quarta-feira, 31 de outubro de 2012

O lado bom de Hiroshima

*por Douglas Sato

Faltam apenas quatro rodadas para o fim da temporada 2012 da J-League. Estamos nos aproximando dos momentos decisivos do campeonato, e por enquanto somente o rebaixamento do Consadole Sapporo está decidido.

Na parte de cima da tábua de classificação, Sanfrecce Hiroshima, Vegalta Sendai e Urawa Reds brigam com unhas, dentes, espadas samurais e adagas pelo título nacional. O atual líder da J-League, Sanfrecce, prima por um futebol ofensivo, empolgante e ainda assim muito equilibrado defensivamente. Já a equipe de Sendai possui uma defesa fortíssima e também aprendeu a atacar com eficiência, habilidade esta que faltou em 2011. O Urawa é um gigante por natureza, tem uma equipe sem lesões, a torcida tem comparecido e o time vem correspondendo em campo.

Mas o fato mais interessante vem do atual líder do certame. Após cinco temporadas e meia sob o comando do sérvio Mihailo Petrovic, o Sanfrecce Hiroshima superou um descenso, venceu a J-League 2, ganhou notoriedade e tornou-se um dos times mais empolgantes do Japão. Mesmo que hoje esteja sem o sérvio, contratado pelo Urawa, a equipe de Hiroshima é a única a usar o sistema 3-6-1, quase um“carrossel japonês”. Uma formação flexível que explora a versatilidade de seus atletas, funcionando muito bem contra times que atacam, mas ineficaz em equipes de contra-ataque, por deixar muitos espaços.

O destaque não poderia ser outro: Hisato Sato. O artilheiro do certame, com 20 gols, seis a mais que Yohei Toyoda do querido Sagan Tosu e oito à frente de Wilson, do Vegalta Sendai. Outro nome que merece atenção é o meio-campista Mihael Mikic, grande articulador e dono da equipe. Na defesa, os holofotes são de Hiroki Moriwaki, preciso e hábil, chega até a destoar em relação à maioria dos zagueiros japoneses. De baixo das traves, Shusaku Nishikara não compromete e às vezes faz os seus milagres, mas segue muito longe de ser um ‘São’ Marcos, né?

É. Faltam apenas quatro rodadas, mas a disputa segue aberta e acirrada. O Sanfrecce demonstrou muita evolução até o presente momento e tem pinta de campeão, entretanto Vegalta e Urawa são grandes, e como toda equipe grande merece respeito, eles não fogem à regra e creio em uma reviravolta nas últimas rodadas deste campeonato que completa 20 anos de existência e pura magia, não será uma novidade.

* Douglas Sato tem 23 anos, é músico e estudante de Jornalismo (nesta ordem) 
e, nas horas vagas, é imitado pela dupla Cesar Menotti e Fabiano. E se inspirou 
no seu ídolo Vinicius Carrilho para escrever sobre o futebol japonês.

terça-feira, 30 de outubro de 2012

Acerto de contas com a consciência

Quando perdi meu avô materno eu não tinha inspiração para transformar minhas lágrimas e a angústia do passamento do seu João em palavras que trouxessem conforto e alívio para meu coração. Sempre confundo o ano, acho que foi em 1997. O dia eu não sei.

Arquivo pessoal

Quase 15 anos depois, em 2010, foi a vez do meu outro avô, seu Mário, ir para o outro lado do mistério. Eu já escrevia neste espaço minhas singelas linhas e só consegui aliviar um pouco meu peito depois de escrever alguma poucas mas sinceras palavras. Naquele tempo, já contava 12 anos da ida da minha avó Ana. Minha outra vó, Maria, eu sequer conheci. Só por foto. E era linda. Devia ser proibido os avós morrerem. É triste ver tanta gente que nós amamos sofrer por algo natural, pois essa é a ordem das coisas.

Arquivo pessoal

Quando o vô Mário morreu e eu escrevi sobre o seu legado pra nós, que ficamos, senti-me, de certa forma, aliviado, como já disse, mas também um pouco incomodado. Por que do vô João eu não falei? Não havia um favorito, mas o momento era diferente. Em todo caso, se eu tivesse falado do quanto o velho João foi importante na minha vida, cometeria a mesma injustiça, que foi externar este amor após sua morte.

Somos assim: injustos e irresponsáveis. Esperamos pelo último minuto para fazer as coisas, isso quando fazemos. Sempre fica a sensação de um "amo-te" que ficou por ser dito.

Hoje, finalmente, presto contas à minha consciência. Ainda assim, o tempo é implacável. Mas algo é mais cruel que ele: o remorso. O arrependimento não perdoa. É uma pena constante, perene, perpétua.

segunda-feira, 29 de outubro de 2012

Futebol que não é só para japonês ver

* por Vinicius Carrilho

Neste final de semana, alguns brasileiros puderam começar a acompanhar a reta final de um dos campeonatos mais emocionantes do mundo. Uma competição que todos os anos conta com vários favoritos ao título e que geralmente é decidida apenas na última rodada. Falo da sempre agradável J-League, o campeonato japonês.

Falando em linhas gerais, a J-League se destaca por ser um campeonato de “gente da gente”. Durante 90 minutos, o espectador pode ser surpreendido por lances geniais ou por jogadas patéticas, dignas daquela pelada com os amigos no final de semana. Além disso, é uma oportunidade para rever aquele jogador brasileiro sumido, que você achava até que tinha desistido da profissão.

Em 2012, o campeonato caminha para mais um final emocionante. Restando quatro jogos, a liderança da competição é do Sanfrecce Hiroshima, com 55 pontos, seguido pelo Vegalta Sendai, com a mesma pontuação, mas em desvantagem nos critérios de desempate. Correndo por fora aparece o Urawa Reds , com 49 e o Shimizu S-Pulse, com 48 pontos ganhos. Lembrando que o campeão japonês tem vaga garantida no Mundial de Clubes da FIFA e, pelo chaveamento, pode enfrentar o Corinthians na semifinal da competição.

A partida transmitida para o Brasil neste final de semana foi o embate entre Júbilo Iwata × Vegalta Sendai, jogo terminado em 1 a 1. Apesar de ser o segundo colocado da competição, o time de Sendai parece ser bem limitado e, caso seja o campeão, não deve trazer problemas no torneio mundial. De caras conhecidas do torcedor brasileiro, a equipe conta com o meio-campista Deyvid Sacconi , que teve passagem pouco marcante pelo Palmeiras, além do atacante Wilson, que nenhuma saudade deixou no torcedor do Corinthians, mas que, pasmem os senhores, é o terceiro colocado na artilharia da J-League, com 12 gols marcados.

Os jogos do campeonato japonês acontecem na madrugada de sexta para sábado e podem ser vistos no Brasil por inúmeros links na internet, além da NHK, TV estatal japonesa que transmite as primeiras e últimas rodadas do torneio, geralmente às 3 horas. Esta última está disponível apenas em algumas operadoras de TV por assinatura.

Para quem gosta de futebol, mas tem insônia; acabou de chegar da noitada; está de bobeira em casa; quer dar risada; revoltar-se por não ter apostado na carreira de jogador; acompanhar um possível adversário do seu time no mundial; ou apenas quer curtir aquele futebol despretensioso, onde a técnica é artigo de luxo, a J-League é uma grande pedida.



* Vinicius Carrilho tem 21 anos, é estudante (quase formado) 
de Jornalismo, morador de Osasco e gostaria de ganhar a vida 
fazendo humor, mas escreve melhor do que conta piadas.

domingo, 28 de outubro de 2012

Lenços brancos para Jesus


Há um costume em Portugal de que quando os adeptos de uma equipa querem a saída do treinador, acenam lenços brancos nas bancadas. É uma maneira sutil, ensurdecedoramente silenciosa, mas bastante eficaz de demonstrar a insatisfação com o trabalho do mister.

No Benfica já passa da hora de os adeptos encarnados sacarem seus lenços das respectivas algibeiras e acenarem para o treinador Jorge Jesus. Ele levantou a Liga na temporada 2009/2010, a primeira de um treinador português pelo clube desde 93/94, quando o ex-internacional Toni era o comandante. Este é o único título relevante conquistado pelo treinador à frente dos Encarnados.

Tudo bem que, desde o início dos anos 1990, existe uma supremacia do Porto no futebol português. Não entrarei no mérito da interferência que o presidente tripeiro Pinto da Costa tem com os homens do apito. Isso é para outra conversa. O que incomoda é que Jorge Jesus tem nas mãos um elenco de inquestionável qualidade e tem, invariavelmente, pecado nas suas escolhas.

Jorge Jesus é pragmático. Muito. Gosta de sistemas de jogo que tenham um avançado de referência a atuar dentro da área. O problema é que ele tem material humano bom o suficiente para prescindir do tradicional camisola nove. Ao todo, só de ganchos que seriam titulares em boa parte dos grandes distintivos europeus, Jorge Jesus conta com os argentinos Aimar, Gaitán e Sálvio, o brasileiro Bruno Cesar e o português Carlos Martins, todos com passagens por suas seleções. Destes, o único camisola 10 clássico, capaz de ditar o ritmo de jogo, de dar um passe diferenciado para criar hipóteses de golo praticamente do nada é Aimar, mas ele não goza de plena confiança do treinador, embora seja adorado pela claque encarnada e os demais adeptos do clube da Luz.

Talvez aí esteja o problema. Outros ídolos benfiquistas também foram levados às portas de saída do clube por conta da intransigência do treinador. Nuno Gomes é o maior exemplo disso. Mais de 150 golos anotados com a camisola vermelha e o sonho de terminar a carreira sob o manto benfiquista. Queria mais um ano de contrato. Apenas um, e juntar-se-ia a Rui Costa na direção do clube. Mas o desejo lhe foi sonegado, apesar de ter anotado cinco golos nos quase 90 minutos em que esteve a jogar na sua derradeira temporada no clube. Depois foi para o Braga, retornou à Seleção das Quinas com a camisa dos Arsenalistas e hoje atua na Football League Championship, a Segunda Divisão inglesa. E tem jogado bem.


Jesus até tem seus méritos. E também a salvaguarda de ter que remontar o onze sem a alma no meio campo, perdida com a saída dos trincos Javi Garcia, para o nanico milionário Manchester City, e Witsel, que foi para o não menos rico e pequeno Zenit. No entanto, não há nenhuma garantia, sobretudo após as três exibições mal  conseguidas na Champions, de que conseguirá. Aí será hora de acenar e acatar o pedido feito pelos lanços brancos.

segunda-feira, 15 de outubro de 2012

O déjà vu alviverde

* por Douglas Sato

O pesadelo da Série B do Campeonato Brasileiro que atormentou o Palmeiras desde a conquista da Copa do Brasil de 2012 poderá se tornar realidade ao término deste nacional. A agremiação com maior currículo de títulos do futebol nacional segue lutando, sobrevivendo, mas ao que tudo indica terá um final trágico. Em 2013 o clube, octacampeão do Brasileiro (quatro são presente da CBF), poderá jogar ao lado de ABC, CRB, ASA, Guarani, Paraná, Ceará, entre outros.

O rebaixamento de um grande clube é traumático, causa dor, revolta e profundas mudanças. Num momento assim não existem vítimas, apenas vilões. Desde o maior ídolo em campo até mesmo aquele jogador que apenas compõe o elenco, todos são culpados, sem exceção.

O Palmeiras está praticamente rebaixado. De novo! O calvário já havia acontecido em 2002 e agora parece que se repetirá, coincidentemente dez anos após o primeiro. É triste ver um gigante indo à lona, mas é preciso aceitar, sobretudo quando o clube não se ajuda.

Não vou argumentar em cima de um possível rebaixamento, o qual parece ser inevitável, mas não se consumou ainda. Vou falar sobre este Alviverde que enche sua torcida que canta e vibra de vergonha e que pensa de forma provinciana e muito pequena há anos.

Rebaixado ou não, o Palmeiras precisa fazer uma limpeza geral no clube. Nem que isso custe mais um ano de sofrimento e angústia para a torcida. Essa mudança é inevitável. Ou se faz isso ou o clube seguirá assim, frágil e dependente de um sopro de esperança e sorte (e uma parceria) para buscar um caneco.

Qualquer mudança para 2013 passa pela dispensa do jogador Valdívia. Não falo isso jogando a culpa da degola exclusivamente do chileno. Defendo, sim, a dispensa do camisa 10 como um sinal de que o Palmeiras iniciará um novo tempo.

O clube precisa retomar o respeito pelo seu manto e pela hierarquia dentro do clube. Valdivia não só desrespeita a camisa e a torcida do Palmeiras como também não respeita a hierarquia interna. Já bateu boca com o presidente, com o diretor, com o treinador... Num clube em que tudo pode. Um erro...

Como já disse aqui, diante de um rebaixamento ou de uma campanha vexatória como a cumprida no atual nacional não existem vítimas, nem mesmo o torcedor, que fez com que o time tivesse que jogar a partida de vida ou morte diante do Coritiba em Araraquara. Todos são violões, sem exceção. Então não se esqueçam de Felipão, que abandonou o barco e de Wesley que, apesar de machucado e fora de combate, não pode ficar alheio a todo esse trauma que o alviverde vive nesta reta final da temporada.

O Palmeiras está garantido na próxima Libertadores, afinal ganhou a traiçoeira Copa do Brasil. Se rebaixado, o que fazer: formar um time para disputar o torneio continental e a Série B? Ou formar um time com cara de Segunda Divisão, bem mais barato e condizente com a realidade, para disputar o principal torneio do continente?

Essas são apenas algumas dúvidas que já pressionam os dirigentes alviverdes. Sem contar que o iminente rebaixamento deixará também muitos craques longe do Palestra Itália. A fuga do Palmeiras da degola é possível, mas ao que tudo indica é improvável. Espero que esteja errado, mas é preciso que o Palmeiras me prove o contrário, o que eu duvido.

* Douglas Sato tem 23 anos, é músico e estudante de Jornalismo 
(nesta ordem) e, nas horas vagas, é imitado pela dupla Cesar Menotti e Fabiano. 

domingo, 14 de outubro de 2012

Rebaixem a Portuguesa!

A Portuguesa recebeu o Corinthians no clássico paulista da rodada, no Canindé. O time, que vinha desfalcado pelos volantes Boquita e Léo Silva, cortou um dobrado para segurar o ímpeto do Alvinegro, seguramente mais time, mais inteiro e com Romarinho e Douglas afim de jogo.

O gol da Lusa saiu num lance fortuito: bola na área, em falta batida por Marcelo Cordeiro. Ninguém cortou e a pelota foi direto para o golo do Cássio, assim como foi o golo do Corinthians no primeiro turno, pelo mesmo Douglas que, cinco minutos depois, marcou um golaço, no ângulo direito do guardarredes Dida. Aí a partida ficou à feição corintiana, que pressionou a Lusa e perdeu um monte de golos.

No segundo tempo a Lusa voltou melhor. Colocou uma pressão e logo no começo chegou ao segundo golo, após chute do bom Zé Antonio, que Cássio soltou (mais uma falha do apenas regular guardarredes corintiano) na cabeça de Bruno Mineiro, que teria marcado seu 15º tento. Lance rápido, difícil, que o bandeirinha invalidou. Outra vez. Foi o terceiro golo do avançado sonegado na competição. O segundo seguido. O terceiro legal. 

No momento do chute, Bruno Mineiro está na mesma linha: gol legal
A Lusa começou o campeonato como poule de 10 entre os times favoritos para cair. No entanto, o trabalho do técnico Geninho é notável e, mesmo numa condição ainda incômoda na tabela, é a Portuguesa que joga o futebol mais vistoso do campeonato. Mas isso parece incomodar.

Em um exercício rápido de memória, dá pra lembrar, assim, de largada, pelo menos seis jogos em que a arbitragem arrebentou com a Lusa. Nenhum lance duvidoso teve o apito pendendo pros lados do Canindé. Nenhum!

Já ficou chato esse negócio de anularem golos da Lusa. Contra o Cruzeiro, o jogo estava 1 a 0 a favor dos mineiros quando Bruno Mineiro marcou. Tudo bem, o Marcelo Cordeiro estava milimetricamente impedido, mas estava. No entanto, contra o Corinthians estava na mesma linha. Foram dois lances difíceis, e nos dois a arbitragem decidiu pelo lado de sempre: contra a Portuguesa.

Marcelo Cordeiro está à frente do penúltimo homem: impedido

Se é assim, CBF, faça o seguinte: invente um jogador irregular, tire uns 200 pontos, suspenda e rebaixe a Portuguesa e acabe de vez com essa palhaçada.

sábado, 13 de outubro de 2012

Aos que deitaram a vaca


A vaca deitou, definitivamente. A derrota para o Coritiba em Araraquara era a pá de cal que faltava para enterrar de vez o Alviverde do Parque Antártica e carimbar seu passaporte à Série B do futebol nacional. 

Mas engana-se quem pensa (se é que alguém ache isso) que o Porco sucumbiu neste jogo. Claro que, por ser um confronto direto, acaba sendo mais pesado. O Palmeiras paga pela sua incrível e interminável sucessão de erros, que vai desde a direção até as arquibancadas. Como disse brilhantemente o comentarista Paulo Vinícius Coelho, dos canais ESPN, o problema está no Alviverde inteiro, que sabe ser brasileiro, principalmente no improviso e desorganização. Acontece que a conta chega, e pelo visto é hora de pagar.

O time montado pelo técnico Felipão é fraco, muito fraco. Não tem um goleiro à altura da sua história, conta com um punhado de jogadores fracos, que poderiam jogar bem espalhados por times mais azeitados, mas juntos são um bando, um amontoado de pernas-de-pau. Assim, mesmo que tivesse um craque no time, não daria jeito.

Falando em Felipão, ele é um dos responsáveis. Foi o campeão do mundo em 2002 que montou este time. Mas o maior problema é que Scolari parou no tempo. Taticamente, está na década de 1980. Ganhou a Copa do Brasil este ano por dois motivos: o formato da competição, que é de tiros curtíssimos em cada fase, e porque os melhores times do pais não disputaram. Numa competição de 38 rodadas, é quase impossível um time sem variações táticas e sem elenco minimamente decente brilhar.  

Tem também o efeito Marcos Assunção. Se o capitão não joga, não há profundidade. Se joga, é necessário povoar o time de volantes para ajudar na marcação. Como eles são fracos, inventaram o zagueiro Henrique de cabeça-de-área. Na marcação funciona bem, mas com a bola nos pés é um desastre, e a saída de bola fica comprometida.

Mauricio Ramos não se entende com a bola (Imagem: globoesporte.com)
Ainda mais porque até hoje os palestrinos esperam pelo futebol de Valdívia, que sumiu em 2008. Ele nunca esteve à altura da camisa 10 alviverde, ao contrário do que pensa boa parte da crônica e da torcida. Torcida, aliás, que também tem sua parcela na desditosa campanha. E não é pequena. Foi por causa dessa "meia dúzia" de irresponsáveis que o Palmeiras foi jogar contra o Coritiba em Araraquara, quando um Pacaembu tomado por 30 mil vozes ajudaria e muito o time.  

O Palmeiras tem Libertadores no ano que vem, o que facilitará para montar o time, ao menos no primeiro semestre. Acontece que, caso perca o torneio, sobrará a Série B. Nem todos ficarão, mas os que ajudaram a rebaixar o time, terão que, mais do que nunca, ser a torcida que canta e vibra.
   

quinta-feira, 11 de outubro de 2012

Ressurreição emergencial



Mano Menezes respira. O contestado treinador do escrete canarinho ganhou uma sobrevida após os últimos amistosos, sobretudo no de hoje, diante do Iraque. Não que o time do brasileiro Zico seja um adversário digno de testar até onde vai a evolução do time brasileiro, tampouco que Mano seja o único treinador questionado ou questionável da história da Seleção. A propósito, sofrer a saraivada de críticas é algo inerente ao cargo.

Mano Menezes, além da sua sabida limitação tática, assumiu o time nacional num dos maiores períodos de entressafra da história. Nunca a Seleção ficou órfã de jogadores experientes como está agora. Ou ao menos estava, agora que Kaká está de volta e caso ele tenha uma boa sequência de jogos, inclusive no Real Madrid, poderá ser este homem de quem tanto necessita a equipa nacional. Os grandes nomes da história do futebol brasileiro sempre foram amparados quando chegaram no escrete nacional. Pelé era um menino imberbe, que tinha em nomes como Nilton Santos, Djalma Santos, Didi, Zito e Gilmar seu porto seguro. Assim também com Zico, Romário e Ronaldo.


A maior diferença que pode ser vista no Brasil, independentemente da parte técnica e tática, é que com Kaká no time Neymar tem com quem dividir responsabilidades. Mais que isso, a joia do cabelo estranho e do futebol acima da média agora tem uma referência, alguém para o socorrer quando a vaca tupiniquim estiver deitando.

Mais que Neymar, Mano ficou órfão dessa referência. Ronaldinho Gaúcho, como era de se esperar, negou fogo. Ronaldo parou. Mesmo sem experiência, Ganso, que mais parece um veterano de tão calmo, também não esquentou lugar, muito por suas limitações físicas. Com Kaká em forma, o selecionador terá mais que uma reserva técnica: terá alguém para ser o condutor do time em campo.

Aí, sim, ele terá todas as condições de continuar sendo contestado e mostrar se merece estar na beira do campo em 2014.   

sexta-feira, 5 de outubro de 2012

Ser Portuguesa

Fazia tempo, fazia muito tempo. Desde o ano passado a Portuguesa não tinha uma atuação bem conseguida como a que teve diante do Sport. O mesmo Sport contra quem a Lusa evitou a queda pra Terceira Divisão em 2006. O mesmo Sport, que esteve em campo na inesquecível noite do título brasileiro da Série B, no ano passado. Cinco golos. Uma mão cheia deles. Quatro só na segunda parte. E de camisola nova. Linda. Encarnada. 

A Lusa foi pro relvado com uma formação diferente. No lugar dos trincos que rodam a bola à espera de uma escapada do Ananias ou uma desmarcação do Bruno Mineiro, havia um médio de ligação, Michael, que carece de ritmo de jogo. Só que rodagem só se dá com rodagem, obviamente. O problema é que ele entrou no lugar do suspenso Ferdinando, nosso único médio unicamente de contenção, o que era um problema danado.

Assim, os laterais  ficavam mais e o jogo não tinha fluência, uma vez que a equipa de Pernambuco marcava muito bem e tinha um Cicinho inspirado jogando em cima do improvisado Rogério. O resultado foi um empate em um golo que traduziu o equilíbrio até o meio tempo.

Na segunda parte a Lusa retornou mais à feição do treinador, com Zé Antonio na cabeça de área. Assim desafogou os laterais e deu liberdade para que Boquita, Léo Silva e Moisés se movimentassem um pouco mais, fazendo a pelota chegar mais macia para que Ananias fizesse o pandemônio na defensiva leonina. Mas o nome do jogo foi o avançado Bruno Mineiro, um gigante de 1,75 m.

Foto: Jorge Aguiar (Lance!)

E assim foi. Com o golo anotado na primeira parte foram três. Ou um hat trick. Ou um triplete. Chamem como quiserem. Eu chamo o novo goleador no Nacional de fenomenal. de gigantesco. Gigantesco como foi toda a equipa. Essa é a Portuguesa que queremos: insinuante, intensa, veloz, objetiva. E forte, muito forte. Forte, aliás, como se mostrou na maioria dos jogos. A diferença é que o time não foi perdulário e a arbitragem não atrapalhou. 

Sei que vão lembrar da Lusa que encantou na Série B. Mas sem Barcelusa, por favor. Isso ficou no passado, foi exceção. A Lusa de Geninho é outra. Ela não joga bonito. Mas luta por cada bola como se fosse a última. Com intensidade, com entrega. Não precisa ser bonito, só precisa ser autêntico, ser leal, ser Portuguesa.
     

quarta-feira, 3 de outubro de 2012

As maravilhosas invenções de Mano Menezes

* por Douglas Sato


Desde 2011, quando Mano Menezes assumiu o Selecionado Nacional, o torcedor brasileiro já se acostumou cm as "invenções" do treinador. Nos últimos anos, o comandante não vem dando trégua nas suas convocações, sejam elas para amistosos, torneios oficiais e até a ressurreição da Copa Rocca, o Superclássico das Américas. 

Separei apenas 12 nomes, os que mais me chamaram a atenção neste período de testes e de afirmações na Seleção Canarinha.

Um dos nomes mais marcantes entre as invenções de Mano foi Douglas. O meia, então vestindo a camisa do Grêmio, foi chamado para o jogo (de verdade) contra a Argentina e acabou perdendo uma bola para Messi, o que resultou no gol da vitória portenha, no último minuto. Foi a primeira e última vez que o jogador, atualmente no Corinthians, jogou pelo Brasil. Até hoje ele busca se firmar no seu time.

Outro nome tirado da cartola, o médio Cícero é um jogador polivalente, que desempenha muitas funções no São Paulo. Mas até aí ser chamado para a Seleção que jogou o Superclássico da Américas de 2011 é demais! O cara não é titular nem no São Paulo e ganha a chance no lugar de outros profissionais mais gabaritados para a posição. 

O goleiro Renan foi outro achado! Ele não conseguiu se firmar em nenhum clube que jogou, mas foi um dos 13 goleiros convocados na Era Mano. Lembrando que ele chegou ao Corinthians com pinta de "Novo Dida" e, sem engrenar, foi emprestado ao Vitória e hoje defende o Estoril Praia, de Portugal. 

Em um dos setores mais carentes, o lateral esquerdo Cortez foi outro caso de ascensão e queda meteórica. Convocado para jogar o Superclássico, ele brilhou, mas não manteve seu futebol e foi esquecido.


Talvez uma das maiores surpresas de todos os tempos, o meia Renato Abreu apareceu do nada na mesma convocação e fez o que já fazia no Flamengo, ou seja, nada. Mesmo assim, ele é um vencedor. Em março deste ano, foi constatado que ele tinha um problema cardíaco e que precisava de uma cirurgia, realizada com sucesso. Agora pode aterrorizar os gramados brasileiros com seu belo futebol.

Copa Rocca, Superclássico das Américas, atraso de vida para os clubes brasileiros. Mas tirando isso, as convocações de Mano Menezes sempre causam surpresas e trazem que dificilmente são chamados de novo. Foi o caso do botafoguense Elkeson, que não apareceu em nenhuma outra lista de Mano, nem no próprio futebol brasileiro.

O meia Jucilei também foi convocado e depois foi esquecido no Anzhi, da Rússia. Mano tem preferido chamar Ralf e Paulinho ao atleta. Eles, aliás, têm agradado a mídia em geral.

Um dos poucos com qualidade, que chegou a ser lembrado e já foi esquecido, foi Fernandinho, do Shakhtar da Ucrânia, foi convocado, jogou, não agradou e mesmo ser fazer um papel relevante na seleção brasileira é ídolo na Ucrânia e comanda a equipe do Mircea Lucescu.

Na defesa, o zagueiro Émerson é bom jogador, mas não é sempre que um técnico abre espaço para alguém do Coritiba. Resumo: não fez nada e ainda não faz pelo Coxa Branca que luta para não cair para a Série B do Campeonato Brasileiro.

Da nova safra de atletas do Santos, o médio Henrique despontou na equipe da baixada Campeã da Libertadores de 2011. Mas após a convocação ele caiu de produção e nunca mais foi lembrado, hoje ele é apenas mais um num elenco movido a Neymar.   

Uma das maiores invenções sem sombras de dúvidas é o zagueiro Bruno Uvini, ex-São Paulo. As críticas em cima do defensor são justamente porque o atleta não tinha espaço algum no Tricolor do Morumbi. Bruno, porém, foi à Olimpíada credenciado por ter sido o capitão da seleção na campanha do título do Mundial sub-20. Nos amistosos preparatórios, ainda foi titular contra a Argentina e um dos responsáveis pela marcação de Messi. Mas, em pouco mais de dois anos de notoriedade o atleta só despontou aos olhos de Professor Aéreo Menezes.

Por fim, o lateral-esquerdo, direito, volante, atacante, médio e sei lá mais o que, Alex Sandro, surpresa em amistosos e torneio oficiais, uma das piores apostas de Mano Menezes até hoje. Atleta apático, mas com o selo de confiança do Mano, se nem no Santos de 2011 ele era bom, e olha que em 2011 o Santos era um timaço, porque na seleção ele será?



* Douglas Sato tem 23 anos, é músico e estudante de Jornalismo 
(nesta ordem) e, nas horas vagas, é imitado pela dupla Cesar Menotti e Fabiano.