mundial de Clubes da FIFA.  No rebaixamento, o Consadole Sapporo é o único com destino definido no torneio, com apenas 14 pontos. As duas vagas restantes são ocupadas hoje por Gamba Osaka e Albirex Niigata, ambos com 34 pontos, dois a menos que o Vissel Kobe, primeiro fora da degola.

A antepenúltima rodada da J-League será toda disputada no dia 17 de novembro, com destaque para os jogos entre Kashima Antlers x Vegalta Sendai, além da partida entre Urawa Reds x Sanfrecce Hiroshima.


* Vinicius Carrilho tem 21 anos, é estudante (quase formado) 
de Jornalismo, morador de Osasco e gostaria de ganhar a vida 
fazendo humor, mas escreve melhor do que conta piadas.