quarta-feira, 17 de junho de 2015

Sobre a braçadeira

Antes do jogo em que a Colômbia de Pékerman deu um banho de bola no Brasil de ninguém, o volante Zito, capitão do grande Santos bicampeão mundial, foi homenageado. No banco, como técnico (ou algo parecido), estava o capitão do tetracampeonato mundial do Brasil, o Dunga, que, pela sua liderança, foi um dos mais simbólicos capitães que o Brasil já teve.
Dunga: liderança em duas Copas (foto: Placar)
O tempo passou; chegou a Copa do Mundo de 2014. O capitão do Brasil sofre uma crise de nervos e se recusa não só a bater um dos pênaltis na decisão das oitavas-de-final contra o poderosíssimo e tradicional Chile, como também ficou de costas para o gol.

Vem a Copa América, a primeira competição depois do vexame do mundial. Uma boa oportunidade para começar a apagar a péssima impressão deixada. Aí a braçadeira vai para o Neymar, um craque em formação. O único fora-de-série de uma geração desgraçadamente ruim. Na estreia, sozinho, vira o jogo contra o Peru.

E vem o segundo jogo, agora contra a forte Colômbia. E o Brasil perde. E não vê a bola. Mas o Neymar vê a bola. E chuta a bola nas costas de um colombiano que comemorava. E tinha cartão amarelo. E deu confusão. E foi expulso. E está fora do jogo decisivo contra a Venezuela que, se vencer o Peru, será líder isolada do grupo. Aí o incrédulo leitor pode falar: "Pô! É a Venezuela!" Sim, é a Venezuela, histórico saco de pancadas, mas que venceu a Colômbia na estreia. A mesma Colômbia que deu um baile no Brasil.

A braçadeira de capitão representa liderança, respeito e representatividade dentro do gramado. Na Holanda, para citar um exemplo, ela é dada sempre ao jogador mais velho do grupo. O jogador que a ostenta tem a possibilidade de entrar para a História por receber e, desde 1958, com Bellini, erguer o troféu de campeão. Uma honra, pois.

Robben recebe braçadeira de Van Persie. Idade determina o dono da
tarja na seleção holandesa (Foto: AP Photos/Michael Sohn)
No último amistoso antes da Copa América, o Brasil fez uma partida safada e foi vaiado pela torcida presente no Beira-Rio. Neymar, o capitão, sugeriu que os jogadores não cumprimentassem os torcedores, que pagaram 350 mangos para ver aquilo. "Mete o pé! Mete o pé!", disse a sair do gramado.

Pela destemperança, Neymar fica de fora do próximo jogo e também das quartas-de-final. Isso se o brasil se classificar. Sim, brasil, minúsculo mesmo. Como o futebol, ou algo parecido, que vem jogando.  

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