sexta-feira, 12 de novembro de 2021

O relativismo de Renato Portaluppi é um retrato do Brasil

Renato, um brasileiro (Divulgação/Grêmio)

Renato Portaluppi elogiou a arbitragem do jogo entre Flamengo e Bahia, vencido ontem pelos cariocas por 3 a 0, em que seu time foi muito beneficiado pelo apito ao ter um pênalti imaginário marcado a seu favor, quando o placar ainda apontava um nulo e este lance acabou condicionando o restante do jogo. Pior, neste caso, é que o soprador de apito ainda foi alertado pelo VAR e, mesmo assim, brigou com a imagem e se abraçou ao erro. 

Fazendo uma busca rápida e com o recorte nesta edição do Campeonato Brasileiro, é possível encontrar reclamações dele nos jogos contra Cuiabá, Athlético, Chapecoense e InternacionalVê-se que o mesmo Renato reclamou, não sem razão, quando se sentiu prejudicado em outros jogos - e de fato foi -, mas achou legal falar bem antes mesmo de ver o lance, como ele mesmo admitiu, e ainda se justificou citando o fato de que pênalti fora marcado em campo e revisado, o que, na sua visão estreitada pela possibilidade de ganho, ratificaria qualquer decisão, mesmo que equivocada. Renato é o retrato do Brasil.

Este comportamento mostra que ele não está preocupado com o nível da arbitragem, e sim que está preocupado em ganhar, mesmo que isso aconteça com a ajuda de quem tem o poder de mudar o resultado dentro das regras, que é a equipe de arbitragem. Renato, assim, perde completamente o direito de chiar quando for prejudicado.

O cenário é ainda mais agravado dentro do contexto do futebol brasileiro, no qual a cultura existente é a de induzir a arbitragem ao erro favorável. A reclamação pela reclamação nada mais é que um investimento visando ao ganho no lance seguinte. Reclama-se de tudo, simula-se a torto e a direito, joga-se a arbitragem, que já não é lá essas coisas, contra a torcida.

Profissionais como Renato Portaluppi não agregam em nada. A imprensa, e eu me incluo nisso, costuma passar o pano porque ele é um grande personagem e isso é inegável, mas não o coloca acima do bem e do mal. Renato, ao cabo, é só mais brasileiro que adora ser beneficiado e reclama mesmo quando não tem razão.

É o comportamento típico de quem não devolveria um troco eventualmente devolvido a mais, de quem torce por favores, por benesses,  mesmo que sejam à margem da lei e em todos os níveis, desde o cafezinho para o guarda à propina do fiscal.

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