segunda-feira, 12 de fevereiro de 2024

BRASIL - de papelão em papelão é que se faz essa gestão

ESCADA ABAIXO Trabalho de Ramon é reflexo da desorganização
e do amadorismo da CBF (Foto: Joilson Marconne/CBF)

A eliminação do Brasil no pré-Olímpico, 20 anos depois de perder o bonde para os jogos de Atenas, o último em que a seleção brasileira de  futebol masculino não foi representada, é um vexame. Mesmo com a importância relativa do futebol nos Jogos Olímpicos, o Brasil gosta de jogar e é o atual bicampeão. Logo, tinha a responsabilidade de buscar uma das duas vagas. 

E como foi o projeto? Sequer havia um. Ramon Menezes, técnico de trabalhos questionáveis em Vasco, Joinville e Vitória, colecionou mais derrotas (17) do que vitórias (12), mas mesmo assim foi escolhido pelo ex-jogador Branco, o coordenador da base, e goza da simpatia do todo-poderoso e nada entendido Ednaldo Rodrigues, presidente por acidente da CBF. Na seleção principal, foi o tampão do tampão, e só existiu Fernando Diniz porque Ramon apresentou um trabalho ruim de resultados (derrotas para Marrocos, Senegal e vitória contra a Guiné, no jogo do uniforme preto) e, sobretudo, desempenho. De volta à base, foi eliminado na fase de quartas de final do Mundial por Israel. E a cereja do bolo foi a malograda campanha em busca por Paris.

Mais ou menos como foi em 92, com um time que tinha Cafu, Roberto Carlos, Marcio Santos, Marcelinho Carioca, Elivélton e Dener, mas tinha Ernesto Paulo no comando. O mesmo Ernesto Paulo, no ano anterior, foi tampão da seleção principal no pós-Copa 1990, na primeira derrota para País de Gales. Antes, tinha sido técnico do supertime do Flamengo que venceu a Copinha de 90. Da Lusa de 91, só levou Dener.  

O time, se é que pode ser chamado assim, piorou a cada jogo, como se cada treinamento potencializasse os defeitos. Mas Ramon, com o cartel às vistas de quem quisesse, inclusive para a cúpula da CBF, fez o que se esperava dele. Recorro a Esopo: não se deve culpar o escorpião por picar o sapo. Afinal, o escorpião fez o que sabia e podia, limitado à condição de escorpião que é.

A culpa é dele? Não só. A CBF é uma zona, e a campanha da seleção principal nas eliminatórias é um atestado dessa bagunça. O pré-olímpico é tiro curto e o resultado está aí.

"Mas não se produz jogadores como antes". Mais ou menos. Mesmo sem todos os melhores jogadores da faixa de idade, o Brasil tinha John Kennedy, Pirani, Alexsander, Gabriel PEC e Andrey. Mas tinha Ramon. E só tinha Ramon porque Ednaldo Rodrigues faz o que quer, como quer e quando quer, mesmo não tendo legitimidade e competência para ocupar o cargo que ocupa.

Quanto à Argentina, está à procura de um rival no continente.


sexta-feira, 9 de fevereiro de 2024

PORTUGUESA - Joaquim e Manuel

Joaquim apostou no que acredita e perdeu. Como acredita, manteve a fé, mas perdeu novamente. Joaquim é teimoso. Joaquim é uma besta.

Manuel, por sua vez, também apostou no que acredita e, como Joaquim, deu com os burros n'água. Da mesma forma, sustentou sua posição, mas diferentemente de Joaquim, venceu. Manuel é convicto. Palmas para Manuel.

A vida é dura, Joaquim. Dura e cruel. Em condições normais, o tempo e as condições de trabalho é que devem aproximar um projeto de seus objetivos. Para resultar, depende de fatores como filosofia, método, treinamento e tempo. E o essencial para tudo isso: quem possa desempenhar as funções dentro do estabelecido. Sem isso, o projeto, se é que há, vira passageiro da própria sorte.

Aí, Quim, acreditas que o que pensas é o certo. Então insistes, mas não logra. Aí, tens lá um tempo para ajustar algo aqui e acolá, mudança de características, como três gajos que marcam mais e, em vez de uma referência entre os zagueiros, dois tipos capazes de correr. Ok, são mudanças.

Mas olhe que azar, pá! Pediram para que tirasses um gajo e justamente o substituto dele é quem entrega o golo, tão caricato que faz pensar em algo errado, embora a resposta deva estar na falta de atenção de quem deveria tomar sentido no jogo. É uma má sorte do caraças, pá!

Mas aí, o que fazes? Toca a rodar a bola de pé em pé, pelo meio, e volta o raio do esférico. E tentam pelo meio. E tentam. E tentam. E nada. Isso não lhe diz nada? Algo assim: esses rapazes não estão prontos para este tipo de jogo.
 
Sabe o que diferencia um turrão de um convicto, Joaquim? O resultado. É o mesmo que faz do gajo um sujeito bestial ou uma besta. Se estudastes a história do distintivo que comandas, pá, já terás lido isso.

Na verdade, o problema nem é a falta de resultados. Se o tipo que entregou o golo não tivesse feito isso, talvez o desenho da partida tenha sido outro. Se a pancada que foi na barra dia desses tivesse saído dez centímetros para baixo, poderíamos até ter vencido. Mas se minha avó tivesse uma roda, seria um monociclo, daqueles em que palhaços andam no circo. O problema é a teimosia que faz com que não acreditemos que vás mudar.

És muito teimoso, Joaquim. Tem dado nas vistas. 
 

quarta-feira, 7 de fevereiro de 2024

PORTUGUESA - Entre a teimosia e a convicção

Divulgação/Portuguesa

Sou daqueles que consideram a entidade "Semana Livre de Treinos" uma das formas mais maldosas usadas para pressionar profissionais de futebol. Da mesma forma, como não poderia deixar de ser, tende a ser uma das muletas mais frágeis para os treinadores que comemoram a ausência de jogos para azeitar a máquina.

Por quê? Porque seis ou sete dias de treinos são insuficientes. 

No entanto, como não existem verdades absolutas, a tal Semana Livre de Treinos pode servir para determinar o rumo da Portuguesa na disputa do Campeonato Paulista. Dado Cavalcanti comemorou o fato de o clássico com o Palmeiras ter sido adiado, pois assim teria mais alguns dias para recuperar o elenco fisicamente, além de fazer ajustes necessários à equipe.

Estas correções são urgentes, ainda mais tendo em conta o escasso número de jogos restantes para o fim da primeira fase do Estadual, que é quando saberemos se os objetivos para a temporada de 2024 - e para o futuro - foram alcançados. E o principal deles é a manutenção na Série A1, de preferência com uma vaga na Série D. Qualquer coisa além disso é lucro.    

Quando Dado diz que a semana terá sido essencial para acertar o time, o que a Lusa apresentar na partida contra o São Bernardo deverá ser visto como ponto de definição para a sequência do trabalho da Comissão Técnica. Se o estilo de jogo de aproximação e passes rápidos e curtos funcionar, este período para treinamentos terá dado frutos e este será o caminho até o fim do certame. Por outro lado, se houver insistência em algo que não tem saído a contento e a eventual repetição de erros resultar em um novo revés, talvez seja o momento de agradecer pelo trabalho e desejar sorte na sequência da carreira, ou alguma despedida elegante para informar a interrupção do projeto.

Tendo tempo para acertar a casa e jogadores capazes de interpretar em campo as ideias do treinador, valeria a pena apostar neste tipo de jogo, que é legal de ver. O problema é que a Lusa não dispõe deste luxo e precisa de resultados. E precisa para ontem.

Ou então dependerá de um novo milagre para não jogar no lixo um dos elencos mais bem montados desde o inferno de 2013.   

terça-feira, 6 de fevereiro de 2024

CORINTHIANS - Os Trapalhões


"Uma turma do barulho aprontando altas confusões!" Poderia ser a chamada para algum filme daqueles exibidos pela enésima vez na Sessão da Tarde, mas é a diretoria de futebol do Corinthians.

Não bastassem as bravatas e os erros dignos de amadores que não sabiam que só é possível anunciar as contratações depois que o contrato estiver assinado - uma bobagem, detalhinho besta -, a mais nova é a forma desastrada e desastrosa com a qual conduziu a demissão do técnico Mano Menezes. Não só a demissão, mas a sucessão.

Ainda durante a campanha eleitoral, o então candidato Augusto Melo teve a brilhante ideia de afirmar que o treinador não era o seu favorito para o cargo. Não duvido que ele não soubesse que Mano tinha um contrato longo e protegido por uma cláusula de rescisão milionária.

Melo venceu e teve que manter o comandante, mesmo a contragosto.     

Veio a sequência de derrotas e a manjada entrevista assegurando a permanência do treinador, o que não significa nada, pois não é raro que este tipo de declaração preceda o fim do vínculo e o surrado "desejamos sorte na sequência da carreira", o que, de fato, aconteceu. 

Só que, neste meio tempo, os geniais dirigentes [contém ironia] resolveram negociar com outro treinador, Marcio Zanardi, com quem Melo e Rubão, este o homem "forte" do futebol já haviam trabalhado em outras ocasiões e que era de antemão o favorito da dupla para assumir o time, o que não aconteceu de cara por causa da já citada cláusula de rescisão do contrato de Mano Menezes.

Mano, porém, ficou sabendo e resolveu que não abrirá mão de um só centavo e que quer receber à vista. Convenhamos, é um ponto contornável, mas não deixa de ser o resultado de mais uma trapalhada da dupla. 

Aí vêm o que causa estupor: Zanardi é técnico do São Bernardo, que também disputa a Série A1 do Paulistão. O parágrafo 3 do Artigo 26 do Regulamento proíbe que um técnico conduza duas equipes na mesma competição. Quer mais? Tem mais! O parágrafo anterior exige que a substituição de um treinador só poderá ser feita depois que o contrato de trabalho for rescindido. Lembra da multa milionária? Pois é, o Corinthians só poderá inscrever um novo técnico quando a situação de Mano Menezes estiver resolvida. 

Não é necessário ser um ás do raciocínio lógico para saber que uma condução respeitosa do desligamento do treinador evitaria esse problema. Se não por princípio, ao menos por inteligência, mas ler o regulamento deve dar muito trabalho.

Pense no episódio mais engraçado do Chaves ou do Chapolin. Nenhum deles terá tantas trapalhadas quanto essas. E a gestão está só começando.