quinta-feira, 12 de maio de 2016

Voltando algumas casas

Por Leandro Marçal*

E ela caiu. No jogo de tabuleiro político, haverá ainda uma decisão definitiva, mas será apenas o golpe de misericórdia, o chute final no cachorro moribundo.
Evidentemente, seu partido cometeu uma porção de erros, burrices, incompetências, negligências, megalomanias e alianças espúrias que a levaram à ruína.
Hipocritamente, inúmeros dos que a julgaram respondem por processos dos mais absurdos contra a sociedade, nos quais sua inocência é ouro de tolo.
Vergonhosamente, muitos dos que comemoram sequer sabem o que são pedaladas, poderes constituídos, golpes ou História.
Gratuitamente, pessoas se agridem desde 2014 como se a divergência de opinião fosse crime.
Claramente, o processo não foi para acabar com a corrupção no país (desculpem por avisar que Papai Noel não existe e que não viemos da cegonha).
Espantosamente, temos que temer, ainda que, lá atrás, seu partido não temesse o temerário.
Descaradamente, alguns milhões de votos não valeram muita coisa.
Assustadoramente, há um fanatismo exacerbado de ambos os lados, a favor e contra, como se heróis e vilões fizessem parte da política. Deixem seus anjos e demônios restritos à sua fé, por favor.
Lamentavelmente, pouco se importa com o povo, muito se apega ao poder pelo poder, em função do poder, a favor do poder.
Não perdemos o jogo por completo, mas voltando algumas (muitas?) casas.


Publicado originalmente no Proseando.

*Leandro Marçal é um jornalista de 24 anos, torce pelo Tricolor Paulista
 e por um mundo menos hipócrita e com mais bom humor.
E, apesar do nome de sambista, é incapaz de tocar um reco-reco.
Ainda assim, é o Rei da Noite de São Vicente.

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