sábado, 16 de novembro de 2013

O caminho das Índias

O relógio já avizinhava os 10 minutos finais da segunda parte, no estádio da Luz. O jogo caminhava para um, se não desastroso, ruim empate sem gols entre Portugal e Suécia, na primeira ronda da repescagem europeia para a Copa de 2014, que será aqui, nos superfaturados gramados tupiniquins, quando Miguel Veloso recebeu de Fabio Coentrão e jogou na área. Lá estava Cristiano Ronaldo, que vinha cumprindo uma partida absolutamente insossa, tendo aparecido somente na falta tola sobre o guardarredes sueco, Isaksson, que lhe rendeu uma cartolina amarela, e uma cabeçada bem sutil contra um adversário. O capitão português atirou-se à bola e, quase ao rés-do-chão, venceu o arqueiro e marcou, de cabeça, o golo solitário da partida.

No entanto, para chegar ao porto seguro, o mister Paulo Bento terá que corrigir o péssimo rendimento ofensivo dos trincos portugueses. Miguel Veloso e Raul Meireles houveram-se bem na marcação, mas quando precisaram dar aporte a João Moutinho, o que se viu foi um festival de lançamentos para a área sueca. Todos, invariavelmente, pararam nas mãos do goleiro ou foram rechaçadas pelos zagueiros. Ronaldo, aberto e isolado pela esquerda, limitava-se a trombar com os marcadores.

A defesa, pouco protegida pelos volantes, só não teve problemas porque Ibrahimovic não foi sequer sombra do jogador que vive uma temporada estupenda sob a camisola do novo-rico PSG. Ele foi notado somente no corta-luz que deu para a conclusão de Larsson, esse sim, ao lado de Elmander, um tormento aos mais de 60 mil lusos que lotaram a Catedral da Luz.

BEM-VINDO À SELVA Bem marcado, Ibrahimovic
não causou problemas à zaga lusa (EFE/EPA/Tiago Petinga)

O problema só foi solucionado quando Moutinho veio ter à altura do grande círculo iniciar ele mesmo as tramas ofensivas, com o apoio dos excelentes alas Fabio Coentrão, à esquerda, e João Pereira, do outro lado. Com as linhas avançadas e a equipa compactada, a bola parou de ser rifada e passou a rodar, perto da área, como se deve fazer quando se enfrenta um sistema defensivo cerrado como o sueco. Ainda assim, será preciso ter uma defesa mais consistente, posto que os suecos não se contentarão em terminar o jogo com 37% de posse de bola.

Talvez esse expediente seja desnecessário no jogo da volta, quando a Suécia sairá para o jogo e, por certo, terá que se preocupar com um craque inquestionável que vive uma fase exuberante e que decide os jogos mesmo quando não faz um jogo à altura de si. Dois minutos depois de ter aberto o escore na casa benfiquista, em outra bola alçada na área, dessa vez pelo alto, o Puto Maravilha subiu de cabeça para mandá-la à barra sueca. Esta não entrou, mas serviu de aviso para os suecos (e alento para os lusos): Portugal está vivo e muito disposto a refazer o caminho das Índias 514 anos depois. E o capitão da nau lusitana conhece o caminho. 
EU ESTOU AQUI! Cristiano Ronaldo mostra
 quem manda na disputa pela vaga (Reuters)

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