quarta-feira, 12 de novembro de 2025

Pílulas amadoras - 30

 *Por Humberto Pereira da Silva

Foto: Alberto Gardin/NurPhoto via Getty Images

O mundo do dinheiro e tudo que há de nojento em torno dele.

Esse mundo e certas imagens me deixam a sensação de espelho e a inversão no que se vê. Vejamos o caso de rebeldia de Vini Jr quando foi substituído pela enésima vez pelo técnico Xabi Alonso nesta temporada: isoladamente, o Vini Jr extrapolou, pisou na bola, chutou o balde, deu chilique... e isso é coisa de criança birrenta...

Contexto? Alguns milhões na jogada. Termos como valorização ou desvalorização de um produto que envolve milhões não é encenação de chegada de papai Noel no Natal.

O produto, no caso, na ordem do Capital, é tão só um produto que se insere no mundo dos negócios. Uma propriedade... uma commoditie..., algo que nos tempos de escravidão movimentou a economia europeia por trezentos... quatrocentos anos...

Em outros tempos, de Zumbi e Dandara aqui no Brasil, a inconveniência de um escravo e o pelourinho...; mas um escravo de grande valor, se açoitado com violência extrema, perde o valor, não uma PEÇA de reposição, um PRODUTO,  que se deseje desvalorizar e com isso perder qualquer margem de negociação.

Em um óbvio exercício de adivinhação, imagino que o filósofo francês Jean-Paul Sartre (1905-1980) diria que Vini Jr só se sentiria completo se gozasse com Xabi Alonso do mesmo prestígio que tinha com seu treinador anterior, Carlo Ancelotti, que agora é quem o dirige esporadicamente quando coincidem na seleção brasileira. Vini escolhe, portanto, ser feliz jogando mais e mais, e, consequentemente, tendo seu valor de mercado valorizado.

Não é difícil imaginar que seja assim.

*Humberto Pereira da Silva é professor de Ética em Jornalismo