quarta-feira, 13 de março de 2024

PORTUGUESA - a estupidez e a hipocrisia

Foto: x/Lusa_Oficial


*Texto originalmente publicado no NetLusa

Desde 2014 o Campeonato Paulista é disputado com a atual fórmula de disputa, variando somente o número de participantes – consequentemente de jogos por equipe – e de rebaixados. Em 2014 e 2015, eram 20 clubes divididos em quatro grupos e caiam quatro para a Série A2, ao passo que outros tantos faziam a travessia contrária. Em 2016, para chegar ao número de 16 clubes e enxugar a competição, seis foram degolados e somente dois subiram. Desde então, são quatro grupos com quatro times. Em comum, a estupidez de não haver confrontos diretos, pois não há jogos dentro da própria chave, mas os chamados clássicos entre os quatro filhos preferidos estão mantidos.

A fórmula possibilita que clubes com grandes campanhas sejam eliminados já na primeira fase e outros, com quantidades risíveis de pontos ganhos, se apurem. Tudo depende do grupo em que estiverem. E é assim desde que a distribuição por grupos foi definida. Nas 11 edições dessa forma, em nenhuma os oito melhores no geral se classificaram. Entre 2015 e 2020, Corinthians, Palmeiras, Santos e São Paulo avançaram juntos ao menos até as quartas de final. Já são, portanto, quatro anos seguidos sem que os quatro alcançam simultaneamente os jogos a eliminar.

No ano passado, o Ituano se classificou com 12 pontos e despachou o Corinthians na fase seguinte, e esta havia sido a menor pontuação de um classificado até a Portuguesa conquistar a vaga com incríveis dez pontos, ao passo que o São Bernardo, que fez 21, ficou de fora. Foi – e está sendo – um escândalo!

A fórmula é boa? Não, não é. E é assim porque existe uma limitação de datas e é preciso garantir os confrontos entre os quatro, mas daí a ser justa essa barulheira toda? Ora, bastava ler o regulamento para saber que poderia acontecer. Aliás, bastava ler os regulamentos há 11 anos.

É mais escandaloso que os quatro filhos mais bonitos aos olhos da FPF recebam 40 milhões de reais para participarem, cinco vezes mais que cada um dos outros 12, com exceção do Bragantino, que recebe uns caraminguás a mais. Ok, é preciso que os clubes prestigiem a competição, mas essa diferença é obscena, para dizer o mínimo.

Não há injustiça alguma na classificação com este número de pontos que, na temporada passada, quase foi insuficiente para evitar a queda. Como os dois rebaixados estavam no grupo da Portuguesa, ela perdeu uma boa chance de somar mais seis pontos. Tira-se os seis que o São Bernardo somou contra Ituano e Santo André e os repasse para Lusa, em um exercício tão simples quanto safado no qual o representante do ABC e a Lusa trocam de chave, e a pontuação rubro-verde será maior. 

É estúpido? Sim, mas mais parvoíce que isso é maldizer o regulamento somente agora, mesmo tendo dez anos para notar isso.

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