sexta-feira, 1 de julho de 2016

Futebol feio. E daí?

PREDADOR Renato Sanches marca seu primeiro
gol com a camisa de Portugal (Getty Images)
Portugal não tem a menor obrigação de jogar bonito. Nunca teve. Sequer tem essa identidade. Com Fernando Santos no comando, raramente fez partidas vistosas, mas quase sempre foi um time que se mostrou forte na sua proposta de jogo: marcar e atacar em velocidade, com poucos passes, sempre em progressão; caso perca a bola, fecha-se rapidamente. Isso garante ao time tomar poucos gols, o que normalmente acontece.

Isto posto, tenho visto e lido muita gente que nunca reservou uma tarde do seu tempo para ver uma partida de quem quer que seja no time luso, exceção feita a Cristiano Ronaldo e mais alguns nomes conhecidos, para maldizer. Quem é Cédric? Renato Sanches? Adrien Silva? João o quê? Ah, Mário. Não, não conheço.

Leia também:
A assustadora pobreza portuguesa


O inusitado mostra-se na campanha do primeiro semifinalista da Eurocopa (pela quarta vez nas últimas cinco edições): chegar a esta fase sem vencer uma partida sequer. O "se" não joga, mas se Ronaldo tivesse convertido o pênalti contra a Islândia, se os chutes do húngaro Dzsudzsak não desviassem tanto e se o alemão que apitou hoje tivesse marcado os dois que aconteceram ontem contra a Polônia, seriam, provavelmente, três vitórias em cinco partidas, mas o futebol feio seria o mesmo. Futebol feio, inclusive, que Tite fez o Corinthians jogar em 2012 e desta forma ganhou tudo (e com todos os méritos), mas ele é genial por isso (e é mesmo).

Não percebem, ou não querem perceber, que este mesmo time que joga esse futebolzinho mequetrefe teve que reunir forças para se recuperar de placares adversos, e em partidas muito complicadas.

Então, senhores, devagar com o andor. Também não aprecio o estilo de jogo da equipe do Fernando Santos, mas e daí? Apreciei menos ainda ter perdido em 2004 em casa para a Grécia, que jogava um futebol mais feio ainda que este português.

A história mostra que Portugal não será campeão. Pode chegar às finais, e jogar, possivelmente, contra Itália, França ou Alemanha, que são países que normalmente nos vencem. Pelo tamanho da Selecção das Quinas, o título é muito mais do que podemos almejar. Pelo tamanho do nosso sonho, ser campeão é só o início do que queremos para nós. Prefiro sonhar.
_________________________________________________

Em tempo: o Pepe é um zagueiro espetacular (quando está com a cabeça no lugar). Joga mais que o capitão que chora.

Sem comentários: