domingo, 5 de junho de 2016

A piscina infantil de Dunga

Quando começou a preparação para a Copa América e o Brasil passou a perder peças (desleixo do "setor de inteligência" da CBF, que não acompanhou como devia a evolução física dos jogadores no radar, como dizem, ou falta de interesse por parte de alguns atletas em permanecer no grupo), ficou-nos a ideia de que os jogadores que chegaram poderiam ser mais úteis que os cortados.

O primeiro tempo da estreia, contra o bom Equador (é só o Equador, que fique bem claro), deu a impressão de que seria isso mesmo. Sem Luiz Gustavo, cortado, e Fernandinho, que não foi convocado, para destruir jogadas adversárias e estragas as próprias, a saída de bola ficou a cargo de Casemiro, com Renato Augusto auxiliando no setor, o que resolveria a proteção da defesa e o início da criação das jogadas.

Sem Neymar, guardado para a Olimpíada, o Brasil passou a tocar mais a bola e buscar outras alternativas ofensivas. O outro suplente lançado a campo, Jonas, que substituiu o lesionado Ricardo Oliveira, mostrava boa movimentação para abrir espaços ao meias que poderiam ocupar essas brechas. O gol quase saiu no início do jogo, em finalização de Philippe Coutinho na cara do goleiro Dreer.

Os pontos baixos no primeiro tempo foram o rendimento abaixo da crítica de Elias, que não armou, não marcou, não passou, enfim, jogou o que vem jogando no Corinthians, além da falta de finalização, o que seria corrigido com um posicionamento melhor dos dois meias, longe demais da área.

Veio o segundo tempo e as virtudes apresentadas no primeiro ficaram no vestiário do Rose Bowl. Aos 15 minutos, Dunga sacou Jonas, que, se não era brilhante, era uma opção interessante caso os meias estivessem melhor posicionados,  para a entrada de Gabriel, que nada fez. Não deu resultado. Depois apostou em outro jogador de condução e velocidade, Lucas Moura, do PSG, que fez menos ainda. Era preciso um armador, Lucas Lima, que entrou aos 41 minutos e mal tocou na bola.

Teve a posse de bola quase o tempo todo, mas só finalizou uma vez, e isso aos 36 minutos. No total, foram quase 600 passes, com 91% de acerto segundo o UOL, mas com a profundidade de uma piscina infantil. Numa conta porca, mais de seis por minuto (dez, se pensar em tempo de bola rolando, e mais ainda se considerarmos só a posse de bola do Brasil). Finalizações, no entanto, foram três. Repito: três. Outra vez, agora em letras grandes: TRÊS! Um chute a cada meia hora de jogo. Tá bom? Para o Dunga está.
  
A coisa só não foi pior porque o bandeira deu uma força enorme quando só ele viu a bola saindo no cruzamento de Bolaños que Alisson bisonhamente colocou para dentro do gol.    

Contra o Paraguai, nas Eliminatórias, empate por 2 a 2 depois de estar perdendo por 2 a 0, alguns colegas creditaram às mudanças promovidas pelo treinador brasileiro o Brasil não ter perdido. Nada disso. Dunga viu que Ramon Diaz foi covarde, sacou os volantes, recuou Renato Augusto e foi pra cima. Mas só porque o Paraguai abdicou do partida e resolveu defender com unhas, dentes e harpas o resultado. Quando enfrenta uma equipe minimamente razoável e organizada, ele se perde completamente.

Quer um dado interessante e sintomático? Desde que voltou à Seleção, após o fiasco da Copa de 2014, o Brasil só venceu, em jogos oficiais, Peru e Venezuela. Só. 

O lado positivo, apesar do frangaço do goleiro brasileiro, é que, sem os volantes que não marcam, a defesa, sem David Luiz, portou-se bem. O lado negativo? O técnico é o Dunga. 

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