domingo, 9 de junho de 2019

Os reis da Europa

VOLTE SEMPRE, PÁ! Contra a freguesa Holanda, Portugal é campeão
 novamente na Europa (Ivan Del Val/Global Imagens)
 


A Europa veste-se de verde e vermelho novamente! E com brilho, domínio e a classe que a excelente safra permite ter. Portugal, um campeão que soube sofrer em Saint-Denis, há quase dois anos, desta vez foi senhor do jogo contra uma Holanda em reconstrução, mas que já  havia deixado Alemanha e França para trás, na fase de grupos, e a perigosa Inglaterra, já nas semifinais.

Há muito tempo que Portugal não fazia uma partida tão boa. Se houve apenas Cristiano contra a Suíça, no gramado do Estádio do Dragão havia de vermelho um time inteiro, coeso, forte e dono do jogo. Fernando Santos abriu mão de um 4-4-2 sem maiores efeitos nas semifinais e colocou um time no 4-2-3-1, com Cristiano Ronaldo mais à frente, Gonçalo Guedes e Bernardo Silva buscando mais o jogo e dando espaço para Bruno Fernandes finalmente fazer um jogo à altura da temporada que teve pelo Sporting. 

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O primeiro tempo terminou com 12 finalizações portuguesas contra nenhuma da Holanda, que tinha a bola, mas não conseguia passar pelas duas barreiras armadas com as duplas William Carvalho/Danilo Pereira e José Fonte/Rúben Dias, muito em função de De Jong não ter espaço para fazer fluir o jogo holandês. Na única vez em que os de Koeman conseguiram concluir no gol, na cabeçada perigosa de Depay, Rui Patrício estava atento, como também estivera no quase gol contra de Rúben Dias. Fora isso, outro chute que passou muito perto do travessão. E mais nada. A essa altura, Portugal já vencia com um golaço de Gonçalo Guedes, completando excelente jogada de Bernardo Silva, o melhor em campo.

Quando Koeman tentou corrigir a falta de profundidade de seu time ao colocar o centroavante Luuk de Jong dentro da área portuguesa, Fernando Santos respondeu lançando Rafa Silva, que tocou o terror na excelente defesa holandesa, e João Moutinho, que terminou de controlar o jogo a ponto de William Carvalho se transformar no homem dos contragolpes (algo que precisa ser corrigido para as próximas jornadas).  

Finalmente, Fernando Santos mostrou ser capaz de armar um time que privilegie seus melhores jogadores, e Bernardo Silva fez sua melhor partida pela Equipa das Quinas, assim como Bruno Fernandes, a maior das dores de cabeça para Ronald Koeman. Não houve quem vestisse vermelho e saísse do gramado do Dragão sem ter brilhado intensamente. 

Não me importa se é a primeira Liga das Nações, se não sabemos se o torneio será relevante. O que conta para a história é que Portugal foi campeão outra vez, a primeira delas em casa. Quem perde é que desdenha, como a raposa e as uvas de Esopo. E de uvas, meus amigos, ninguém na Europa entende mais do que nós.

Obrigado, Portugal! Somos campeões outra vez!

Rui Patrício: na única bola que foi ao gol, fez uma defesa brilhante;
Nélson Semedo: não apoiou, mas engoliu Babel e quem mais aparecesse pelo seu setor;
José Fonte: um gigante em campo;
Rúben Dias: cada vez mais à vontade em campo com a camisa de Portugal. Partida simplesmente perfeita;
Raphael Guerreiro: jogou em seu melhor nível, o mesmo que apresentou na Eurocopa;
William Carvalho: é um dos três melhores volantes do mundo (
Rúben Neves: entrou só para gastar o tempo, já nos acréscimos);
Danilo Pereira: a quem quiser achar Wijnaldum e De Jong, é só procurar nos bolsos do volante do Porto; 
Bruno Fernandes: um monstro em campo. Parecia estar com a camisa do Sporting (João Moutinho: entrou quando era preciso ter o controle do jogo. A Holanda acabou a partir daí);
Bernardo Silva: finalmente fez por Portugal o que faz jogo sim, jogo também, pelo Manchester City;

Cristiano Ronaldo: sem Boulahrouz ou Payet para tirá-lo de campo à base da pancada, fez uma rara partida em que jogou demais e não fez gols;
Gonçalo Guedes: jogou com se estivesse com a camisa do Benfica por baixo da de Portugal. Entrou para a história como o herói improvável do gol do título, assim como fora Eder contra a França em 2016 (Rafa Silva: nos 18 minutos em que esteve em campo fez mais que todos os jogadores holandeses de linha juntos. Tocou o terror na afamada dupla De Ligt/Van Dijk).  

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