sábado, 20 de agosto de 2016

O ouro e a humanização de Neymar

O MUNDO NAS COSTAS DE NEYMAR Neymar se reinventou
durante a competição e foi o grande nome do Brasil na
conquista do inédito ouro olímpico (Reuters)
 
Finalmente o Brasil fechou a coleção de títulos possíveis do futebol mundial. Sob o comando de Neymar, sim senhor, o time amarelo não amarelou e colocou a medalha dourada no peito pela primeira vez.

Como toda a Seleção, o camisa 10 começou o certame apagado, quando mais apareceu ao se negar a dar o entrevista para a qual estava escalado após o pífio empate sem gols contra o Iraque, na segunda rodada. Mesmo sem falar, falou mais do que se tivesse falado.

No entanto, o que parecia caminhar para mais uma campanha fracassada pós 7 a 1 entrou nos eixos a partir do momento em que o craque barcelonista também o fez. Grande destaque do time da terceira rodada em diante, quando passou a jogar para os companheiros e, ao descer do pedestal de craque inquestionável que julgava ser, cresceu como nunca. 

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Coube a ele o pênalti decisivo, depois do chute defendido pelo goleiro Wéverton, que chegou em cima da hora com o corte do titular Fernando Prass e foi o herói do imponderável. Com frieza, seriedade e calma, Neymar mandou no ângulo esquerdo do gol e, humano, caiu no choro. Caiu também a ficha da sua importância na retomada do futebol brasileiro, que certamente não acontecerá a partir dos cartolas.

Então que comece de dentro pra fora, como foi quando Dunga caiu. Ele dirigiria um time que foi preparado por Rogério Micale, em mais um erro clamoroso que seria cometido pela CBF, e só caiu pela falta de resultados, não pela pobreza assustadora do futebol que não apresentava em campo. Tite chegou e abriu mão do time olímpico. Neste momento o sonho da medalha de ouro passou a ser tangível.

Que o título, e aqui não faço juízo de valor sobre sua importância, não seja uma camada de maquiagem sobre o verdadeiro rosto do futebol brasileiro, que carrega uma expressão feia, cansada, ultrapassada. Que seja entendida a dificuldade para bater uma Alemanha muito organizada, no primeiro jogo em que teve ante de si um adversário realmente decente que o Brasil enfrentou. Uma Alemanha que veio apenas com um jogador da equipe principal, que desde o começo sabia o que queria e como queria.

E que Neymar tenha entendido que, sendo apenas mais um, pode ser o principal.      

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